segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

NÃO IDENTIDADE

Não sei como me sinto...
Ignoro meu rosto,
Palavras,
Indagações.

Sou minha auto cegueira
Em margens de mundo
E pensamentos.

Sou um nada
Contra o vazio da palavra cotidiana,
Contra o absurdo do mundo...

sábado, 24 de janeiro de 2009

ARTE, IMAGINAÇÃO E INDIVIDUO


O mundo é um conjunto de visões e imagens personificadas por palavras. É através da linguagem que construímos a realidade de cada dia. Mas a consciência das palavras parece transcender o ordinário do humano através da arte. Pois ela realiza em nós a plenitude da singularidade. Através dela nos tornamos plenamente indivíduos, transcendemos a cultura ordinária e convenções sociais em vislumbres de imaginações e de liberdade.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

LANDSCARE

Não sei o lugar
Do ato de olhar.
Pois a paisagem
Não cabe
Na arte de ver
E a própria visão
É um modo de imaginação,
Um exercício de distanciamentos
E silêncios
Com os quais preenchemos
Telas em branco
Em delírio e êxtase.

sábado, 17 de janeiro de 2009

PREGUIÇA

Entre o dia e o sono,
Deitado entre ócios,
Desmaio em preguiças
Sondando alem mundos
No caos do dia a dia.

Nada tenho a dizer,
Pouco quero fazer...

Apenas fico inerte,
Quase sem saber de mim,
Em estado pseudo- vegetativo
E intenso exercício de imaginações...

O mundo quase realmente existe...

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

PSEUDO VERDADE PESSOAL

Entre o caminho certo e errado
Descubro meu próprio caminho
Fazendo da vida
Uma imaginação de aventuras
Na ventura de cada dia.

Desprezo as hipocrisias e mentiras
Que sustentam muitos,
O mundo
E o além.

Vivo do meu presente
Em desmaios de razões abertas
E delírios de pensamentos.

Vivo intensamente
Cada sentimento....
Cada ato,
Cada busca
Pelo mais autêntico de mim mesmo.

Vivo apenas o hoje
em dionisiaca festa
e libertária desrazão...

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

SOBRE A PAPISA E O CRISTIANISMO...


Observo o segundo arcano do Tarô ( A papisa) vislumbrando o eterno feminino contra a partriacal e doente tradição cristã ocidental... Afinal, o cristianismo, esse bastardo filho do judaísmo, não passa de uma leitura unilateralmente masculina de mundo, um mistério entre pai e filho e viadagem de espírito santo que exclui o corpo, o desejo e a maravilha que é a mulher como realização perfeita de natureza e humanidade no irracional de tudo que há e existe...
O mais patético, é tal bizarro sistema de crença reivindicar o amor como principio, tendo por símbolo uma cruz, imagem sado- masoquista, e, por séculos, ter praticado a misoginia...

domingo, 11 de janeiro de 2009

HERESIA

Entre minhas mãos
Esmago
O sagrado coração,
Entre minhas mãos desfaço
Sua ridícula oração.

Entre tua fé e hipocrisias
Me faço
Alem do bem e do mal

MINIMO DELIRIO


Caí dentro de um buraco de mundo vivendo no corpo aberto a pós alma do pensamento...
Bate a porta dos olhos uma miragem, uma imagem de mundos ausentes buscando o espírito dos objetos e coisas que me sorriem no dia a dia em alegria gratuita.... em puro desejo...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A GENESE DA REBELDIA E DA PÓS IDENTIDADE


A vida cotidiana é demasiadamente complexa e em muitos sentidos cansativa. Cumprir nossos papeis sociais diariamente é um esforço que, significativamente, só é bem sucedido quando regularmente nos rendemos ao seu oposto, ao lúdico e irracional exercício de nós mesmos, seja na mesa de um bar, na cama de um motel ou no riso bobo e sem regras do dizer livre de porcarias entre verdadeiros amigos.
Nossos biográficos caminhos por regra acidentados pressupõem o desregramento e a evasão como premissa do esforço, permanente esboço, de ser. Isso é o mesmo que dizer que não somos inteiramente em nossas identidades e auto representações sociais. Muito da dinâmica da condição humana oculta-se em densas sombras onde não se escrevem as luzes da razão...

ANTI-SER

Estou aqui,
Estou ali,
Estou em parte alguma
Na absoluta certeza
De mim mesmo.
Afinal,
Eu penso
E logo existo
No mais puro delírio...

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

ALFRED JARRY E O AMOR ABSOLUTO


O Amor Absoluto de Alfred Jarry ( 1873-1907), um dos precursores do Surrealismo, é uma combinação perfeita entre mito e delírio e uma inspirada subversão da mitologia cristã. O monólogo é centrado no antagonismo entre a paixão pela mãe e o ódio ao pai da sua personagem, apenas identificada como Emanuel Deus, uma clara referencia ao folclórico Jesus Cristo.

Concluída em 1899, a obra ainda goza evidentemente de profunda atualidade pelo seu caráter herético em tempos de neo fundamentalismos religiosos. Mas também nos toca a mistura profundamente passional e intensa entre loucura  e criatividade que nos faz especular sobre o caráter doentio de nossa cultura patriarcal e a redenção do feminino como princípio ontológico divino.

Pode-se, entretanto, construir outras leituras deste complexo e bem estruturado texto a partir de suas referências a cultura Bretã ou ao fantasma de Freud certamente introduzido pelo dialogo indireto com as técnicas utilizadas por Charcort e Janet, precursores da psicanálise ou da psicologia profunda, correntes na época do autor ...


“... Emanuel Deus, pela porta entreaberta, observava, sob a lua que voara como um disco para o teto, longe da zarabatana do vidro da lamparina, a sua, já prevista, obra.

O Adão pudico de raposas- O Adão do século XX- unir ao seu corpo a metade amputada pelo Outro Deus...
O órgão independente segundo o espaço desde há alguns milhares de anos, o Ovário, era reabsorvido no Homem universal, único.
Emanuel Deus subiu com serenidade, realizada a assunção, ao céu de sua mansarda azul.”


( O Amor Absoluto. Alfred Jarry/ tradução e notas de Carlito Azevedo. RJ: Imago Ed, 1992, p. 73-74 )

SURREALISMO E CAOS...


Faz anos que me escondo
E me acuso
Do crime de fugir a vida.

Omissões, bom comportamento
E silêncios
Condenaram-me ao exílio de mim mesmo.

Talvez seja hora de loucuras,
De explodir lixeiras na via pública
E pintar a casa de vermelho
Depois de pichar os muros vizinhos.

Talvez seja hora
De perder o mundo
E descobrir em mim mesmo
A vastidão do sonho.