terça-feira, 31 de março de 2009

SABEDORIA DO INFERNO

Semelhanças e diferenças são ilusões geradas pelas carcumidas regras morais de qualquer sociedade, são o lixo que atrai o rebanho...
Lembrando heracrito, não há nada que não tenda para o seu oposto no constante fluir de todas as coisas em uma mesma e diversa direção que a cada segundo é sempre outra...

GNOSE




A única regra do mundo
É o não ter regra alguma.

Viva cada momento
Imerso
No existir do teu intimo,
Intuindo universos
Em gotas de chuva.

Todas as coisas passam
Desconstruindo certezas
E desfazendo verdades
Na mágica escuridão
De noites em profundidade de sonho
A esclarecer os segredos do tempo
E do devaneio.

domingo, 29 de março de 2009

O PASSAR DO TEMPO

Escrevo-me em todas as coisas do dia apreendendo os fatos pelo avesso, desconstruindo sentidos e significados... Ate o limite de mim mesmo.
Sei que sou outro, que me faço outro e serei milhares de variações do meu próprio rostos espalhados pelo caos do tempo que passa.

sexta-feira, 27 de março de 2009

SALTO

No alem do imediato
Escapam-me futuros
Improvisados,
Incertos agoras
De precárias leituras da realidade.

Passam por mim
Imagens mortas de mundo,
Indiferentes imaginações
Em busca de sonhos
E possibilidades.

EU NÃO ACREDITO EM VC!

Inutilmente procuro saber o pouco da minha vida diante de mínima existência coletiva de aleijadas realidades e verdades semi-mortas. Surpreendo-me fazendo piruetas, caretas e improvisos no vento do pensamento apagando de mim as marcas indignas da sociedade....

TUDO O QUE TENHO A DIZER É QUE NÃO ACREDITO EM VOCÊ.....

domingo, 22 de março de 2009

INTROSPECÇÃO


Ao mundo ofereço
Um escarro,
Meu escárnio,
Para dizer meu asco,
Meu nojo,
Aos anônimos rostos
Que passam por mim
Em muda multidão.

Nada tenho a dizer
Aos outros,
A humanidade que se quer
Me conhece ou sabe
Na confusão da existência.

sábado, 21 de março de 2009

POEMA MÓRBIDO


Amo o estranho,
A anti-sociedade,
De arma em punho
Contra mortais morais,
Convenções sociais
E sustos de pensamento.

Amo quem não se encontra,
Que não tem lugar
E suspira a vida como
Uma alegoria de morte
E existência
Contra o mundo
Em testemunho de si mesmo...

quinta-feira, 19 de março de 2009

NOVALIS: FRAGMENTOS LOGOLÓGICOS ( fragmento)

Reproduzo aqui uma pequena passagem dos Fragmentos Logológicos, do poeta alemão Friedrich Leopold (1772-1801), mais conhecido como Novalis, um dos mais importantes vozes do romantismo alemão.
A passagem selecionada diz respeito à natureza da poesia e sua relação com a filosofia, o que na ótica romântica do poeta, passa por uma vago ideal de totalidade que paradoxalmente pressupõe o desenvolvimento pleno do individuo como aquele particular que realiza o universal. Evidentemente a poética do nosso tempo já a muito transcendeu tal ideal romantico...

“ A poesia eleva cada elemento isolado, por uma conexão particular, com o resto da unidade, do todo. E se a filosofia, por suas próprias leis, prepara inicialmente o mundo para receber a influência eficaz das idéias, então a poesia, de algum modo, é a chave da filosofia, seu sentido e seu objetivo; com efeito, é a poesia que cultiva a bela sociedade, esta família universal, este conforto universal.
Assim como a filosofia, tanto em sistema quanto em situação, revigoras as “forças” do individuo a partir das forças da humanidade e do universo, constituindo o todo como parte do indivíduo e o individuo como parte do todo- o mesmo faz a poesia com relação a tudo o que é da vida. O individuo vive no todo e o todo no individuo. Por meio da poesia realizam-se a colaboração e a simpatia mais elevadas, a mais intima união entre o temporal e o eterno.”
Novalis. Fragmentos Logológicos (excetos) Fragmentos preparados para novas compilações e notas de 1798, in Luiza Lobo Teorias Poéticas do Romantismo. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987, p. 80

domingo, 15 de março de 2009

NOTA SOBRE O ROMANTISMO

Foi o romantismo quem iniciou a moderna narrativa epistolar, seja através de Goethe ou Rousseau, estabelecendo a narrativa em primeira pessoa do singular, dando voz as angustias e incertezas de um eu dividido vislumbrando as contradições de um mundo em aleatório e frenético movimento e incessante transformação.
Há algo de vertigem no romantismo que recorre ao fragmento e ao ensaio como forma privilegiada de expressão de uma subjetividade descentralizada, na mesma medida em que eleva o poeta a condição de demiurgo de mundos imaginativos, de portador de uma intuição de totalidade na aventura de uma nova mitologia.
O escritor romântico é acima de tudo um vidente... e seu avatar é Merlin, o filho do diabo...

sábado, 14 de março de 2009

FRAGMENTOS INESQUECÍVEIS DE SALVADOR DALI IV


SOBRE COMO TORNAR-SE ERÓTICO PERMANECENDO CASTRO


“Aos vinte anos sou um homem de desejos, que saboreia os prazeres, todos os prazeres dos sentidos e do espírito, com uma volúpia refinada, de entendido, e cujo gozo olímpico obedece a um código hiperlúcido de disciplina longamente amadurecido. Meu olhar, minha inteligência e meu pau são os meios mais deleitáveis do meu prazer, e sua combinação quase infinita produz variações que vão da escatologia ao exibicionismo, do devaneio a masturbação ( um não excluindo a outra); como a confirmação pelo ato permanece a coisa mais desinteressante, a não ser como voyeur, e olhe lá..., acontece que o fracasso, a recusa , o acidente que impedem a execução, me trazem mais alegria que o êxito. Trata-se, na verdade, de permanecer castro tornando-se erótico. Umas formula que exige um grande controle de si próprio. Numa palavra, o controle da atitude paranóico-critica. Os fatos falam por si mesmos.”

(Salvador Dali. As Confissões Inconfessáveis de Salvador Dali; texto apresentado por André Parinaud/trtadução de Flávio e Fanny Moreira da Costa; revista por Heloisa Fortes de Oliveira. RJ: Livraria Jose Olympio, 1976, p.55)

sexta-feira, 13 de março de 2009

COTIDIANO

No imediatismo do dia a dia, conciliamos internamente milhares de vozes em procissão de contrastes de consciência fenomenológica em meio ao impreciso mosaico de seus conteúdos dispersos e vivos...
Nunca exploramos os pormenores da existência, nunca transcendemos o próprio rosto na mais profunda experiência de individuação e sombra de tudo aquilo que somos em “caos desorganizado”.
A vaidade é a perversidade da vaidade doentia que busca auto afirmação e micro poderes no exercício de suas auto ilusões...

quarta-feira, 11 de março de 2009

NO PRINCIPIO E NO FIM: O ANIMAL

Em nossas representações das coisas humanas, tendemos a estabelecer um divórcio entre inteligência e emoção, entre conhecimento e paixão derivado da falsa dicotomia objetividade/subjetividade. Costumamos nos esquecer que não passamos de sofisticados animais feitos a imagem e semelhança da natureza incriada.
Somos ANIMAIS HUMANOS...

segunda-feira, 9 de março de 2009

RUBRA BOEMIA

O amanhã
É um dia que nunca chega
Na reedição grotesca
De um eterno ontem.

Vivo das ansiedades
E cômicas
Certezas
De fim de tarde
Perdendo-me
Nas realizações de noites
Quase imaginadas de tanta realidade.

Saber qualquer coisa
É um modo de
Inocentemente abandonar-me
Em um canto de luz vermelha
Na escuridão do mundo
Na dourada luz de um copo
De cerveja....

PESADELO LÓGICO


Existe um hiato entre as palavras e as coisas que preenchemos com a imaginação criadora; um buraco entre a expectativa de realidade e a realidade como fenômeno sensível, onde o vazio como um sono diurno.
Pode-se dizer que toda realidade que não é percebida ou experimentada transforma-se em uma variável da imaginação e toda imaginação, por sua vez, é uma reinvenção rebelde da realidade conhecida.. Logo, pouco há mais no pensar humano do que imaginações... Pois os homens inventam a realidade na mesma medida em que são inventados por ela.

terça-feira, 3 de março de 2009

ROGERIO SKYLAB E O NIILISMO ...


Uma das mais radicais e profundas expressões do universo marginal da arte em paisagens tupiniquins é Rogério Skylab e seu intimo teatro de niilismo quase absoluto.
DEBAIXO DAS RODAS DE UM AUTOMÓVEL, seu livro de poesias, é um testemunho único de individualidade, de afirmação pseudocompactuada de um indivíduo contra o mundo e, ao mesmo tempo, dentro dele...
No fundo, tudo é um exercio de cobrir espaços em branco na fantasia de sociedades....
Deixo aqui um poema do citado autor como testemunho e expressão do pseudo- sentido deste Blog...


CLICHÊS

“Não quero vos dizer coisa alguma.
Nada, que valha a pena dizer,
Tem a importância do silêncio
- meu único companheiro.

Os seres humanos têm belas idéias.
Que as guardem para si.
Não faço a menor questão de ouvi-las.
Prefiro a elas os clichês.

Com eles vou cobrindo o espaço em, branco.
Como se construísse um castelo de areia.
Um vento mais forte o desmorona.

E tudo fica como antes.
Viver entre clichês é assim:
Sem futuro e tão instante.”

segunda-feira, 2 de março de 2009

THE OLD MAN


Guarda teu rosto do mundo,
Não o perca na cega multidão
Que contamina as ruas.
Tudo o que te define
É o não lugar das palavras
Organizadas em pensamento.
Cultiva em teu coração
O VAZIO,
O riso das coisas sérias,
Na arte de não seguir
Por qualquer caminho já conhecido.

domingo, 1 de março de 2009

NOTA SOBRE A IMAGINAÇÃO COTIDIANA

Os olhos definem um espaço imaginado de sensações em ininterruptos estímulos ópticos. Através deles a natureza encontra-se com o sonho configurando nossa fantasia de mundo...

Cada pergunta me conduz na resposta a outras duas. A verdade, afinal, é uma ilusão que inventamos pela mera insegurança frente à fenomenologia da existência ou a imaginação que nos sustenta nela.