terça-feira, 19 de julho de 2022

DOS PÉS SEM CAMINHOS



Meus pés, cobertos de terra e tempo,
São quase defuntos,
Livres da prisão dos sapatos, da alma e dos mundos.

Sabem, agora, inventar seus (des)caminhos
Sem sair do lugar,
Sem viver ou morrer,
Na necessidade de sempre mudar.

Pois  não há no planeta
Qualquer canto ou lugar 
Onde  reconheçam a inércia de um lar.


Por isso, eles nunca descansam.
Estão sempre sonhando caminhos,
Adivinhando mapas em precipícios,
Perdidos nas inercias de movimentos incertos.

Meus pés  criam caminhos
Onde germinam espantos.
Pois são movidos a sustos
E desesperanças
Nos labirintos de um só lugar.





domingo, 17 de julho de 2022

PARTE DE MIM


Repudio veementemente
 A precariedade, brutalidade,
E mansa insanidade,
De nossa cotidiana realidade.

Sei que  tudo é urgente e efêmero
No espírito deste tempo,
 Inspirado por antagonismos e verdades vadias.


Diante da realidade,
Parte de mim é ausência,
Desistência, recusa,
Morte e silêncio.
Uma parte de mim 
Que é impessoal  natureza 
Contra as artimanhas do eu e da sociedade.

Parte de mim sempre será ausênte.




 

domingo, 3 de julho de 2022

NOITES & BRUXARIAS

Há noites
Em que me embriago
De imaginações & delírios
Oferecendo o rosto
Em sacrifício
Para os deuses
Que habitam o abismo dos sonhos.

São noites em que meu corpo
Se reduz a pele
Que desconhece fronteira
Entre o dentro e o fora.

Noites de lua cheia
Onde tempos arcaicos
Ensinam o caos ao futuro,
E a escuridão irmana todas as formas
Em uma rede de estrelas
Da qual estamos todos ausentes.

Há noites em que desfeito em niilismo
Sou arrebatado pela intuição de Gaia
Na incerteza da vida e da morte.