sexta-feira, 25 de novembro de 2016

SOBRE NOSSA HUMANA CONDIÇÃO IRRACIONAL



 Embora a racionalidade seja uma das codificações simbólicas definidoras da significação e representações que inspiram as práticas humanas, ela não representa de modo algum uma característica inata a nossa peculiar condição animal. Exemplo elementar disso é que não podemos explicar em termos causais porque determinado indivíduo, independente de qualquer circunstancia, tende para este ou aquele ponto de vista ou opção ideológica.

 As inclinações pessoais, tão evidentes no convívio social, possuem motivações irracionais. Assim como a soma de características diversas que resultam na personalidade de um dado individuo, elas  não podem ser explicadas exclusivamente pelo histórico biográfico ou educação deste indivíduo. Muito menos pela adesão racional a determinada visão de mundo ou ideologia.

Tomando emprestada, muito livremente, a diferenciação estabelecida por Freud entre civilização e cultura, diria que a ideia de racionalidade humana está em conflito com nossa natureza pulsional. A racionalidade não passa de uma voluntária renuncia do ego a experiência de seus impulsos mais naturais em favor da manutenção de uma persona que viabilize na vida em sociedade. Mas o artificialismo da razão não predomina o tempo todo e  muito menos  tem controle sobre nossos atos e intenções.  Não podemos ter a vida sob controle o tempo todo. Nossos desejos e impulsos  definem a incondicionalidade de nosso processo de subjetivação.

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