quarta-feira, 28 de junho de 2017

O CÉREBRO É O MOTOR DA HISTÓRIA

O cérebro humano é um organismo doentio, fundado, em seu funcionamento articulado com um sistema nervoso central que anima o corpo, a mecanismos que reduzem todo corpo a seu laborismo, a dinâmica elementar da busca compulsiva  de prazer e de recompensas.

O cérebro  é uma máquina perversa e sofisticada. Por isso nosso comportamento  tem por premissa o desejo mais tosco, que inspira, de modo abstrato, todas as ações e atos possíveis em nossa dita condição humana, em função deste primitivismo animal condicionado ao elementar binário prazer/desprazer. Mesmo que codificado através de representações culturais sofisticadas e de uma consciência abstrata e diferenciada,, no fundo, todas as nossas dinâmicas físicas e psicológicas,  se reduz a isso.


Toda produção humana no tempo e espaço é uma patética fantasia inspirada por uma busca alucinada pelo prazer orquestrada pelo cérebro.

A PALAVRA ARMADA

As palavras transbordam a realidade,
Desnaturalizam a existência
E despertam a imaginação,
A ousadia de inventar em si mesmo
Um outro mundo de sonhos e delírios.
Afinal, nada me prende a nada
E nenhuma razão me define.
Faça de uma palavra uma granada
E se proteja nas trincheiras da fantasia.
Derrubaremos todos os moinhos de vento

Antes que a noite termine..

CONSCIÊNCIA E EXISTÊNCIA

Nossa existência é um continuo ato de exteriorização, de acontecer em mundo. Não há uma fronteira fixa entre o dentro e o fora pois, através da consciência,  somos através das coisas. O eu é este ponto de encontro entre a minha singularidade e a multiplicidade da existência. Minha existência é um existir conjunto e não pode ser definida isoladamente. Mas só posso considerar e perceber o mundo a partir de mim mesmo.

Mas se o mundo me antecede e ultrapassa, qual o valor de minhas considerações pessoais? Pois são elas mesmas uma consideração do mundo e não de mim mesmo fora daquilo que me diz o mundo.


A loucura é o deslocamento de si mesmo ao  deslocar o mundo como realidade. Mas não é isso aquilo que buscamos através da construção de uma  imagem estética do mundo? Não serve a arte justamente para extrapolar a realidade?

segunda-feira, 26 de junho de 2017

PASSANDO O DIA

Passei o dia pensando estar longe,
Adivinhando qualquer outro lugar de mundo
Onde a vida pudesse ser mais divertida.
Seria alguma terra distante
Onde se respirasse alguns sonhos
E os pés dançassem sobre abismos
Como agora erra minha imaginação embriagada.
Passei o dia passeando aqui dentro,
Me desconhecendo no aqui e no agora.

UM PONTO PERDIDO NO MUNDO

Pareço comum aos olhos do mundo.
Apenas mais um ponto se deslocando na rua,
Entre tantos outros pontos,
Inventando qualquer trajetória.

Mas diferente de todos
Os outros pontos,
Sou aleatório.

Vou de uma parte
A qualquer outra parte

Como se não existisse o mundo.

VIVA O RELATIVISMO!

Desprezarei sem culpa
O que consideras importante
Tanto quanto não te culparei
Por detestar o que gosto.

A razão diz  a cada um
O valor de sua ilusão
De acordo  com as  aptidões.

Que cada um viva, portanto,  apaixonadamente,
Sua própria passionalidade,
Equívocos e parcialidades.
Somos todos vitimas de alguma ilusão.


PALAVRAS ABERTAS

Minhas  palavras  são  de final aberto,
Não ostentam teses ou conclusões,
São naufragas em  significados,
Quase não dizem qualquer coisa
aos nossos olhos famintos de símbolos.

Sua matéria é o não sentido,
O vago e abstrato encadeamento
Do dito e do ilegível.

Elas são o avesso da palavra final,
Dos robustos enunciados da razão.

Minhas palavras abertas dialogam com o nada
Enquanto são  lapidadas

Pelo  espanto do pensamento.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

SER E NÃO SER



A nervura verbal de nossa virtual inexistência define o pensar a morte como horizonte filosófico da vida. Ser e não ser são faces de uma mesma moeda de desvalor. Não há como afirmar uma grandeza sem também afirmar a outra. Por isso é o não sentido que nos define todas as significações possíveis. Todo valor da existência e seu dizer tem o status de um jogo, de lúdico. Apenas os ingênuos ainda guardam alguma pretensão a verdade ou ao sentido ultimo das coisas.

quarta-feira, 21 de junho de 2017

MUNDO E REPRESENTAÇÃO

Não há mais um texto mundo a ser descodificado, mas sim discursos sobre o mundo no qual ele é “inventado” enquanto enunciado ou representação. Mesmo estes enunciados já não se articulam com uma consciência do mundo ou com sua apropriação pelo ser humano que, cada vez mais, desloca a si mesmo do centro de suas formulações sobre o mundo e a vida. O discurso encontra em sua própria construção seu propósito mais franco.

No fundo, todo conhecimento humano possível não passa de um grande jogo entre imaginação e experiência.



terça-feira, 20 de junho de 2017

SOBRE O MITO DA RAZÃO III

O que caracteriza a condição humana é a capacidade de imaginação, de representar e codificar o mundo em imagens e símbolos. O mito é, portanto, enquanto expressão desta capacidade, o modo próprio do humano construir a realidade estabelecendo teleologias e abstrações.

Criar símbolos é produzir o real como linguagem. A própria racionalidade (ratio e logos), entendida como a habilidade para estabelecer proposito, finalidade, ou, simplesmente, sentido, mediante um encadeamento lógico de enunciados, é um ato de imaginação.

Todo aprendizado e conhecimento é, portanto, um exercício imaginativo.

SOBRE O MITO DA RAZÃO II

O mito não é uma narrativa fantástica das origens, mas imagem, arquetípico, que molda significados. Assim sendo, é precipitado seguir a tradição e impor um abismo entre a racionalidade e a mitologia. Afinal, o que é um conceito além de uma imagem gramatical que fecha o dado na prisão  de uma definição que não é mais do que um artificio, um ficção?


Nesta perspectiva não evoluímos do mito à razão, apenas o humano converteu-se na medida do mito, da significação do real enquanto construção verbal personificadora de um sentido que projeta na natureza uma nova cosmologia. 

domingo, 18 de junho de 2017

SOBRE O MITO DA RAZÃO

A razão é o mais radical de todos os mitos humanos. Pois é através da racionalidade que a consciência projeta na existência sua teleologia e inaugura a linguagem como artifício que inventa o mundo como experiência e representação. 

Nos convencemos de que a razão é um atributo da natureza, mas ela apenas existe como consciência cada vez mais diferenciada do corpo como princípio, meio e fim do nosso acontecer como espécie.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

ESTADO DE MULTIDÃO

Nossas ilusões de humanidade não resistem ao devir irracional da multidão. Somos muitos e somos ninguém. Nos abrigamos  em nossas palavras e nos nossos atos e gramáticas, tentando fugir ao grito. Mas o que é a humanidade além de um delírio do macaco nu? somos animais estranhos que se pretendem apartados da natureza. Somos, simplesmente, animais tristes. Através da multidão nos surpreendemos, entretanto, despidos da película da civilização e novamente mergulhados na natureza. 

VERBOLOGIA NIILISTA

Liberte suas palavras da prisão de qualquer certeza,
recuse a segurança da metafisica dos enunciados-verdade,
embriague-se deste instante,
com o vento, a paisagem e os silêncios 
de uma vida inteira.
Sorria aum desconhecido.
Deixe que suas frases não façam sentido.
Quanto menos somos compreendidos
 Mais somos livres.
Esteja apenas onde Ser
já não for possível.

quarta-feira, 14 de junho de 2017

O PODER DAS IDEOLOGIAS

A passionalidade não é uma qualidade, mas a expressão mais crua de nossa condição animal. Podemos domesticar a emoção através de codificações simbólicas, mas jamais supera-la como expressão de nossa condição animal humana.  A afetividade das convicções ideológicas dizem de modo torto o primado de eros  (princípio de ligação/atração)  de nossas certezas racionais....


Somos apenas macacos nus movidos pela vontade, dançando imaginações e orgias de pensamento.

segunda-feira, 12 de junho de 2017

SOMOS TODOS SONAMBULOS

Nada faz muito sentido.
O próprio significado das coisas é meio absurdo
Quando nos damos conta do quanto a existência
Não passa de um trabalho inútil.
Mas existimos, mesmo  que provisoriamente,
E seguimos o curso do mundo
Como sonâmbulos

Que buscam o próprio sonho.

FILOSOFIA DO TALVEZ

Apesar de toda a previsibilidade do cotidiano,  através das inercias de suas  rotinas, todos os dias somos inspirados pela fantasia do talvez. Apostamos sempre na mudança, mesmo quando nosso destino parece consumado.  O talvez sempre fala mais forte nas linhas tortas do irracional.


Acreditamos na ilusão do livre arbítrio confundindo liberdade com indeterminação e voluntarismo acrítico. Somos naturalmente insensatos em relação a vida. E, o pior, nos orgulhamos disso.

VIDA EM SOCIEDADE

Todas as sociedades humanas não passam de um delírio coletivamente organizado sob a desculpa da sobrevivência. No fundo apenas inventamos formas amenas e culturalmente sofisticadas de morte socialmente compartilhada.

Afinal, nenhuma sociedade é utópica, mas definida por idealizações imperfeitas e desfuncionalidades.  É sempre muito difícil saber os limites precisos entre a sanidade e a loucura. O certo e o errado é sempre uma questão de ponto de vista. Nossa única certeza é o desastre em doses homeopáticas e precisas.


quarta-feira, 7 de junho de 2017

O ABSURDO DA REALIDADE

A realidade não enaltece nossos egos.
Pelo contrário, os obriga ao auto engano,
A ilusão de sentido,
A mentira do espírito
E a desconsideração do corpo.
Ela não perdoa toda a nossa miséria,
Dissimulada animalidade
Pelos artifícios da cultura.
A intuição da realidade
É um privilégio dos loucos

E alucinados.

MATERIALIDADE E EXISTÊNCIA

Sou um corpo.
Tudo que faço é o resultado deste fato.
Tudo em mim é corpo.
Sou este provisório arranjo de moléculas
Que se percebe em mundo
Como organismo vivo
Que se ignora na compulsiva atividade
De existir.
Posso mesmo dizer que sou uma coisa,
Circunstancialmente animada.
Um corpo...
Comer, sentir, pensar

É meu modo de ser coisa.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

SOMOS NOSSOS PIORES ADVERSÁRIOS

Muitas vezes temos que agir contra nossos desejos. Não por que somos sábios, mas porque não estamos a  altura de nossa própria vontade.  Lhe negamos sacrifícios necessários e nos conformamos a circunstâncias que perpetuam inconvenientes  inercias.


A vida  sempre poderia ser mais divertida caso fossemos agraciados com a ousadia dos loucos e alucinados.  A prudência nos faz temer as consequências quando o verdadeiro desafio é supera-las.

BREVE AFIRMATIVA NIILISTA

Não acredito em boas palavras,
Bons tempos ou felicidades.
Nada espero dos outros,
Do mundo,
E não creio na eternidade.
Apenas confio no momento,
Na debilidade dos meus atos
E nesta constante incerteza

Sobre todas as coisas.

SEJA CONFORMISTA

É preciso agradar o senso comum,
Fazer como convém.
Vista-se bem,
Não fume
E tenha ideias positivas.
Nada de rebeldia,
Questionamentos radicais
Ou comportamentos destrutivos.
O mundo anda uma merda,
Mas sua vida não é o mundo.
Viva de faz de conta.

Não pense !