Foi o romantismo alemão e inglês
que, no plano cultural europeu,
primeiro propôs uma espécie de redenção da imagem do diabo no imaginário
ocidental, comparando-o a Prometeu. No
contexto mitológico cristão, a grande inspiração para esta “conversão” foi certa releitura do poema em prosa O paraíso Perdido de Milton ( bom lembrar que o autor protestante
foi um protagonista da revolução inglesa).
Não foi intenção do autor transformar Lúcifer em
um herói e personificação da liberdade do indivíduo, mas foi assim que sua obra
se fez contemporânea dos dilemas contemporâneos de nossa consciência coletiva,
onde o bem e o mal já não possuem lugar definido e não questionável.
Mas como se anuncia este poema
épico:
“ Do homem primeiro canta,
empiria musa,
A rebeldia – e o fruto, que,
vedado,
Que com seu mortal sabor nos
trouxe ao Mundo...”
É a própria aceitação de nossa
condição humana que permite a conversão de lúcifer na figura psicológica de
herói no contexto mitológico cristão, por isso nos são tão caros os
versos de liberdade que Nilton põe na boca de seu Lucifer:
“É melhor reinar no inferno
Do que servir no céu....”