O bom senso dos loucos ainda salvará o mundo da razão dos tolos. Afinal, o absurdo da ordem nunca será mais forte do que a criatividade do caos. Nisso reside toda nossa esperança.
Este blog tem por objetivo a critica a razão moderna tal como configurada pela Iluminismo e pelas revoluções industrial e francesa. Ocupa-se, portanto, das tendências culturais e estéticas ditas “irracionalistas”, representadas pelo Romantismo, pelo Simbolismo, Decadentismo, pela filosofia de Nietzsche e Schopenhauer e, posteriormente, pelas vanguardas estéticas européias da segunda dezena do século XX e finalmente o HEAVY METAL...
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
ELOGIO A CORVADIA
O medo do medo é uma forma de coragem que nasce do medo.
Através dele conheço a ousadia do desespero,
Superando o medo através do medo
Sem nunca abandonar o medo.
O ESSENCIAL DA LIBERDADE
A liberdade é minha única vocação.
Estou condenado a inventar a mim mesmo contra toda tradição, reinventando-me contra qualquer conclusão.
Sou livre ao buscar liberdade sem a possibilidade de conquista-la.
Sou livre na medida em que a liberdade é minha forma própria de ser e de não ser.
Sou livre onde a liberdade me falta.
DIZERES LOUCOS
Há
dizeres que escutamos como uma canção.
Pequenos
versos e frases simples,
com
larga superfície e texturas,
que
nos agradam os olhos e sensibilidades.
Não
falo de frases feitas e previsíveis,
muito
menos de lugares comuns
ou
versos melódicos e transparentes.
Sei
dizeres quase sem sentido,
desconcertantes
e provocantes,
que
nos inspiram pensamentos outros,
sentimentos
e valores dissidentes.
Adjetivos
multiplicam-se a margem da frase,
povoam
notas de rodapé, anotações marginais,
a
um texto jamais escrito.
segunda-feira, 23 de dezembro de 2019
O SER HUMANO É ALGO QUE INOJA
A forma homem nos estraga a natureza. Nada é mais deprimente e asqueroso do que o ridículo da condição humana...
Escravo de seus deuses, de suas impessoais grandezas existenciais, o homem é aquele estranho animal que reduz a natureza a um objeto, a um instrumento de auto afirmação.
O Homem é algo que inoja.
DO ABSURDO HUMANO
Do
sumo do absurdo nascem as formulações humanas,
as
ilusões de mundo e realidade,
como
um grande delírio coletivo da espécie.
Tudo
em nós é a aberrância de um misto
entre
natureza e mito,
entre
impessoais grandezas psíquicas
e
intensidades materiais em caótico fluxo de experiências.
Perparsa
cada um de nós uma condição coletiva de ser,
um
modo abstrato e impessoal de criar e fazer realidade
enquanto
corpos e geografias enfeitadas por linguagens,
signos
e símbolos de imaginações desejantes.
sexta-feira, 20 de dezembro de 2019
VIDA DE ARTISTA
Feliz aquele que vive de pão e arte,
Que não se submete ao poder
E se embriaga de caos e mundo.
Feliz aquele que sente,
Que tem grande apetite,
Que cria, se inventa,
Embriagado de tanta realidade
Que despreza a miséria de qualquer verdade.
Feliz aquele que dança o tempo
Indiferente aos limites
De sua própria existência.
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
VIRTUALIDADE
Não
serei refém de passados
ou
prisioneiro do agora.
Tudo
em mim estar por vir.
Agora
mesmo aconteço
em
algum futuro perdido.
Mesmo
que ausente de tudo.
Afinal,
Qualquer vivente porta virtualidades,
sabe
ser quando já quase não existe,
transcendendo
toda identidade
na
potência de seu vir a ser.
Um
outro me espera a frente
para
terminar minha história
e
continuar futuros que jamais serão.
sábado, 14 de dezembro de 2019
A MISÉRIA DA CIVILIZAÇÃO
Da voz ao logos,
Do animal ao homem...
Assim nos inventamos contra a natureza,
Nos tornamos escravos da razão
Através dos deuses.
Produzimos a política,
A religião, a polícia e o Estado
Até sucumbirmos a prisão da história.
Somos socialmente destrutivos,
Um vírus que contaminou o planeta
Adivinhando o universo
Através das estrelas.
sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
A IGNORANCIA COMO CONHECIMENTO
A ignorância é uma bússola em meio ao caos de todo conhecimento possível e inatingível a qualquer consciência.
Saber qualquer coisa é sempre dialogar com o desconhecido.
Não há conclusão ou meta no plano do conhecimento. Apenas uma busca impossível em meio às ilusões de momento.
quinta-feira, 12 de dezembro de 2019
NOSTALGIA DE PRÉ ESCOLA
Tenho saudades daquela vida antiga.
Da existência que se perdeu de mim
Quando comecei a estudar,
A compreender o mundo
E pensar como os outros.
Como me faz falta a ignorância
Dos primeiros anos da infância
Quando eu era feliz
Contra o saber dos fatos
E indiferente a razão dominante.
A imaginação, o eu e o corpo
Eram uma só processo
No indeterminado sentimento
De simplesmente existir.
Tudo tinha alma, gosto
E singularidade.
Nada precisava fazer sentido
Dentro de alguma ilusão de verdade.
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
LIBERDADE NIILISTA
Nada desperta em minha consciência qualquer sentimento de respeito ou devoção. Tudo que é humano me é estranho.
Sou feito de naturezas e ventos que espalham o diverso aos quatro cantos de uma terra redonda.
Não reconheço nenhuma autoridade,
Identidade ou princípio.
Sou livre até de mim mesmo.
domingo, 8 de dezembro de 2019
SONHADORES
Os sonhadores abominam a felicidade, pois sabem rasgar entre os dentes a realidade, e esculpir a vida com os olhos fechados.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2019
POEMA QUASE SATÍRICO
Gosto
das algazarras dos ditos risonhos,
das
bravatas, piadas, ironias e deboches
que
tanto agradam ao gosto popular.
Para
a multidão
Nada
merece demasiado respeito.
Nenhuma
verdade tem valor de sagrado
ou
é imune ao espirito zombeteiro.
Tudo
que é humano ou divino
é
ridículo.
Assim
gritam os cínicos e sátiros
através
dos tempos
contra
o amoralismo hipócrita das autoridades,
e
perversões da boa sociedade.
Um
riso barroco ainda alucina
num
jogo de luz e sombra
nossa
consciência contemporânea
na
contramão do bem e do mal
através das comédias de Plauto.
através das comédias de Plauto.
ELOGIO A LOUCURA
A loucura guarda um segredo insano
que desvela o mais intimo do humano.
que desvela o mais intimo do humano.
Ela habita nosso abismo,
esclarece nossos limites.
na intuição do caos que perpassa tudo que existe.
na intuição do caos que perpassa tudo que existe.
A loucura é o outro lado do infinito
Onde impera o paradoxo,
O indefinido e o simulacro.
quinta-feira, 28 de novembro de 2019
VIDA E IMAGINAÇÃO
É preciso sonhar no corpo das nuvens
Enquanto se explora o chão.
Parir mundos no mundo,
Afirmando a vida
Como um ato de imaginação.
Como um exercício de criação,
Desrazão e invenção.
Ou, simplesmente,
como algo que extrapola o humano
Nas desventuras da natureza,
Desvelando o acaso e o improvável
Como matéria prima da realidade
segunda-feira, 25 de novembro de 2019
PALAVRA DA SALVAÇÃO
A
palavra que encontra o corpo,
que
afeta e transforma,
é
lúdica e quente
como
a vida nova
que
ela acorda.
É
um desdizer da verdade,
uma
musica muda e sensual,
que
nos liberta de toda norma e moral.
Esta
palavra é um vazio,
uma
ausência que nos preenche de desejo,
que nos ensina a nudez da liberdade.
O FUNDO DA REALIDADE
O
fundo mais fundo da realidade,
escapa
a objetividade dos empiristas
e
ao materialismo dos tolos.
É
onde meu rosto derrete
e
minha voz
torna-se
eco.
É
onde o corpo
prova
o incerto
do
vento dentro d’agua
e
multidões escrevem meu corpo
a
metafisica fome de eras antigas.
O
fundo da realidade é o abismo
superficial
e claro
onde
toda experiência mergulha.
sábado, 23 de novembro de 2019
A ANTI MODERNIDADE DA POESIA ( ou o retorno do bardo)
Em um mundo onde a experiência humana foi confundida com a produção das coisas e a política dissociada da liberdade para converter -se em disciplina, a imaginação tornou-se abrigo para as mentes indomáveis e selvagens, adversárias de todos os poderes & autoridades.
Aquele que permanece marginal ao simulacro do progresso e do utilitarismo, da razão/prisão imposta pela história, torna-se por vocação um poeta, um habitante do mundo abstrato das letras tortas de livre linguagem.
A modernidade fez do poeta o rebelde insurgente, o maldito que a margem dos saberes e ciências, rearticula as antigas magias da embriaguez e da reinvenção dos corpos. Contra as técnicas e engenharias do mundo urbano, o poeta se perde na grande floresta, tal qual um novo Merlin, profetizando o passado contra o futuro.
MARGINAL
Não nasci para trabalhar,
Para consumir
E viver invisivel
Entre os poderes e prédios
Da grande cidade.
Não nasci para pagar contas,
Ser inteligente e submisso
Diante das opiniões prontas.
Meu ideal é ser marginal,
Incoerente e nocivo
Ao seu bem estar social.
PENSAMENTO LIVRE
Nenhum saber, poder ou verdade há de escravizar meu corpo estendido em consciência. Pois todo afeto que me move é inspirado pela liberdade,
Pela natureza de ser disperso entre as coisas.
Meu pensamento não cabe em fórmulas, não representa a tirania de qualquer esclarecimento.
sexta-feira, 22 de novembro de 2019
ALÉM DOS LIMITES DO DIZIVEL
Perceber os limites do dizível é surpreender-se preso a coisas que só existem como fato da imaginação.
O dizer que nos inventa nos desfaz no horizonte do possível. Somos escravos de nossas convicções.
Mas um impossível sempre nos espera do lado de fora do silêncio ameaçando nossos limites.
Há sempre um momento no qual as palavras enlouquecem e começamos incêndios ao amanhecer.
A SAÚDE DOS SÁBIOS
A
loucura é a erudição dos sábios
e
a desrazão o alimento dos sensatos.
A
riqueza de uma vida despida de valores,
do
crivo de qualquer moral,
Permite aos mais esclarecidos
preservar
a inocência de uma criança
e
a espontâneidade e vigor instintivo
de
qualquer animal.
Gozar de sabedoria e boa saúde
É viver em pleno acordo com o ilegível da natureza.
A loucura é a mola oculta da vida,
como sabia Erasmo.
A loucura é a mola oculta da vida,
como sabia Erasmo.
segunda-feira, 18 de novembro de 2019
MENINA LOUCA
Mas
isso não é uma confissão.
Não
passa de uma constatação inútil
e,
talvez, seja apenas uma conveniente ilusão.
O que sei
é que ser qualquer coisa,
prender-se a qualquer definição,
é que ser qualquer coisa,
prender-se a qualquer definição,
não é
uma solução.
cada um dos meus eus
porta sua própria opinião.
cada um dos meus eus
porta sua própria opinião.
Tudo
que, afinal, me define
não passa de uma quase ilegível confusão.
Estou sempre fugindo de mim mesma
através de mim...
Ser mulher não é coisa que não tem nome.
Estou sempre fugindo de mim mesma
através de mim...
Ser mulher não é coisa que não tem nome.
sexta-feira, 15 de novembro de 2019
SOBRE O PENSAMENTO
O pensamento não da conta da realidade, pois é governado pela imaginação, pelo desejo e a potência dos afetos que me transformam em algo indeterminado e em movimento.
O pensamento é impessoal, em grande parte irracional e amoral. Talvez ela seja algo da natureza do corpo que se opõe a ilusão da consciência diferenciada do eu como um complexo autônomo.
INDEFINIÇÃO DE LIBERDADE
Liberdade não é uma palavra.
Mas um modo de existência.
Uma ética
que é a própria vida em sua insistência.
Mas um modo de existência.
Uma ética
que é a própria vida em sua insistência.
A liberdade é a imaginação que nos inventa na inconstância das asas de uma borboleta
ou no fluir das águas em rio e devir.
ou no fluir das águas em rio e devir.
A liberdade pode ser um pássaro,
Mas nunca uma palavra.
terça-feira, 12 de novembro de 2019
O ANTI TEMPO DA INSURREIÇÃO
A
realidade danificada de todos os dias,
perpetuada
pelas inercias do mundo,
pode
colapsar em um segundo,
calar
no impreciso momento do intempestivo
que
apenas toca o tempo e o espaço
como
quase fato,
como
imprevisível relâmpago
do
imponderável.
quinta-feira, 7 de novembro de 2019
PRELÚDIO AO ALÉM DO HUMANO
Quando
não resta alternativa,
quando
nos surpreendemos privados de tudo,
nos
rendemos a violência da mais radical mudança.
Nenhuma
decisão racionalóide
resiste ao apelo de vida,
o
afeto,
a
vontade que nos transforma
em
potência viva,
em
uma força cega
que
nos renaturaliza
em
algo além do humano.
O
caos funda a arte da vida,
que inspira o devir da poesia.
que inspira o devir da poesia.
quarta-feira, 6 de novembro de 2019
BREVE HISTÓRIA DA CONSCIÊNCIA HUMANA
Eramos
envolvidos pela metafísica
de
imagens vivas.
Estávamos
contidos nelas.
Não
havia separação
entre
o dentro e o fora.
Eramos
um só com o mundo
na
composição da pluralidade das coisas.
Mas o “eu” rompeu a primitiva unidade
e
se fez um “nós” fora de toda natureza.
Desde
então, separados do mundo,
sofremos
os horrores da civilização
e
a miséria dos humanismos.
terça-feira, 5 de novembro de 2019
LINHA DE FUGA
Onde
existe fuga respira a esperança.
Escapar
é movimento para fora de si
no
avesso do mundo.
É transgressão biopoética,
desterritoriarização,
que
transcende a prisão das palavras
e
as gramáticas das interdições do corpo.
TRANSGRESSÃO
Espero dizer o indizível,
Gritar o impossível,
Trasfiguando a linguagem,
O compreensível.
Derrubarei todos os limites
Para chegar ao caos sereno
Do abismo do meu silêncio.
Quero saber o avesso do mundo,
O inumano em estado bruto do natural.
ANTES DA HUMANIDADE
O mundo era feliz antes da humanidade.
Existia indiferente a si mesmo
Entregue ao caos natural.
Nenhuma consciência maculava as coisas,
Que não eram coisas,
Na diversidade e vertigem
Sem sujeito ou objeto.
Não haviam valores,
Moral ou progresso.
A existência era demasiadamente simples.
Nada tinha rosto ou estava preso a um nome.
quinta-feira, 31 de outubro de 2019
PENSO MAS NÃO EXISTO
O mundo não cabe no pensamento.
Mas o pensamento inventa o mundo.
Tudo é imaginação,
Desejo, sonho e discurso.
A vida é uma obra de ficção
Onde nada é o que parece
E aquilo que é
Muda a cada segundo.
Muda a cada segundo.
Penso...
Mas não sou eu
Quem existe no pensamento
que nunca é idêntico a si mesmo,
transfigurado em discurso.
que nunca é idêntico a si mesmo,
transfigurado em discurso.
A DEMOCRACIA DAS LETRAS VIVAS
onde
as palavras
não são letradas,
Frequentam as praças
E circulam livres
não são letradas,
Frequentam as praças
E circulam livres
na
boca dos plebeus.
Onde
é quase possível
imaginar alguém
por
dentro
depois
de uma prosa,
E
o dizer é partilhado
como pão com manteiga
na avenida central.
Quero
existir onde todos são ouvintes
e
qualquer discurso é anônimo
no fluir dos signos e símbolos
que compõe a multidão.
no fluir dos signos e símbolos
que compõe a multidão.
DESVIO URGENTE
Na próxima curva do século.
Não há esperança dentro da ordem,
Nos
trilhos do progresso,
Que
nos conduz a um futuro deserto.
É
mais do que urgente qualquer desvio,
qualquer
desespero e sopro de liberdade
que tenha gosto de abismo.
que tenha gosto de abismo.
NOVO HEDONISMO
Busco
um envolvimento sensorial e corpóreo com a coisidade dos fenômenos. Sei que de
um modo intenso minha existência lhes pertence. Sou parte direta e indireta de
tudo que é manifesto. Pouco importa o tempo que me define provisório e incerto. Sou uma
coisa entre coisas, compondo e sendo composto pelas coisas. Tudo se relaciona na tessitura do real. Tudo em mim se reduz a cognitividade do corpo/palavra na reflexiva sensualidade da experiência.
domingo, 20 de outubro de 2019
A VIRTUDE DO DESESPERO
É preciso uma dose de desespero
Para conquistar a coragem do abismo.
É necessário livrar -se de tudo,
Negar a si mesmo,
Tão profundamente,
Que apenas exista o mundo
Em sua tenaz vertigem.
A percepção do caos profundo
É a mais autêntica inspiração
De qualquer ato de criação,
De afirmação da vida.
É a mais autêntica inspiração
De qualquer ato de criação,
De afirmação da vida.
quinta-feira, 17 de outubro de 2019
CIVILIZAÇÃO E FIM DO MUNDO
A
civilização naufraga,
submerge
em suas próprias quimeras,
enquanto
advogamos uma nova terra
na
recusa de todo platonismo.
Não
mais vislumbramos alturas,
buscamos o mais concreto do rés do chão,
a
imanência,
a
composição dos corpos,
e
o devir do desejo.
Não
temos rostos,
somos
singularidades múltiplas
entrando
e saindo de ambiências
e paisagens gramaticais.
Anunciamos a urgência do fim do mundo
e o advento do pós humano.
POEMA ALQUÍMICO
Há
virtude em frequentar o éter,
a
vertigem e a sombra,
saber
o caos primordial
que ronda a eternidade.
que ronda a eternidade.
Solve e coagula!
participe
da natureza
em
suas mutações infinitas
aprendendo a consistência
do
ritmo e velocidades
do
devir das coisas.
vida
e morte se nivelam.
Tudo
se comunica
e
nada é o que parece ser.
Busca
o arcano do feminino
desvelando
o masculino.
terça-feira, 15 de outubro de 2019
DEVIR NATURAL
Em nosso comportamento mais inconsciente sabemos a presença do arcaico, do primordial, que nos comunica o inumano.
Sabemos a fome, a passionalidade e a ansiedade de um viver primitivo imemorial.
Somos intensos animais apartados do devir natural. Mas em nós ele persiste nos subterrâneos de uma consciência domesticada pela razão, que nos inventa sujeitos, quando não passamos de uma multiplicidade de processos biológicos que transbordam a existência banal. Sob a casca do homem há o vivente que nos conforma a natureza.
quinta-feira, 10 de outubro de 2019
A SOMBRA DO ACONTECIMENTO
Há um acontecer clandestino
No dizer,
No sentir,
No pensar,
No morrer,
Que acorda um outro
Que não é ninguém,
Mas um quase,
Um talvez,
Que não se sabe,
Que não pode ser,
Mas persiste
E poderia de alguma forma
Mudar tudo
Através do efeito de acontecer.
No dizer,
No sentir,
No pensar,
No morrer,
Que acorda um outro
Que não é ninguém,
Mas um quase,
Um talvez,
Que não se sabe,
Que não pode ser,
Mas persiste
E poderia de alguma forma
Mudar tudo
Através do efeito de acontecer.
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
VIVER CRIANÇA
Inventaram infâncias
E roubaram de mim
Toda espontaneidade de um viver criança.
E roubaram de mim
Toda espontaneidade de um viver criança.
Fizeram de mim um adulto
Que não suporta o peso
Do próprio desejo
E a intensidade da imaginação.
Que não suporta o peso
Do próprio desejo
E a intensidade da imaginação.
Mas qualquer loucura acena na esquina
Oferecendo desatinos e um pouco de esperança
Contra este enorme sentimento de castração e normas.
.
Oferecendo desatinos e um pouco de esperança
Contra este enorme sentimento de castração e normas.
.
sexta-feira, 4 de outubro de 2019
A SABEDORIA DO ERRO
O
erro não é o contrário do certo,
Mas
uma ilusão do efeito de verdade.
É,
também, um estado de espírito,
Um
modo de ser incerto,
Transgressor
E
amante de paradoxos.
Criar
contra a norma
É
uma premissa de toda arte,
Uma
vocação para liberdade
E
para o infinito de possibilidades
Que
nos habita como potência.
Errar
é sonhar,
Transcender
o possível,
A
ditadura das escolhas prontas,
Na
intuição do indizível caos
Que
inventa o novo.
quarta-feira, 2 de outubro de 2019
O POEMA PERFEITO
O
poema perfeito jamais será escrito.
Será
vivido intensamente
No
colo da natureza.
Será
revelado quando estivermos todos despidos de certezas,
Limpos da hipocrisia humanista, da razão casta iluminista
E
de toda forma de autoritarismo, poder e dogmatismo.
Ele
será gritado nas ruas,
Uivado
nas madrugadas,
Dançado em todas as festas!
Será, definitivamente, indiferente a letra morta dos eruditos
e aos bancos frios das escola!
e aos bancos frios das escola!
Terá o ritmo louco de corpos
Freneticamente bailando ao sabor do vento.
Acordará a potência de nossos melhores desejos,
dos nossos mais intensos afetos.
O poema perfeito não será um poema,
mas a poesia viva de uma bailarina
a beira do abismo.
Acordará a potência de nossos melhores desejos,
dos nossos mais intensos afetos.
O poema perfeito não será um poema,
mas a poesia viva de uma bailarina
a beira do abismo.
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