sábado, 31 de outubro de 2015

A MISÉRIA DAS RAZÕES DE SOCIEDADE


Até hoje, todas as visões  da razão,
Da escolástica as revoluções científicas,
Não passaram de um delírio das consciências excitadas
Pelo vicio do significado.
Fomos educados para seguir propósitos.
Mas todos eles conduzem a nada.
O mundo seria melhor se as pessoas
Não fossem movidas por tantas certezas,
Se não vivêssemos de sociedades.

NOITE DAS BRUXAS

Eu amo as bruxas,
O desvio e o incerto
Que sussurram noites
Em meus ouvidos.

Sei que todos os caminhos
Conduzem a escuridão
E Prefiro a floresta à civilização.

O embriagado desassossego dos pensamentos
É minha mais intima inspiração.

Despido do fardo de toda cultura
Saberei a liberdade através das sombras,
Banhado de madrugada ,

Entre o delírio e os sonhos.

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O ILUSIONISTA

Eu deveria estar fazendo qualquer outra coisa. Mas perdi o dia estendido sobre a cama  submerso no inútil ofício de não pensar em nada.
Sei que lá fora muitas coisas estavam acontecendo. Mas eu não me importava. Não queria tomar partido, fazer parte de  coisa alguma. Me bastava ficar aqui, tropeçando em ideias soltas.
Era como se eu não existisse. Ou, simplesmente, mergulhasse em um extra existir pessoal que desconstruía tudo a minha volta. A realidade me parecia surpreendentemente frágil, tanto quanto minha consciência das coisas.
Sinto-me tragado para dentro do vazio, expelido de minha humanidade. O que é o pensamento afinal? Ele não tem natureza. Não existe em parte alguma. É como um fantasma que nos possui o corpo. O pensamento não existe, mas não consigo fugir dele, pois ele é minha própria consciência. Não passa de um sintoma do meu corpo vivo.
Mas eu me sentia agora enterrado em um mar invisível. Podia sentir fisicamente o turvo das águas, minha imobilidade  por estar engolido pela imensidão, pela incerteza que crescia em todas as direções. Posso quase por um instante provar o inexistente...
Olho o que não pode ser visto.
O que não esta em parte alguma.
É isso que os mais fracos cultuam:
O vazio... o incerto e incontrolável
De nossa condição de viventes.
È nisso que eles veem divindades
E tolices sobre o meta humano,
Sobre o mais que si mesmos.
Tenho pena deles
E rio dos medos que lhes inspiram.
Mas é comigo, apenas comigo, que estou preocupado. Os outros são apenas sombras que fechei do lado de fora. Mas como é possível me livrar dos outros? Minha consciência e pensamentos são os outros dentro de mim. Pois é através dos outros que aprendemos a pensar, a acreditar na realidade.  
Dias e noites já não são visíveis. Nem importa mais onde estou. Um anão manco joga xadrez com o tempo. Ele vai perder. Sabe disso. Mas não tem a escolha de perder o jogo. Enquanto pensa seus movimentos e cria suas estratégias ele tem certeza de si mesmo. Mas aquele jogo já acabou. Ele apenas não o percebe. Não há mais jogo, apesar das peças e do tabuleiro.
Eu preciso escapar da armadilha. Fugir do sentido das palavras, rasgar a frase antes que ela me engasgue. Mas não consigo... O que estou fazendo?
O abismo esta no meio de nós...
O vazio esta dentro de nós.
Riam do ridículo da vida.
Bebam o absurdo.
Pois ele é tudo que há.
Penso na tela O ILUSIONISTA de  Hieronymus Bosch... Somos presas fáceis da verdade, esta meretriz da realidade!  A estupidez humana toma como mágico e perfeito o duvidoso, aquilo que de tão claro não se pode entender.... A verdade é apenas um truque de mágica que perdura a milênios. Sou apenas  aquele que já não é. A imensidão humana me consome como uma gota de nada. Fico para trás, me desfaço a cada segundo, mas continuo jogando um jogo que não existe contra um adversário abstrato e impessoal. Não posso vencer o tempo, mas não é possível evita-lo.
As palavras escritas não tem som. Mas o som é a condição das palavras. Escrever é o paradoxo do silêncio e da solidão.  A violenta oscilação do sentido faz da deficiência uma virtude. Palavras só existem onde existem dois. Ninguém escreve para si mesmo, a menos que encontre o outro que mora dentro de si mesmo. Vamos nos perder em escaramuças.
Não há substância nas paredes do quarto. Estou aqui e em todas as partes. O mundo existe dentro de mim como um mosaico insano de situações, pessoas, lugares e coisas. O mundo é uma insanidade, algo que não cabe em meu pensamento.
O pensamento substitui o objeto da percepção, encobre o caos com a realidade. O absoluto da percepção nos levaria ao suicídio, por isso só podemos existir através da palavra. Mas ela não é tudo que somos.  Queria poder saber tudo aquilo que esta ocorrendo dentro do meu corpo agora. Entende-lo como um arranjo abstrato de moléculas em vários níveis de percepção.  Não existe nada daquilo que posso sentir e ver. Há uma dicotomia entre a identidade da percepção e a identidade do pensamento.
O  jogo das oposições é a premissa do pensamento, do perceber humano das coisas. Estamos expostos ao perigo, a angustia de existir e é contra ela que pensamos, que nos fazemos na ilusão do Si mesmo.
A angustia fóbica,
Os pesadelos dos sonhos da razão.
A angustia ontológica.
As margens do sentido me desfiguro
Através da febre das imaginações.
Uma simples  perturbatio animi me define agora sobre a cama em narcísico esforço de me parecer inteiro. Mas o mundo está em  frangalhos e eu me vejo perdido no tabuleiro de xadrez.

Um substrato incognoscível parece dizer o diário simulacro em que existo em tempos de pós realidade.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

REVOLTE-SE!

Sobre as sobras e ruínas das verdades eternas
escrevo a tempestade, o vento e o sentimento violento
de que a vida nunca viveu.
Talvez chegue finalmente o dia seguinte
e enterremos definitivamente  a infância de nossas ideias,
todos os absurdos da tradição.
Gritem desesperadamente o amanhã.
Mesmo que ele jamais aconteça.
Espanquem o dia de hoje,
cuspam em tudo aquilo
que hoje define a pouca realidade
de nossa existência.


terça-feira, 27 de outubro de 2015

TRAGÉDIA MATINAL


Esperando a hora,
esperando o agora
quando já é tarde demais
para sonhar,
para viver
e até respirar...

Esperando a hora,

morrendo de auroras....

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

MOLOCH (MOLOQUE)

Ofereça a Moloch os rebentos
dos teus pensamentos
para que puruifiquem o novo
dos antigos vícios  da tradição.

O velho deus cananeu
renasce nas fantasias de um amanhã despido
do peso de nossos passados.
Cronus ainda nos pede  sacrifícios,
nos rouba a infância e o futuro
frequentando-nos como o passado
que diariamente nos cobra

algum direito a eternidade.

sábado, 24 de outubro de 2015

DESUMANIZE-SE

Sei que posso realizar muitas coisas
Desde que ninguém me atrapalhe
Com a miséria da  humanidade.
É preciso se estar longe das pessoas,
Do mundo e de si mesmo
Para  dizer o insignificante  essencial
De um dia após outro
Em busca de qualquer coisa grande
Que nunca se realizará.
Só nos encontramos com a vida
Quando paramos de busca-la,
De nos realizar,
Como se fossemos movidos
Por qualquer propósito estúpido.

Tudo cheira mal....

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

UMA NOITE DE SEXO

Amansados pela noite
nos deitamos buscando
um no outro
na alegria de um coito.

Soube a alegria
de mais uma vez
estar entre suas pernas
provando o sabor de sua vagina,
sentindo o calor do seu desejo
se misturando o meu
até o delírio do gozo.
tanto esforço
por tão curto prazer de eternidade...
Pois que seja.
Faremos de novo
e de novo
até que o dia amanheça.


ESCOLHA A LOUCURA!

Sempre preferi a loucura
a esta podre realidade
que nos prende uns aos outros.
Que nos transforma em personas,
que nos arranca de casa
e nos conduz as vontades.
Sim. tenho inveja dos loucos
que se livraram do mundo
e ao seu intimo caos se entregaram.
Pois nada funciona a contento.
A realidade é um desastre.
Salvar-se pela loucura
pode não ser uma solução.
Mas de alguma forma

é um caminho. 

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

O FUTURO DA TRANSGRESSÃO E O FUTURO DA LIBERTINAGEM

A linguagem da transgressão encontra em cada época uma nova gramática. Mas enfrenta , sempre um mesmo inimigo, a inercia das tradições inspiradas na moral judaico cristã e todas as formas de concepção de mundo delas derivadas, principalmente as que definem o corpo como um tabu.

A audácia de pensamento e a busca pela liberdade inspiram os detratores da moral em sua cruzada contra a hipocrisia e os obscurantismos oriundos das inercias comportamentais que a tradição sustenta.

O escárnio, o burlesco, o destemperado, o excesso, o proibido e o maldito ganham cor nas imaginações e textos daqueles que transformam textos em granadas e a linguagem em crime.

O divino Marques de Sade permanece como  o mais ilustre dentre os que se voltaram contra as velhas certezas e cretinizações pseudo eternas. Mas falando aos temos de agora, é preciso reencontrar  e reinventar a literatura como escândalo e escarnio.


Afinal, a “boa sociedade” ainda merece ser insultada pelos rebentos da libertinagem esclarecida. 

FORA DA MULTIDÃO

Deixe de lado o dizer torto da multidão.
Não tenha opinião.
Seja apenas teu gesto,
desequilíbrio e questionamento intimo.

Entre teus quatro cantos há mais questões
do que na cidade inteira.

Viva teu rosto,
adentre o espelho
e explore
o avesso do mundo
que há lá dentro.

Seja, de todas as formas, aquilo

que já não pode ser. 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

ELOGIO AO EGOÍSMO

Não tenho tempo para me preocupar com o próximo.
Trato-o apenas como uma ameaça,
uma eventual perturbação das rotinas
das minhas tantas solidões vividas.
Não o considero, de forma alguma,
meu semelhante ou contemporâneo.
Somos estranhos um ao outro
e apenas nos igualamos na semelhança
dos desejos que cultivamos.
Entretanto,meus próprios  desejos
valem mais do que o gozo
pelo outro conquistado.
Ser humano é ser antes de tudo
um egoísta,
um desbravador do impossível
capaz de garantir a qualquer custo
o medíocre bem estar de si mesmo.


PROVOCAÇÃO SATÍRICA

Não faço concessões à frivolidade da cultura contemporânea,
as tradições, certezas, bons sentimentos
e otimismos de qualquer espécie.

Tenho compromisso, unicamente,
Com a transgressão e com o escarnio.
Cuspo em tudo aquilo que tomas
como sagrado.
Sou aquele que não te leva a sério,
que  ri do teu corpo, das tuas roupas
e te dirige blasfêmias.


Sou teu mais sincero oponente. 

DESENCANTADO DA VIDA

Nada era muito interessante.
A realidade já havia perdido o encanto.
Os dias se abriam e se fechavam
sem conclusões.
Só me restava inventar uma piada
na ausência de soluções
e apagar a luz da sala
chafurdando na escuridão.
Já não espero que nada aconteça.
Amanhã é feriado.
Nada precisa ser feito hoje.
Não esperem novidades.
Apenas apodreço um pouco
enquanto me esqueço
em um canto qualquer  da casa.


segunda-feira, 19 de outubro de 2015

INCERTEZA

Bons sonhos me arrancaram o sono
me jogando no ermo
de uma nova madrugada de insônia.
abraço meus pensamentos
e tento saber o vazio
que escurece o momento.
Lá fora a chuva acalma a paisagem.
mas aqui dentro não existe abrigo
contra os intemperes das incertezas
que me prometem o dia seguinte.

domingo, 18 de outubro de 2015

A PRECARIEDADE DE NOSSA CONDIÇÃO HUMANA

A existência exige que nos tornemos um pouco rudes no trato social por mera questão de sobrevivência. Se  o estado de natureza é um mito contratualista, pode-se dizer que a vida em sociedade nunca excluiu  o estado de natureza. No fundo as pessoas  apenas aprenderam a se comportar como bons selvagens e domesticar a barbárie que carregam dentro de si.
Não somos lá grande coisa. Talvez não passe a humanidade de uma animalidade mansa e sofisticada.


O desenvolvimento de uma consciência é o que nos define tanto para o bem quanto para o mal, se é que estes dois conceitos possuem alguma real validade entre nós. Afinal, o que há de mais natural entre as pessoas do que o desentendimento e a invenção de distancias ontológicas?

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

DESLOCANDO O TEMPO

Viver o  tolo e preguiçoso sentimento de provar cada momento naquilo que ele possui de aleatório,
Apenas sofrer o tempo sem grandes propósitos ou intenções,
Ficar por aqui sem fazer nada,
inerte em mim mesmo afogado em meus inacabamentos.

Isto é tudo do que me ocupo neste instante
Onde suspenso encontra-se o cotidiano,
as obrigações e aflições das pequenas tormentas
do acontecer da vida.

Sinto dentro de mim um misto de vários contextos de existência
enquanto o tempo escorre nas paredes
viscoso e indefinido. 

Degredado da realidade,  tento respirar infinitos
e me embriagar com o vazio sentimento
da intensidade abstrata de estar vivo.

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

CONTRA A HUMANIDADE

Não me venham com perguntas.
Hoje não quero ter respostas,
Recuso diálogos e vomito sofismas
Contra a sua tola busca pela verdade.
Despido do Ser,
Não busco a segurança de qualquer significado,
Não caio na armadilha da secularização das metafísicas
Que sempre abusaram do espírito crito e cientifico.
Eu ouso a liberdade do não sentido,
O espanto do caos
E o desabrigo do pensamento.
Eu ouso afirmar, acima de tudo,
Minha finitude
E a irrelevância da humanidade.
Eu desafio honestamente
Todos os valores estabelecidos.


CONTRA O MUNDO

Não importa o que você faça,
O mundo sempre vence no final.
Mas não podemos abdicar do direito
 De tentar  supera-lo,
Ir alem das circunstancias e inércias sociais.
Isso dá um certo gosto a vida.
Não importa o quanto você sacrifique
No esforço  de oposição ao imediatamente dado.
Aquilo que perdemos é sempre menor
Que a certeza de que vale a pena o risco
De viver segundo o arbítrio da própria consciência.
É fato que nada nunca acontece
Conforme ao esperado.
Então, apenas não se detenha.
Não se importe com nada.


terça-feira, 13 de outubro de 2015

O DESPERTAR DO IRRACIONAL

Desvãos e desrazões me assombram
Quando  sonho.
Quem disse que o juízo
É uma faculdade que nos faz humanos?
Dentro de mim há fantasias incandescentes,
Vontades selvagens e uma necessidade sem nome.
Não me basta o mundo,
Preciso de vastas tempestades
Que transfigurem todo o universo.
A ordem acontece apenas
Enquanto o caos dorme.
Vamos acorda-lo agora!
Vomitar todas as nossas urgências

De um tempo novo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

UM POUCO DE HEAVY METAL E ESPERANÇA

Concertos de rock pesado, uma boa bebedeira e uma madrugada na rua  em meio a alguns maltrapilhos. Aquilo sim dava algum otimismo contra o cotidiano. Mesmo que fosse como um delicioso pesadelo que acabaria melancolicamente ao amanhecer.

Era uma vida domesticada e sem grandes aventuras. Nada de que se orgulhar. Eu tinha muito pouco para me livrar do tédio e usava bem o pouco que tinha.
Depois do show ficava bebendo com algum dos meus raros amigos, conversando sobre os dilemas e contradições da vida social, sobre a falta de sentido da vida e o quanto nos sentíamos vivos.

O rock pesado me fazia sentir jovem de novo, era quase como voltar ao passado ou experimentar mais uma vez aquilo que me definiu e sempre me definirá enquanto viver.

Heavy Metal era sempre o melhor remédio. Você não encontrava muitas pessoas comuns nos shows. Cada uma dizia alguma coisa em seus trajes negros e cabelos longos e maltratados. Compartilhavam  comigo alguma coisa importante. Não precisava conhece-los para saber o quanto.
É claro que não era a mesma coisa de antigamente. Mas as pessoas se pareciam todas com os velhos amigos headbangers dos anos de juventude.


Então eu me dava conta de que, apesar de tudo, ainda queimava a chama de alguma esperança....

DISTOPIA E POESIA

A manhã estava suja de qualquer coisa.
Era apenas mais um dia
Correndo de encontro ao nada.
Escutava alguns discos antigos
E sonhava vidas virtualmente sabidas
Em meus degredos íntimos.
Rasguei sem medo algumas horas
Enquanto via o velho corvo
Desafiar o céu.
Não sonhe com coisa alguma.

Deixe o amanhã agonizando lá fora. 

A VIDA DOS OUTROS AS VEZES ME PARECE MELHOR

A vida parecia melhor para as outras pessoas. Pelo menos elas eram mais adaptadas ao mundo e viviam de realidades menos problemáticas e mais funcionais. Tinham uma casa, filhos, comiam e se vestiam com um mínimo de sofisticação. E, principalmente, não bebiam tanto para suportar a vida.  Entendam bem: eu não queria a vida delas. Não as invejo. Só queria que as coisas fossem um pouco mais fáceis as vezes. Mas é claro que nunca seriam.

Era nisso em que pensava enquanto lavava algumas peças de roupa pensando no quanto poderia estar fazendo algo mais interessante do que cumprir aquela  medíocre e ordinária obrigação cotidiana. Nunca tive paciência com a mais elementar rotina. Quem me conhece o sabe o quanto isto beira ao absurdo.

Não arrumo a casa, não como bem... Bebo demais. Não levo a vida que me disseram para levar ou querem que eu apresente por ai para reforçar a mentira coletiva de que vivemos em uma realidade em que as coisas dão certo.  Na verdade elas dão muito errado. Mas todo mundo administra isso com filmes e seriados.


As pessoas andam ficando cada vez mais vazias. De outra forma  viver não seria suportável para a maioria.

sábado, 10 de outubro de 2015

O REI DO INFERNO

Sei que minha existência é torta, desconfortável  e maldita na arte destilada de questionar e não me fazer entre os outros. Sei que nunca darei certo, que a vida é um espanto e que seus bons sentimentos são uma triste piada.Sei que as verdades são falsas, que o mundo é uma farsa e que é um grande desafio continuar vivendo. O mais importante é que rio disto tudo e acho a maioria dos seres humanos diferentes versões ridículas de um mesmo mesmismo de adequação aos fatos. Então  não me perturbem. Me deixem em paz em meio as ruínas do aqui e agora.

Isso é tudo que espero contra todo este caos que nos define  o mundo vivido e seus arcaísmos de valores da antiguidade e dos desastres medievais.


REINO NO INFERNO, NÃO SIRVO NO  TEU CÉU!

A HUMANIDADE CONTRA O SAGRADO

“Há pouco perscrutei teus olhos, ó vida! Vi reluzir ouro em teus olhos noturnos e essa voluptuosidade paralisou-me o coração.”
F. NIETZSCHE in ASSIM FALAVA ZARATUSTRA

No mito judaico cristão, é a “vontade de saber” quem constitui o pecado original. No relato de Gêneses, o grande crime é provar do “fruto proibido” do conhecimento do bem e do mal, do jogo das oposições.  Através da serpente Lúcifer compartilha com a humanidade sua queda, também motivada pela  vontade de saber acima de deus.

Clemente de Alexandria e, posteriormente,  Santo Agustinho, são os responsáveis pela interpretação sexualizada do mito. Mas em sua essência  o pecado original  é uma transgressão fundada na vontade de saber.

Nada mais essencial a nossa condição humana do que o conhecimento que nos é recusado nesta formula mitológica através da incondicional lealdade ao sagrado como um metafísico principio de escravidão.

Em poucas palavras, deus só existe onde nossa própria humanidade é questionada. Naturalmente, como Nietzsche, destino minhas palavras apenas aos espíritos livres.


A MISÉRIA DO CRISTIANISMO

O cristianismo advoga o maior crime possível ao ser humano: a renuncia do prazer e, consequentemente, de si mesmo. Trata-se de uma metafísica de interdições e mortificações. Insurgindo contra o mundo o cristianismo propõe  a pueril fantasia do além mundo sob a atrativa piada da vida eterna.

A prática judiciária que o cristianismo reivindica para si mesmo é o exercício permanente da recusa do tempo e da vontade, a degeneração da liberdade e de nossa condição humana através da imposição universal de um ideal estoico e platônico onde o devir deve ser aprisionado nas grades da eternidade.


Que profissão de fé poderia ser mais perversa?

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

PESSOAS COMUNS

Estava cercado de pessoas comuns. E isso era terrível. Pessoas comuns só sabem lidar com pessoas comuns e acham que todo mundo deve ser como elas. Qualquer sinal de independência e autonomia as irrita e incomoda.

Pessoas comuns são previsíveis e banais.  Vivem de verdades fáceis  e sempre querem o melhor para o mundo. Gostam de estar em bando e acreditam que a vida é boa.  Não é muito difícil reconhecê-las.

Gostam de boas roupas, boas comidas e contar vantagens. Geralmente conhecem solução para tudo e evitam assuntos indigestos.  Elas sempre tem algo de bom a dizer. Mesmo que seja absurdo.

Pessoas comuns sempre estarão dispostas a repreender o seu mau comportamento. Mesmo que o comportamento delas não seja dos melhores. Elas sempre estarão policiando você. Então siga o meu conselho: fique longe delas.


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

AFORISMA SOBRE A MISÉRIA HUMANA

Prefiro pensar que não foi a vida quem deu errado, mas que foram as pessoas que mão deram certo. Somos demasiadamente humanos nos labirintos das reflexões. Nunca atingimos o simples lugar comum de nós mesmos. Somos apenas animais imperfeitos melhores que cães e gatos, quando não são. Felizmente todos nós morremos, caso contrário, a humanidade seria mais que insuportável.

FILOSOFIA DE BANHEIRO

O banheiro é sempre o melhor lugar da casa. É onde você deixa toda a sujeira que o dia de deu, é onde você tenta conseguir um pouco de paz e se livrar do que não presta.
Gosto de ler no banheiro sentado no vaso e inventando novos significados para a palavra escatologia.  Vivemos em um mundo imundo e as vezes é difícil manter o banheiro limpo. Mas temos a obrigação de tentar., de manter alguma dignidade contra nós mesmos.

Não estou falando de banheiros públicos. Mas aquele que define sua casa. Este é o banheiro que importa...

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O MUDO HOJE QUASE NÃO EXISTE MAIS


As vezes me pergunto se o mundo existe mesmo ou é apenas um delírio que as pessoas inventam para lidar com as convenções coletivas de realidade e com a cotidiana socialização do absurdo , enquanto minhas rotas verdades são feitas de contra cultura.
Tudo que digo aqui é que a contramão me dói menos na invenção estranha de  me surpreender apenas eu entre o vazio dos outros.
Há algo muito estranho acontecendo através das pessoas e suas fantasias de mundo....


terça-feira, 6 de outubro de 2015

IGREJA

O padre dizia a missa
Naquele lenga lenga massivo
E sem sentido.
Os fieis acompanhavam tudo
Enquanto esqueciam de suas
Próprias e desgraçadas vidas.
Assim era todo domingo na igreja.
As pessoas brincavam de faz de conta
Para preencherem o vazio da existência
Através daquele sentimento de nada
Que consideravam divino.
Alguns se confortam com o impossível.
Não são suficientemente fortes

Para suportar a realidade e seus absurdos.

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

SOBRE O FUTURO DOS PORMENORES

As pessoas sempre possuem bons argumentos  para defender. Principalmente quando mentem. Talvez a realidade seja o crime perfeito... House e BUDRILLARD?! 

Para pensar... O diabo sempre está nos detalhes, como já sabia Sherlock Holmes...questione, investigue. Principalmente a si mesmo. Todo mundo é palco de um crime.


Pessoas sempre nos iludem com aquilo que dizem ser, pois nunca estão realmente disposta a aceitar suas limitações.

MENSAGEM MATINAL


Hoje pela manhã,
quando sair à rua
para mais um dia de rotina,
não se esqueça:
ESPANQUE SEM PIEDADE
QUALQUER PESSOA BEM VESTIDA
E SORRIDENTE
QUE LHE CRUZAR O CAMINHO!
não tenha pena.
Use toda a sua força,
sem piedade.
Diga não a todos os lugares comuns.
Ataque a boa sociedade.
Beba a revolta no café da manhã.
Seja inquietude e contestação.
Desobedeça!

Relembre os surrealistas!

domingo, 4 de outubro de 2015

HOJE ACORDEI ENGASGADO COM FLORES

Hoje acordei engasgado com flores,
Havia vivido no onírico um sonho perfeito.
Destes que nos roubam a vontade,
Que fazem a gente desaprender o viver.


Sim. Foi um sonho daqueles!
Ainda estou pensando nele.

Queria voltar a dormir
E sonha-lo de novo.
Afinal, 
Aquele sonho foi mais significativo
Do que minha vida inteira....
Por isso me sufoca, ainda, o perfume daquelas flores
que de tão verdadeiras não existem.

A VIDA QUE LEVAMOS...

Desde  que passei a ser responsável pelo meu próprio sustento nunca vivi a experiência de um lar, de ter um canto meu para guardar minhas coisas e receber pessoas. Vivia como um errante e tudo que me importava era ter um teto para me cobrir no final do dia e descansar o esqueleto entre quatro paredes que me protegiam do mundo.

Mas eu não tinha um lugar meu neste mundo, não pertencia a ninguém e nem habitava qualquer canto da cidade. Não era do tipo que vivia de identidades e lugares comuns.  Ter quatro paredes como referência era uma questão pragmática. Durante muito tempo dormir em quartos de hotéis baratos.

Eu existia apenas no anonimato das ruas dividido entre os vazios do meu existir banal e as vontades partidas do meu coração. Não era uma boa vida. Mas era a que eu tinha. Através dela podia avaliar a vida dos outros de um ponto de vista privilegiado. Não vivia como a maioria e me dava conta do quanto as convenções do dia a dia eram fúteis. Ninguém era realmente feliz com a vida que levava. Mas isso não era coisa fácil de se admitir.

De minha parte existia  como um nômade existencial a deriva em meio as indeterminações e não lugares da minha condição humana. Estava a margem da sociedade e do cotidiano. De alguma forma muito estranha, não pertencer a coisa alguma, nem mesmo ter uma casa, me colocava em uma posição privilegiada em relação aos meus semelhantes.
 

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

LEGADO PÓS MODERNO

Não me tornei o que esperavam que eu fosse,
Nem tive a vida que esperava de mim.
Rompi com todas as expectativas
No saber do exílio onírico tresloucado
De viver apenas do virtual de mim.
Ontem fui futuro,
Hoje sou passado.
Amanhã serei nostalgia
E, quem sabe, alguma sombra de liberdade.
Não se atenham a realidade.
H´algo novo a ser construído,
Qualquer loucura de uma metaverdade.
De resto só digo:
Viva o niilismo

E reinventem o epicurismo!