quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

APOSTE NOS LOUCOS!

O bom senso dos loucos ainda salvará  o mundo da razão dos tolos. Afinal, o absurdo da ordem nunca será mais forte do que a criatividade do caos. Nisso reside toda nossa esperança. 

ELOGIO A CORVADIA

O medo do medo é  uma forma de coragem que nasce do medo.
Através dele conheço  a ousadia do desespero,
Superando o medo através do medo
Sem nunca abandonar o medo.

O ESSENCIAL DA LIBERDADE

A liberdade é  minha única vocação. 
Estou condenado a inventar a mim mesmo contra toda tradição, reinventando-me contra qualquer conclusão. 
Sou livre ao buscar liberdade sem a possibilidade de conquista-la.
Sou livre na medida em que a liberdade é  minha forma própria de ser e de não  ser.
Sou livre onde a liberdade me falta.


DIZERES LOUCOS


Há dizeres que escutamos como uma canção.
Pequenos versos e frases simples,
com larga superfície  e texturas,
que nos agradam os olhos e sensibilidades.

Não falo de frases feitas e previsíveis,
muito menos de lugares comuns
ou versos melódicos e transparentes.

Sei dizeres quase sem sentido,
desconcertantes e provocantes,
que nos inspiram pensamentos outros,
sentimentos e valores dissidentes.

Adjetivos multiplicam-se a margem da frase,
povoam notas de rodapé, anotações marginais,
a um texto jamais escrito.



segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

O SER HUMANO É ALGO QUE INOJA

A forma homem nos estraga a natureza.  Nada é  mais deprimente e asqueroso do que o ridículo da condição humana...

Escravo de seus deuses, de suas impessoais grandezas existenciais,  o homem é  aquele estranho animal que reduz a natureza a um objeto,  a um instrumento de auto afirmação. 

O Homem  é  algo que inoja.


DO ABSURDO HUMANO


Do sumo do absurdo nascem as formulações humanas,
as ilusões de mundo e realidade,
como um grande delírio coletivo da espécie.

Tudo em nós é a aberrância de um misto
entre natureza e mito,
entre impessoais grandezas psíquicas
e intensidades materiais em caótico fluxo de experiências.

Perparsa cada um de nós uma condição coletiva de ser,
um modo abstrato e impessoal de criar e fazer realidade
enquanto corpos e geografias enfeitadas por linguagens,
signos e símbolos de imaginações desejantes.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

VIDA DE ARTISTA




Feliz aquele que vive de pão  e arte,
Que não  se submete ao poder
E se embriaga de caos e mundo.

Feliz aquele que sente,
Que tem grande apetite,
Que cria, se inventa,
Embriagado de tanta realidade
Que despreza a miséria de qualquer verdade.

Feliz aquele que dança o tempo
Indiferente aos limites
De sua própria existência. 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

VIRTUALIDADE


Não serei refém de passados
ou prisioneiro do agora.
Tudo em mim estar por vir.

Agora mesmo aconteço
em algum futuro perdido.
Mesmo que ausente de tudo.

Afinal,
Qualquer  vivente porta virtualidades,
sabe ser quando já quase não existe,
transcendendo toda identidade
na potência de seu vir a ser.

Um outro me espera a frente
para terminar minha história
e continuar futuros que jamais serão.


sábado, 14 de dezembro de 2019

A MISÉRIA DA CIVILIZAÇÃO

Da voz ao logos, 
Do animal ao homem...
Assim nos inventamos contra a natureza, 
Nos tornamos escravos da  razão
Através dos deuses.

Produzimos a política, 
A religião, a polícia e o Estado
 Até sucumbirmos a prisão da história. 

Somos socialmente destrutivos,
Um vírus que contaminou o planeta
Adivinhando o universo
Através das estrelas. 



sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

A IGNORANCIA COMO CONHECIMENTO

A ignorância é uma bússola em meio ao caos de todo conhecimento possível e inatingível a qualquer consciência.

Saber qualquer coisa é  sempre dialogar com o desconhecido.
Não  há conclusão ou meta no plano do conhecimento. Apenas uma busca impossível em meio às ilusões de momento.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

NOSTALGIA DE PRÉ ESCOLA

Tenho saudades daquela vida antiga.
Da existência que se perdeu de mim
Quando comecei a estudar,
A compreender o mundo 
E pensar como os outros.

Como me faz falta a ignorância
Dos primeiros anos da infância 
Quando eu era feliz
Contra o saber dos fatos
E indiferente a razão dominante.

A imaginação,  o eu e o corpo
Eram uma só processo
No indeterminado sentimento
De simplesmente existir.

Tudo tinha alma, gosto
E singularidade.
Nada precisava fazer sentido
Dentro de alguma ilusão de verdade.

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

LIBERDADE NIILISTA

Nada desperta em minha consciência qualquer sentimento de respeito ou devoção.  Tudo que é  humano  me é  estranho. 

Sou feito de naturezas e ventos que espalham o diverso aos quatro cantos de uma terra redonda.

Não reconheço  nenhuma autoridade,
Identidade ou princípio.
Sou livre até  de mim mesmo.

domingo, 8 de dezembro de 2019

SONHADORES

Os sonhadores abominam a felicidade, pois sabem rasgar entre os dentes a realidade, e esculpir a vida com os olhos fechados.

Os sonhadores habitam futuros que nos escapam
E anunciam passados vindouros
Através de um presente desbotado.

Só  eles conhecem os segredos do tempo.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

POEMA QUASE SATÍRICO



Gosto das algazarras dos ditos risonhos,
das bravatas, piadas, ironias e deboches
que tanto agradam ao gosto popular.

Para a multidão
Nada merece demasiado respeito.
Nenhuma verdade tem valor de sagrado
ou é imune ao espirito zombeteiro.

Tudo que é humano ou divino
é ridículo.
Assim gritam os cínicos e  sátiros
através dos tempos
contra o amoralismo hipócrita das autoridades,
e perversões da boa sociedade.

Um riso barroco ainda alucina
num jogo de luz e sombra
nossa consciência contemporânea
na contramão do bem e do mal
através das comédias de Plauto.


ELOGIO A LOUCURA

A loucura guarda um segredo insano
que desvela o mais intimo do humano.

Ela habita nosso abismo,
esclarece nossos limites.
na intuição do caos que perpassa tudo que existe.

A loucura é  o outro lado do infinito
Onde impera o paradoxo,
O indefinido e o simulacro. 



quinta-feira, 28 de novembro de 2019

VIDA E IMAGINAÇÃO



É preciso sonhar no corpo das nuvens
Enquanto se explora o chão.
Parir mundos no mundo,
Afirmando a vida
Como um ato de imaginação.
Como um exercício de criação,
Desrazão e invenção.
Ou, simplesmente,
como algo que extrapola o humano
Nas desventuras da natureza,
Desvelando o acaso e o improvável
Como matéria prima da realidade
Acima de toda ilusão de certeza.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

PALAVRA DA SALVAÇÃO



A palavra que encontra o corpo,
que afeta e transforma,
é lúdica e quente
como a vida nova
que ela acorda.

É um desdizer da verdade,
uma musica muda e sensual,
que nos liberta de toda norma e moral.

Esta palavra é  um vazio,
uma ausência que nos preenche de desejo,
que nos ensina a nudez da liberdade.


O FUNDO DA REALIDADE


O fundo mais fundo da realidade,
escapa a objetividade dos empiristas
e ao materialismo dos tolos.
É onde meu rosto derrete
e minha voz
torna-se eco.
É onde o corpo
prova o incerto
do vento dentro d’agua
e multidões escrevem meu corpo
a metafisica fome de eras antigas.

O fundo da realidade é o abismo
superficial e claro
onde toda experiência mergulha.

sábado, 23 de novembro de 2019

A ANTI MODERNIDADE DA POESIA ( ou o retorno do bardo)



Em um mundo onde a experiência  humana foi confundida com a produção das coisas e a política dissociada da liberdade  para converter -se em disciplina, a imaginação tornou-se abrigo para as mentes indomáveis e selvagens, adversárias de todos os poderes & autoridades.

Aquele que permanece marginal ao simulacro do progresso e do utilitarismo, da razão/prisão imposta pela história,  torna-se por vocação  um poeta, um habitante do mundo abstrato das letras tortas de livre linguagem.

A modernidade fez do poeta o rebelde insurgente,  o maldito que a margem dos saberes e ciências,  rearticula as antigas magias  da embriaguez e da reinvenção  dos corpos. Contra as técnicas e engenharias do mundo urbano, o poeta se perde na grande floresta, tal qual um novo Merlin, profetizando o passado contra o futuro.

MARGINAL

Não nasci para trabalhar,
Para consumir
E viver invisivel
Entre os poderes e prédios
Da grande cidade.

Não nasci  para pagar contas,
Ser inteligente e submisso
Diante das opiniões prontas.

Meu ideal é  ser marginal,
Incoerente e nocivo 
Ao seu bem estar social.

PENSAMENTO LIVRE

Nenhum saber, poder ou verdade há de escravizar meu corpo estendido em consciência. Pois todo afeto que me move é  inspirado pela liberdade,
Pela natureza de ser disperso entre as coisas.

Meu pensamento não  cabe em fórmulas,  não representa a tirania de qualquer esclarecimento. 

sexta-feira, 22 de novembro de 2019

ALÉM DOS LIMITES DO DIZIVEL

Perceber os limites do dizível  é  surpreender-se  preso a coisas que só existem como fato da imaginação. 

O dizer que nos inventa nos desfaz no horizonte do possível. Somos escravos de nossas convicções. 

Mas  um impossível sempre nos espera do lado de fora do silêncio ameaçando nossos limites.

Há sempre um momento no qual as palavras enlouquecem e começamos incêndios ao amanhecer. 

A SAÚDE DOS SÁBIOS



A loucura é a erudição dos sábios
e a desrazão o alimento dos sensatos.

A riqueza de uma vida despida de valores,
do crivo de qualquer moral,
Permite aos mais esclarecidos
preservar a inocência de uma criança
e a espontâneidade e vigor instintivo
de qualquer animal.

Gozar de sabedoria e boa saúde 
É viver em pleno acordo com o ilegível da natureza.

A loucura é a mola oculta da vida,
como sabia Erasmo.

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

MENINA LOUCA



Sou muitas,
mesmo que única
através de cada um
dos meus eus.

Mas isso não é uma confissão.
Não passa de uma constatação inútil
e, talvez, seja apenas uma conveniente ilusão.


O que sei
é que ser qualquer coisa,
prender-se a qualquer definição,
não é uma solução.
cada um dos meus eus 
porta sua própria opinião.

Tudo que, afinal,  me define
não passa de uma quase ilegível confusão.

Estou sempre  fugindo de mim mesma
através de mim... 

Ser mulher não é coisa que não tem nome. 

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

SOBRE O PENSAMENTO

O pensamento não da conta da realidade, pois é  governado pela imaginação, pelo desejo e a potência dos afetos que me transformam em algo indeterminado e em movimento.

O pensamento é  impessoal, em grande parte irracional e amoral. Talvez ela seja algo da natureza do corpo que se opõe a ilusão  da consciência diferenciada do eu como um complexo autônomo.

INDEFINIÇÃO DE LIBERDADE



Liberdade não é uma palavra.
 Mas um modo de existência.
 Uma ética 
que é  a própria vida em sua insistência. 

A liberdade é a imaginação que nos inventa na inconstância das asas de uma borboleta 
ou no fluir das águas em rio e devir.

A liberdade pode ser  um pássaro, 
Mas nunca uma palavra.

terça-feira, 12 de novembro de 2019

O ANTI TEMPO DA INSURREIÇÃO


A realidade danificada de todos os dias,
perpetuada pelas inercias do mundo,
pode colapsar em um segundo,
calar no impreciso momento do intempestivo
que apenas toca o tempo e o espaço
como quase fato,
como imprevisível  relâmpago
do imponderável.

quinta-feira, 7 de novembro de 2019

PRELÚDIO AO ALÉM DO HUMANO



O desespero é o pai da esperança.
Quando não resta alternativa,
quando nos surpreendemos privados de tudo,
nos rendemos a violência da mais radical mudança.

Nenhuma decisão racionalóide
resiste ao apelo de vida,
o afeto,
a vontade que nos transforma
em potência viva,
em uma força cega
que nos renaturaliza
em algo além do humano.

O caos funda a arte da vida,
que inspira o devir da poesia.

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

BREVE HISTÓRIA DA CONSCIÊNCIA HUMANA



No inicio não existiam palavras.
Eramos envolvidos pela metafísica
de imagens vivas.
Estávamos contidos nelas.
Não havia separação
entre o dentro e o fora.
Eramos um só com o mundo
na composição da pluralidade das coisas.

Mas o “eu” rompeu a primitiva unidade
e se fez um “nós” fora de toda natureza.
Desde então, separados do mundo,
sofremos os horrores da civilização
e a miséria dos humanismos.  


terça-feira, 5 de novembro de 2019

LINHA DE FUGA



Onde existe fuga respira a esperança.
Escapar é movimento para fora de si
no avesso do mundo.

É transgressão biopoética,
desterritoriarização,
que transcende a prisão das palavras
e as gramáticas das interdições do corpo.

TRANSGRESSÃO

Espero dizer o indizível,
Gritar o impossível,
Trasfiguando a linguagem,
O compreensível.

Derrubarei todos os limites
Para chegar ao caos sereno
Do abismo do meu silêncio. 

Quero saber o avesso do mundo,
O inumano em estado bruto do natural.

ANTES DA HUMANIDADE


O mundo era feliz antes da humanidade.
Existia indiferente a si mesmo
Entregue ao caos natural.

Nenhuma consciência maculava  as coisas,
Que não  eram coisas, 
Na diversidade e vertigem 
Sem sujeito ou objeto.

Não  haviam valores, 
Moral ou progresso.

A existência era demasiadamente simples.
Nada tinha rosto ou estava preso a um nome.


quinta-feira, 31 de outubro de 2019

PENSO MAS NÃO EXISTO

O mundo não  cabe no pensamento.
Mas o pensamento inventa o mundo.

Tudo é  imaginação,
Desejo, sonho e discurso.

A vida é  uma obra de ficção
Onde nada é  o que parece
E aquilo que é
Muda  a cada segundo.

Penso...
Mas não  sou  eu
Quem existe no pensamento
que nunca é idêntico a si mesmo,
transfigurado em discurso.







A DEMOCRACIA DAS LETRAS VIVAS



Prefiro existir
onde as palavras
não são letradas,
Frequentam as praças
 circulam livres
na boca dos plebeus.

Onde é quase possível
imaginar alguém
por dentro
depois de uma  prosa,
E o dizer é partilhado
como pão com manteiga
na avenida central.

Quero existir onde todos são ouvintes
e qualquer discurso é anônimo
no fluir dos signos e símbolos
que compõe a multidão.



DESVIO URGENTE



Qualquer desvio me espera
Na próxima curva do século.

Não há esperança dentro da ordem,
Nos trilhos do progresso,
Que nos conduz a um futuro deserto.

É mais do que urgente qualquer desvio,
qualquer desespero e sopro de liberdade
que tenha gosto de abismo.




NOVO HEDONISMO


Busco um envolvimento sensorial e corpóreo com a coisidade dos fenômenos. Sei que de um modo intenso minha existência lhes pertence. Sou parte direta e indireta de tudo que é manifesto. Pouco importa o tempo que me define provisório e incerto. Sou uma coisa entre coisas, compondo e sendo composto pelas coisas.  Tudo se relaciona na tessitura do real.  Tudo em mim se reduz a cognitividade do corpo/palavra na reflexiva sensualidade da experiência.  


domingo, 20 de outubro de 2019

A VIRTUDE DO DESESPERO




É preciso uma dose de desespero
Para conquistar a coragem do abismo.
É necessário livrar -se de tudo,
Negar a si mesmo,
Tão profundamente,
Que apenas exista o mundo
Em sua tenaz vertigem.

A percepção do caos profundo
É  a mais autêntica inspiração
De qualquer ato de criação,
De afirmação da vida.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

CIVILIZAÇÃO E FIM DO MUNDO



A civilização naufraga,
submerge em suas próprias quimeras,
enquanto advogamos uma nova terra
na recusa de todo platonismo.

Não mais vislumbramos alturas,
buscamos o mais concreto do rés do chão,
a imanência,
a composição dos corpos,
e o devir do desejo.

Não temos rostos,
somos singularidades múltiplas
entrando e saindo de ambiências
e  paisagens gramaticais.
Anunciamos a urgência do fim do mundo
e o advento do pós humano.

POEMA ALQUÍMICO



Há virtude em frequentar o éter,
a vertigem e a sombra,
saber o caos primordial
que ronda a eternidade.

Solve e coagula!
participe da natureza
em suas mutações infinitas
aprendendo a consistência
do ritmo e velocidades
do devir das coisas.

vida e morte se nivelam.
Tudo se comunica
e nada é o que parece ser.
Busca o arcano do feminino
desvelando o masculino.


terça-feira, 15 de outubro de 2019

DEVIR NATURAL


Em nosso comportamento mais inconsciente sabemos a presença  do arcaico, do primordial, que nos comunica o inumano.


Sabemos a fome, a passionalidade e a ansiedade de um viver primitivo imemorial.

Somos intensos animais apartados do devir natural. Mas em nós  ele persiste nos subterrâneos  de uma consciência domesticada pela razão, que nos inventa sujeitos, quando não passamos de uma multiplicidade de processos biológicos que transbordam a existência banal. Sob a casca do homem há o vivente que nos conforma a natureza. 

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

A SOMBRA DO ACONTECIMENTO



Há um acontecer clandestino
No dizer,
No sentir,
No pensar,
No morrer,
Que acorda um outro
Que não  é ninguém,
Mas um quase,
Um talvez,
Que não se sabe,
Que não  pode ser,
Mas persiste
E poderia de alguma forma
Mudar tudo
Através do efeito de acontecer.

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

VIVER CRIANÇA


Inventaram infâncias
E roubaram de mim
Toda espontaneidade de um viver criança.

Fizeram de mim um adulto
Que não  suporta o peso
Do próprio desejo
E a intensidade da imaginação.

Mas qualquer loucura acena na esquina
Oferecendo desatinos e um pouco de esperança
Contra este enorme sentimento de castração e normas.

.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

A SABEDORIA DO ERRO


O erro não é o contrário do certo,
Mas uma ilusão do efeito de verdade.
É, também, um estado de espírito,
Um modo de ser incerto,
Transgressor
E amante de paradoxos.

Criar contra a norma
É uma premissa de toda arte,
Uma vocação para liberdade
E para o infinito de possibilidades
Que nos habita como potência.

Errar é sonhar,
Transcender o possível,
A ditadura das escolhas prontas,
Na intuição do indizível caos
Que inventa o novo.


quarta-feira, 2 de outubro de 2019

O POEMA PERFEITO



O poema perfeito jamais será escrito.
Será vivido intensamente
No colo da natureza.

Será revelado quando estivermos todos despidos de certezas,
Limpos da hipocrisia humanista, da razão casta iluminista
E de toda forma de autoritarismo, poder e dogmatismo.

Ele será gritado nas ruas,
Uivado nas madrugadas,
Dançado em todas as festas!

Será, definitivamente, indiferente a letra morta dos eruditos
e aos bancos frios das escola!

Terá o ritmo louco de corpos 
Freneticamente bailando ao sabor do vento.

Acordará a potência de nossos melhores desejos,
dos nossos mais intensos afetos.

O poema perfeito não será um poema,
mas a poesia viva de uma bailarina 
a beira do abismo.