quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

UM ESTRANHO CASO DE VAMPIRISMO

Era uma noite quente de verão e ardia em meu intimo uma profunda inquietação. Sentia flertar com alguma loucura. Alguma absurda disposição do espirito me tentava com as promessas de um abismo.

Sai  á rua ardendo em febre. Meus pensamentos queimavam e guiavam meu corpo em direção a algum ato de puro delírio. Creio que naquele instante eu já não era quem era nas rotinas vazias de trabalho e sociedade.

Não me lembro dos detalhes. Apenas sei que eu simplesmente  estava nu sob aquela mulher vulgar de corpo escultural e maquiagem pesada. Também não tenho ideia de que lugar era aquele onde nos divertíamos. As paredes do quarto era vermelha e a cama redonda tinha lençóis e cobertas negras. Também havia quadros estranhos com figuras animalescas e bizarras em todas as paredes. Isso pouco me importava tamanho o prazer que me propiciava aquela foda exótica. Como sabia aquela rapariga mexer o corpo e saborear meu pau com a língua. Definitivamente jamais encontraria outra igual.

Alguma coisa dentro de mim tinha me conduzido a este evento que não sei direito como se materializou. Depois de mais de uma hora de pura e divertida orgia me deixei exausto e suado sob a cama enquanto minha apetitosa parceira tomava um merecido banho para tirar o suor. Depois daquilo sabia finalmente que a vida tinha um sentido. E ele era físico, concreto e ereto habitando entre minhas pernas como uma divindade.

Depois do banho ela se pôs ainda nua  diante de mim ao pé da cama e começou a falar. Não conseguia entender muita coisa do que dizia com sua voz rouca e sensual. Estava demasiadamente concentrado em seu perfume. Só sei que quando terminou de falar ela se aproximou de mim e se despediu com um beijo. Depois proferiu as seguintes palavras antes de piscar:
- Você não esquecerá jamais esta noite menino malvado. Mas ela tem um preço. Seu desejo será meu  para sempre. Como toda mulher, me alimento do desejo, do fato de ser cobiçada.
Aquilo para mim não fez o menor sentido naquele momento. Deixei ela ir e se quer me toquei de que não tinha lhe pedido o telefone. Mas se ela me encontrou, sabe-se lá como, certamente me encontraria novamente. Aquilo não terminaria ali. Foi o que pensei enquanto a via sair e me deixar sozinho naquele quarto.

Lembro de ter dormido um pouquinho. Mas quando acordei estava atrás da mesa de trabalho fazendo contas. Afinal eu era contador e vivia do numero dos outros. Sem pensar em nada cumpri minhas atividades e depois tomei o rumo de casa. Não conseguia parar de pensar naquela mulher misteriosa. Meu pau estava duro a horas. Mas sabia que nenhuma punheta iria abrandar aquele desejo.

Estava obcecado e não fazia a menor ideia de como ou onde encontrar aquela dona novamente.  Só sabia que precisava desesperadamente ir para cama com ela de novo e reprisar aquela hora maravilhosa que passamos juntos.
Foram dias intermináveis de agonia. No fim de semana não consegui sair de  casa. Estava nervoso, irritado. Acho mesmo que transtornado. Sai as ruas desesperado em busca da minha  apetitosa amiga.

De repente, lá estava eu novamente naquele quarto bizarro. Desta vez ela me beijava o corpo todo enquanto eu sofria calafrios de prazer. Foi então que ela fez uma pausa e me disse:
-Pois é meu querido. Você veio novamente até mim apesar de eu ter alertado o quanto isso seria fatal no seu caso. Agora não  posso fazer nada. Você simplesmente ira saber seu destino. Sei que não se lembra de nossa conversa. Mas agora você esta condenado a me querer para sempre e não viverá sem que eu lhe faça constantemente favores sexuais.

 Concordava com qualquer coisa que ela dizia. Fazia todas as suas vontades e mendigava todo tipo de atenção que ela podia me dispensar. Foi assim por quase um mês. Depois ela desapareceu para sempre. Eu sabia que terminaria assim. Apenas eu estava preocupado em ter prazer. Aquela mulher só queria o meu desejo. E agora ela o tinha de forma tão intensa que já não queria perder tempo comigo. Eu não era mais novidade e nem representava um desafio. Por isso ela me descartou.

Só me restou cortar os pulsos. Vejo o sangue esvaindo e me sinto cada vez mais cansado. Mas ofereço todo este sangue para aquela gostosa que me fez chegar a este ponto. Queria que ela o bebesse com  a mesma vontade que sugava meu esperma naquelas noites inesquecíveis.




TRANSGRESSÃO E ELITISMO

A transgressão dos costumes é um símbolo de independência moral e liberdade individual.

Não condeno os pervertidos que entre quatro paredes se entregam ardentemente ao jogo dos desregramentos. Mas a virtude do vicio, como todos sabem, é uma honra consagrada a poucos. Não se trata da mera mimese dos apetites bestiais reproduzida pelos brutos e bitolados. Trata-se aqui da aristocrata arte dos pervertidos que, antes de tudo, desconstrói a hipocrisia e falsidade da moral e das tradições inspiradas nas mentiras da religião.


A fina  transgressão é um privilégio dos hereges, dos que cultivam com zelo sua individualidade a ponto de se credenciarem acima do bem e do mal. 

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

ALÉM DO DISCURSO E DA VOZ

Entre o discurso e a voz
Eu existo em silencio,
Incomunicável e invisível aos meus contemporâneos.

Sou o único a saber realmente de mim.
Existo apenas na ausência dos outros,
No tedio de ser e ficar ali sem propósito
Observando o tempo passando.

Não tenho nada a dizer.
Pouco esclarecem o  mundo
Todos os saberes possíveis,
Religiões e intuições.
Aprendo mais com o silencio,
Com o nada das minhas imaginações.

Deixo aos outros a responsabilidade
De inventarem significados e propósitos
Para nossos atos  tropeçando na própria voz

E engasgando com longos discursos.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

DIANTE DO ABSURDO DOS FATOS

Tão ilegíveis foram os últimos fatos
Que duvido agora da realidade.

Há muito de absurdo na ordem,
No previsível dos acontecimentos.

Tudo é nonsense
E a razão anda meio embriagada
Vestida de autoridade e fantasiada de verdade.
Não me digam para acreditar em alguma coisa.

Não me peçam para parecer lucido,
Equilibrado e responsável.

Já não suporto as mentiras
Que sustentam nossos consensos
E desfilam no noticiário transvestidas de banalidade.


quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

O ABSURDO COMO SILÊNCIO

O silencio não é uma forma de vazio.
Mas uma impossibilidade de dizer,
de representar o mundo
ou, simplesmente, o limite 
de todo discurso possível.

Isso faz do não dito um horizonte ontológico.
Diante dele nos despimos do racional
e reconhecemos a fragilidade das palavras.

A vida não cabe em qualquer narrativa.
mas a transborda como experiencia,
como fenômeno e ato.


O silêncio é o ilegível e indomável
fato de existir com plena consciência
do absurdo que isso significa. 


sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

INDETERMINAÇÃO ONTOLÓGICA

O maior obstáculo ao sucesso são nossas inercias,
Nossas próprias certezas e hábitos.
Tudo que nos define nos limita
E nos faz escravos de qualquer identidade.

Entre tantas possibilidades e caminhos
Nos perdemos justamente quando nos encontramos.
E sofremos a escravidão de uma identidade qualquer.
Liberdade é ser indeterminado,
Pensar com o corpo
E sentir com o pensamento.
O profundo encanto do superficial de cada momento

É um privilégio dos loucos .

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

INDIFERENÇA ONÍRICA

Quero apenas dar de comer a alguns sonhos.
Deixa-los crescer sob o sol ralo de outono
Enquanto melancolias passeiam no jardim dos fundos.
Tamanho é meu tédio que não me importa o tempo,
O agora e os fatos.
Nada me desperta o mínimo interesse.  
Deixo-me inerte a sombra dos devaneios
E a margem das confusões do mundo.
Pouco me importa o destino da humanidade.

Tenho urgências de sonhos.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A PRISÃO DO CONHECIMENTO

O conhecimento pode ser uma prisão confortável quando tranquiliza nossa consciência com tranquilizadoras chaves epistemológicas para compreensão do mundo. Quanto mais explicável e domesticada a realidade, mais nos acomodamos a  verdade e  a certeza.

Assim nos tornamos escravos de algum tipo de fé e condenamos todas as posições contrarias as nossas caras convicções.  Aos poucos vamos nos convertendo em pessoas estreitas e conservadoras possuídas por um doentio sentimento de razão.


A verdade é um veneno ao qual muitos recorrem em busca de salvação.

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

NÃO SEJA COERENTE

Nunca me importei muito em ser coerente. Afinal, o que significa este negócio idiota de ser coerente? Seria corresponder a todas as expectativas das pessoas que te enxergam através de um rótulo? Ou, pior ainda, será seguir alguma cartilha moral, bancar o bitolado capaz de saber as coisas por uma única perspectiva?

Não faz qualquer sentido para mim viver de alguma identidade. Sou coerente apenas  com meus impulsos, com minhas contradições e caprichos.  Pouco me importo com o que esperam de mim. Muitas vezes seguir uma intuição pode ser decisivo.

Ser coerente, por outro lado,  é ser lógico e previsível. Por isso não passa  de uma grande burrice. Pois nos tira a liberdade de tomar decisões novas, fora do roteiro pré estabelecido por nossos referenciais de verdade.  Assim, desaprendemos o improviso, a inovação.

A incoerência representa muitas vezes um impulso saudável para a mudança e exame dos fatos e situações através de múltiplos pontos de vista.


PÓS CIVILIZAÇÃO


Sobras de cotidiano definem minhas rotinas.
Desabam sobre mim a ordem do mundo
E as gramaticas.
Dou gargalhadas sobre os escombros da realidade.
Bebo e danço velhos cantos niilistas.
Sei que a civilização é frágil e a imaginação selvagem.
Vivemos tempos de pós orgias
Onde todas as verdades foram prostituídas
Depois do estrupo da deusa razão
Pelos seus próprios discípulos.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

O ARTISTA

Embriagado pelo poder do gesto e se afogando no onírico, o artista é essencialmente corpo transmutado em intencionalidade.

A obra é seu labirinto, sua vertigem, na desesperada e inútil busca por uma cura contra a vida cotidiana.

O artista é uma persona que vestimos para ir além da banalidade do momento vívido.

Por isso todo ato artístico é uma estratégia de evasão através do lúdico.
Precisamos nos salvar de nós mesmos, ir além do humano.

DESATINO CONTEMPORÂNEO

Meu medo é de que o novo tenha finalmente se esgotado. Hoje, afinal, o futuro parece um presente estendido refletindo alguma imagem distorcida do passado. 

Nossas velhas certezas estão mortas e enterradas. Seguimos atônitos na contra mão de tudo, deixando cair pelo  caminho os clássicos.Aprendemos a pensar a contrapelo.Tudo que precisamos agora é de alguns goles de vinho e uma boa dose de imaginação.

O MUNDO NÃO FUNCIONA

Podia facilmente acreditar em qualquer bobagem.
Seguir de encontro ao lugar comum
Do pensamento inútil
Que a maioria serve de guia.

Seria mais fácil,
Mais confortável.
Não sei o que me impede...
Parece uma maldição fazer sempre
A pior escolha,
Complicar as coisas.

O mundo para mim
Sempre foi um brinquedo quebrado.



DESEJOS E ESCOLHAS

Tenho desejos pequenos e serenos,
Vontades bobas e cotidianas.
Mas elas são tantas e tamanhas
Que preencheriam um universo.
Por isso não sei direito o que quero
E não escolho o que esqueço.
Querer transcende a vontade.
A realidade sempre nos impõe escolhas.
Sonhamos, desejamos,
Mas não escolhemos nossas escolhas.
São todas  pré definidas assim como nossas vontades.
Viver é um artificio onde é duvidoso
Qualquer livre arbítrio.


FALSO MORALISMO

A moral não cria santos, mas inventa autoritarismos legitimando ações destrutivas e monstruosas contra a liberdade humana.


Em nome daquilo que em dado contexto foi afirmado como moralmente correto e certo, muito sangue inocente já foi derramado ao longo da história da humanidade. Por isso sempre precisamos ficar atentos contra os defensores da moral e dos bons costumes. Tudo que eles querem é exercer algum poder sobre nós através da hipócrita promessa de um bem maior. Assim transvestem seus interesses mais mesquinhos e egoístas em religiões e ideologias. 

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

PONTO CEGO

Chegamos a um ponto em que não somos mais responsáveis por nada daquilo em que acreditamos. Se quer vivemos o que dizemos e as ideologias só servem de convenientes mascaras para esconder a realidade.

Descartamos os fatos para viver de suas versões distorcidas, de nossos artifícios vazios de convenientes meias verdades. Mentiras são confortáveis alternativas as contradições e disfunções do dia a dia. Mantem nossas consciências tranquilas e felizes.

Melhor fazer de conta que temos soluções, acreditar no efetivo poder de nossas irresponsáveis afirmações racionalistas.
Vivemos tempos de crise das virtudes e descompasso das mentiras morais. A liberdade espanca a porta da cultura formal. Já não é mais possível permanecer passivo à mesa do jantar.


quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

DADAAADD

Não sou de opiniões.
Me oponho a todas as posições.
Elas conduzem apenas ao nada,
Ao barulho das ideias congestionadas.

Ninguém nunca bebeu a razão
Ou levou-a para a cama em qualquer madrugada fria.
Quem despojou esta dama de costumes fáceis
E tão decantada reputação?
“DADA é o letreiro da abstração”!
Abandonem suas roupas,
Rasguem dinheiro e comam um hot-dog.
Todos não passam de abortos que adoram umbigos.

Esqueçam a moral, 
O progresso e toda história da humanidade.

Diga alguma coisa e me faça rir.....

AS ILUSÕES DO ANIMAL HUMANO


São nossos limites que nos fazem sonhar com o infinito,
Apostar no ridículo delírio
De um mundo pleno de sentido.
Insanamente inventamos para tudo um significado.
Somos incapazes de suportar a elementar premissa
De que tudo que existe carece de qualquer propósito.
Somos animais estranhos que nunca se conformaram

A natureza.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

IRRACIONALIDADE E CONDIÇÃO HUMANA


Nunca pensei minha existência a partir de qualquer ideal racional ou como apêndice das representações  sociais  do gênero humano. Sempre tomei a simples  imediaticidade hedonista e sensualista como medida da minha condição de vivente. Isso porque considero que a vida não possui qualquer proposito, o que torna um pouco reducionista justapor minha persona social a espontaneidade dos atos e impressões ordinárias.

 Não somos um ego plenamente estruturado dando respostas ao mundo circundante a partir de uma consciência pragmática e racionalista. Pelo contrário, agimos na maior parte do tempo inspirados por impulsos, impressões, e de modo muito mais  descontínuo e espontâneo do que pensamos.  


De que outra forma explicar os tantos conflitos e impasses que povoam a vida privada dos indivíduos e dá o tom dos seus tantos  equívocos e conflitos  na vida pública? 

ENSINAMENTOS NIILISTAS

Nenhuma transcendência deve contaminar a imanência.
Hegel está morto e Marx ainda apodrece.
Sou o eu que nunca é exatamente a imagem no espelho do conhecimento.
Faço da unicidade inédita minha única propriedade.
Sei que a História não realiza a razão
E o niilismo é a única meta
Diante do triunfo final da inexistência.
Abandonem todas as ilusões,
Tomem um banho de mar
E esqueçam a busca  por qualquer solução.
Não sejam sensatos.
Em hipótese alguma ousem tamanha estupidez.
Contrariem sempre todas as expectativas

Que eventualmente dedicarem a vocês.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

AS PESSOAS SIMULAM A SI MESMAS

As pessoas simulam a si mesmas
Enquanto inventam a realidade
No hibrido da saúde e da loucura.
Não há mais certo e errado,
Apenas paradoxos,
Imprecisões e incertezas.
Não importa o prato do almoço de hoje.
O cardápio limita as opções
E provoca pequenas indigestões.
A razão provoca regressões
E anuncia novas barbáries..

As pessoas simulam a si mesmas....

CONSIDERAÇÕES IRRACIONALISTAS

É preciso enxergar além dos limites do racional o obvio e imediato caos que somos em atos e pensamentos. Ainda hoje, quando todas as certezas perambulam moribundas, ainda mantemos o mau gosto da racionalidade estreita e incapaz de se submeter a critica do espelho.

Somos a pior versão do melhor de nós. Ainda nos iludimos com a civilização e acreditamos que estamos seguros e caminhando a passos largos para o futuro. Mas quanto desprezo me desperta a humanidade... esta invenção fantasiosa que ainda permite a sobrevivência da espécie apesar de sua vocação ao desastre.

A cultura é o anti natural e o anormal através do qual nos arruinamos e nos inviabilizamos como bons animais. Agora nos resta replicar nossos delírios de razão e progresso pelo universo inteiro. Precisamos superar toda ideia de natureza, todo geocentrismo, teocentrismo e outros ismos que sustentaram e ainda sustentam o logus, a razão substantiva e a instrumental que nada mais valem no jogo ontológico de existir em meio acasos e paradoxos.



segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

NÃO CREIA EM NADA

Não creia em nada.
A fé apenas nos afasta da realidade
E nos embriaga com metafisicas,
Nos inventa esperanças contra o possível.
Ousa mesmo  inventar
Que somos capazes de vencer a morte.
Acreditar é mais fácil do que pensar
E obedecer é melhor do que questionar.
Para que duvidar se posso confiar?
A fé nos anula na exata medida em que nos tranquiliza.
Não creia em nada.


sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

REALISMO


Desconfio de pessoas bem intencionadas
E que falam em
nome de boas causas,
Bons valores e de um mundo melhor.

Ou elas se enganam ou tentam enganar,
Tirar proveito do nosso desespero.
Prefiro aceitar o caótico e o caos,
A falta de sentido
E todo tipo de absurdo que define o mundo.

Não sou hipócrita, ingênuo ou oportunista.
Sei o quanto não vale a pena a realidade
E não cultivo falsas esperanças utópicas.
Não existe céu e inferno,
O bem e o mal.

Apenas o  amoral e insignificante.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

O CAOS NOSSO DE CADA DIA

Viver em sociedade é cada vez mais uma questão de sobrevivência  e não de prosperidade ou felicidade. A sociedade é irracional, absurdamente inconstante na soma de nossas paixões. Há tanta coisa acontecendo a revelia do bom senso, que só podemos concluir pelo caráter aleatório e caprichoso do comportamento dos indivíduos dispersos a céu aberto sob a ilusão de humanidade.

Somos todos e não somos ninguém, culpando uns aos outros pelos erros e inercias que sustentam nosso medíocre cotidiano.


quarta-feira, 30 de novembro de 2016

FILOSOFIA PSICODÉLICA

Temia a possibilidade de mudar ao ponto de não mais me reconhecer no espelho.
Não era raro me sentir ausente de mim,
Estranhar meus gestos, minha voz e meu próprio pensamento.
Afinal, o que é essa coisa abstrata e inexplicável que chamam de identidade?
Até que ponto sou este eu que digo
Enquanto percebo com espanto
O tanto de coisa involuntária que me define
Em múltiplas realidades ontológicas?
Digam, se de fato existo tão concretamente quanto suponho?
Nada me parece, assim, tão definido.
Provei alterados estados de consciência...
Soube o fundo aberto de algumas fantasias
Que tinham mais realidade do que este dia,
Esta cadeira ou até mesmo você agora
Sentada na minha frente.
Há coisas que não podem ser ditas,
Que o pensamento não dá conta.
Elas nos levam ao limite

E ao maIs profundo da existência.

INACABAMENTO

Não me revelam a realidade, as estatísticas,
Os testes e resultados de pesquisa.
Números não medem a vida
E nem explicam o comportamento humano.
Escrevo a realidade em meus olhos
Com a escuridão do meu discurso.
Não quero,
Não pretendo,
Nada mais do que um ensaio inacabado
Sobre meu sentimento de mundo.


domingo, 27 de novembro de 2016

CONTRA CULTURA FILOSÓFICA


A cultura desnaturaliza o ser humano.
É sua degenerescência por excelência.
Aqueles que se conformam a cultura 
são reduzidos a condição de rebanho,
os que a transcendem, ao contrario,
superam os deuses.
`
É preciso ir sempre além, 
desvendar o abismo do mundo
ou sucumbir sob o peso de si mesmo.


Buscamos ferozes 
A transfiguração de todos os valores
contra o adestramento civilzacional.

sábado, 26 de novembro de 2016

VIVER É APENAS UM DELIRO QUALQUER

O mais essencial da experiência de viver não pode ser traduzido em palavras. Pois não faz sentido, não tem propósitos e muito menos realidade. É apenas vivência abstrata inventada pelo artifício da consciência. Somos iludidos pela memória e enganados pelo presente. 

Viver é uma especie de delírio convencionalmente aceito e ao qual durante milênios estamos tentando nos adaptar. Nisso se resume toda a História da Humanidade.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

INDETERMINADO INIMIGO MEU

Algo dentro de mim
Não se harmoniza comigo
E grita o oposto do que penso
Ferindo meus sentimentos.
Rouba de mim o reflexo no espelho
No aquém e além do desejo.
Esta coisa não se define,
Não se conforma.
È puro não ser.
Nega tão radicalmente
Que se quer se afirma
Como qualquer coisa que seja
Oscilando entre os opostos
Que ensinam o abismo

E os múltiplos que apontam as alturas.

SOBRE NOSSA HUMANA CONDIÇÃO IRRACIONAL



 Embora a racionalidade seja uma das codificações simbólicas definidoras da significação e representações que inspiram as práticas humanas, ela não representa de modo algum uma característica inata a nossa peculiar condição animal. Exemplo elementar disso é que não podemos explicar em termos causais porque determinado indivíduo, independente de qualquer circunstancia, tende para este ou aquele ponto de vista ou opção ideológica.

 As inclinações pessoais, tão evidentes no convívio social, possuem motivações irracionais. Assim como a soma de características diversas que resultam na personalidade de um dado individuo, elas  não podem ser explicadas exclusivamente pelo histórico biográfico ou educação deste indivíduo. Muito menos pela adesão racional a determinada visão de mundo ou ideologia.

Tomando emprestada, muito livremente, a diferenciação estabelecida por Freud entre civilização e cultura, diria que a ideia de racionalidade humana está em conflito com nossa natureza pulsional. A racionalidade não passa de uma voluntária renuncia do ego a experiência de seus impulsos mais naturais em favor da manutenção de uma persona que viabilize na vida em sociedade. Mas o artificialismo da razão não predomina o tempo todo e  muito menos  tem controle sobre nossos atos e intenções.  Não podemos ter a vida sob controle o tempo todo. Nossos desejos e impulsos  definem a incondicionalidade de nosso processo de subjetivação.

CENÁRIO

Nem todo cenário possível é acidentalmente fatal.
Não se embriague de certezas.
Nenhuma explicação é fundamental
Ou definitiva.
As coisas acontecem desacontecendo a gente.
Depois é mais interessante do que quando
E agora já é tarde demais.

O cenário já desmoronou....

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

SER, NÃO SER E SOFRER

A dor  interiorizada da consciência é definida pela inalienável incerteza  de nós mesmos. Somos seres inconstantes, escravos do pensamento, este bizarro artifício humano através do qual inventamos um mundo que pouco compreendemos.

Estar consciente é estar ciente de alguma coisa que se apresenta como algo diferente de nós mesmos. O que acaba sendo o mesmo que dizer que a própria interioridade não existe, pois só posso saber de mim através daquilo que não sou.

O eu da consciência é um não lugar psicológico, um modo de estar paradoxalmente fora do dentro de si mesmo. Por isso ter consciência é uma forma de sofrer, um alienar-se...


terça-feira, 22 de novembro de 2016

CONTRA A CIVILIZAÇÃO

Quantas vezes terei de dizer que não acredito na humanidade?
Não me importo com os valores da civilização ocidental,
Com o patrimônio cultural da humanidade
Ou com grandes os grandes tratados de Moral e Filosofia.
A condição humana é a sofisticação da barbárie e do caos
Tal como ditado pela mais  elementar natureza selvagem.
Toda cultura é como um cálice de veneno
Que degustamos diante do crepúsculo.
Buscamos nos aquecer diante da fogueira de nossas crenças,
Da ilusão do progresso e da redenção de nossas mazelas.
Mas somos apenas criaturas miseráveis inventando brinquedos

Para não ter que lidar com o absurdo dos fatos.

IMPERFEIÇÕES

Minhas imperfeições brilham no escuro.
Estão sempre em evidencia.
São elas que me definem
Nos pequenos feitos e grandes atos
De existência errante.
Através delas,
Levo as ultimas consequências
O pequeno problema humano
Que sou.
Preciso descobrir
O que me esclarece entre os outros

Antes que a morte me resolva.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A SUBVERSÃO DOS OBJETOS

Quando o sujeito
se torna predicado
e o predicado sujeito
suprimimos a ilusão do feito.

Todo ato é vazio.
Rasgue suas palavras e pensamentos.
Não se alimente de ilusões.
O  feito se fez
manipulando seu autor.
As coisas nos pensam
enquanto pensamos nas coisas.

domingo, 20 de novembro de 2016

CUIDADO COM SUAS CONVICÇÕES

Convicções dispensam o exercício do bom pensamento e oferecem tranquilidades as consciências fracas que se conservam crédulas e fechadas. Quanto mais universal for uma verdade ou certeza, mas era trará clareza e luz a realidade de quem lhe dá ouvidos. Mas não o fará por qualquer correspondência com os fatos, mas pela ofuscação e autoritarismo de sua pretensão a validade absoluta.
Convicções são as maiores inimigas de uma consciência saudável...

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A SOCIEDADE COMO ESPETRO OPRESSOR

A sociedade  se tornou uma especie de opressão pelo coletivo. Não somos mais parte de um mundo comum e compartilhado, mas escravos de rotinas mecânicas e personas que contrariam nossos impulsos mais elementares. 

Em contra partida perdemos o caro refúgio oitocentista de uma esfera privada destinada a pratica da subjetividade e do tédio. Pelo contrário, já não sabemos em nossas personas os limites entre o  público e o privado e nos tornamos cada vez mais frágeis enquanto indivíduos. 

Ainda não fomos surpreendidos pela  aventura da individuação ... ainda habitamos um mundo sem que ele habite em nós.


domingo, 13 de novembro de 2016

ESTAVAMOS TODOS ERRADOS

Uma avalanche de fatos
soterrou o mundo.
somos todos sobreviventes
gritando sobre as ruinas da História.
Esqueçam definitivamente o futuro.
Precisamos, apenas,
urgentemente reinventar o agora,
respirar o dia
contra o próprio tempo.
todas as respostas anteriores
estavam erradas...

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

PENSO QUE EXISTO OU EXISTO?

Existir...
Existir...
Existir...
Existir...
Existir...
Existir é ser uma coisa entre as coisas através do corpo.
Existir é ter consciência da própria existência como coisa.
Por isso existo na medida em que penso que existo.
Existir é apenas um conceito...
Existo?...
Nunca saberei a resposta.
Pode ser que minha consciência seja tão real como um sonho.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

ENTRE O SER E O DIZER


Tudo que digo não resume o que penso,
Não diz o que sinto ou o que quero.
Toda comunicação é parcial,
Falamos para nos esconder
Na impossibilidade de dizer
Tudo que somos.

Apenas os loucos ousam tentar,
Pois já se perderam de si mesmo
E dos outros.
Apenas os loucos gozam

De algum tipo de sinceridade.

NONSENSE


A existência pelo avesso
Me parece melhor
Do que vestida de ordem.

É melhor correr contra a verdade
Do que andar na companhia de certezas.

Vamos fazer do abismo
Um céu aberto e claro.
Não tenham medo
Do que não tem sentido.