terça-feira, 28 de abril de 2009

CONTRA TODA TRADIÇÃO JUDAICO CRISTÃ E MODERNIDADE DE RAZÃO CATIVA!

A superação das morais e costumes coletivos, de coerções sociais, não conduz necessariamente ao caos e a barbárie. Quando pressupõe o individuo como radicalidade da consciência humana nos eleva a um profundo sentimento estético de nossos atos e construções no acontecer banal do mero cotidiano. Há no fundo de cada ser humano indivuado uma recusa a moral e sensibilidades do “rebanho”( sociedade) em nome da criatividade pessoal de fazer-se a si mesmo em liberdade. Há, também, uma responsabilidade pragmática que pesa sob nossas escolhas como um imperativo de máxima existência na assimilação constante da aterradora complexidade e pluralidade de coisas que somos como existência em movimento bio-psicológico.
A grande questão é... o que permanece em nós como cotidiana arte de construir biografias? O que permanece em nós como quase eternidade no infinito continuar do mundo após nosso definitivo silêncio de morte?

segunda-feira, 27 de abril de 2009

A SEDUÇÃO SEGUNDO JEAN BAUDRILLARD

Na obra de Jean Baudrillard o uso da palavra sedução remete diretamente ao seu significado original: seducere, se-ducere, ou seja, afastar da via. Mas no contexto de sua filosofia, tratar-se ia, em termos contemporâneos, de um desvio do valor saimbólico, da identidade e representação das coisas no jogo das trocas simbólicas definidoras do cânone cultural racionalista.
A sedução é essencialmente deslocamento, desconstrução da relação sujeito/objeto, causa/afeito e a reversibilidade morfologica de nossas fontes e formas de sentido e auto representações. A sedução é um desafio ao carcomido modelo de racionalidade que definiu a modernidade e o mundo da produção.
Desse modo:

“ O crime original é a sedução. E nossas tentativas de positivar o mundo, dar-lhe um sentido unilateral, bem como toda a imensa organização da produção, têm, sem dúvida, a finalidade de eliminar, de abolir esse terreno indiscutivelmente perigoso, maléfico, da sedução.
Pois esse mundo das formas- sedução, desafio, reversibilidade- é o mais poderoso. O outro, o mundo da produção, tem o poder, mas a potência está do lado da sedução. Eu acho que ela não é a primeira em termos de causa e efeito, em termos de sucessão; porém, a um prazo mais ou menos longo, é mais poderosa que todos os sistemas de produção- de riquezas, de sentido, de deleites... E todos os tipos de produção lhe estão, talvez, subordinados”

(Jean Baudrillard. Senhas./ tradução de Maria Helena Kuhner. RJ: Difel, 2001, p. 26-27)

sábado, 25 de abril de 2009

ODE AO MARQUES DE SADE...


Prefiro o efêmero
Ao eterno
No retrato permanente
De orgias,
No grito rebelde
Que me define
Nas redefinições
E absurdos do mundo.

Prefiro o prazer
A moral
Contra as hipocrisias
E covardias de cínicas inquisições
.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

UM FRAGMENTO DE NIETZSCHE...


“... O que é a tradição? Uma autoridade superior, a que se obedece, não porque ela,manda fazer o que nos é útil, mas porque ela manda.- Em que se distingue esse sentimento pela tradição do sentimento de medo em geral? Ele é o medo diante de um intelecto superior que manda, diante de uma potência inconcebível, indeterminada, diante de algo mais que pessoal- há superstição nesse medo- na origem, toda educação e cuidado com a saúde, o casamento a arte de curar, a agricultura, a guerra, o falar e calar, o relacionamento de uns com os outros e com os deuses, faziam parte do domínio da eticidade: ela exigia que se observasem prescrições, sem pensar em si, como indivíduo.”

Friedrich Wilhelm Nietzsche. Aurora/Obras Incompletas- Vol.I /seleção de textos de Gerard Lebrun; tradução e notas de Rubens Rodrigues Torres Filho; 5 ed. SP: Nova Cultural, 1991. ( Os Pensadores); p. 115-116)

DESAFIO DIONISIACO

Viva intensamente
Teu absurdum,
Vá até o limite da realidade
Esmurrando a porta
Que te separa dos prazeres
Cotidianos e provisórios.

Exploda o absoluto
Em qualquer desejo e sonho
De si mesmo.

Todo futuro
É tua vontade
Realizada em incertezas
e fatos...

quinta-feira, 23 de abril de 2009

fragmentos inesqueciveis de Salvador Dali V


“Valores escondidos, ouro enterrado, energia secreta que não deve escapar para fora: reconhece-se aí uma concepção esotérica da vida em do mundo que se afirma também em meu erotismo do olhar, do aflorar, do tocar-sem-ser-tocado, do ovo frito no prato sem prato. Dissimular meu gênio, guardar meu ouro, reter meu esperma: um erotismo místico e propriamente alquimista. Na Idade Media, com um grão de pó de projeção, o adepto tentava transformar duas libras de matéria vil em ouro puro. Com uma pitada de gênio, procuro espiritualizar e imortalizar os setenta quilos de carne deste Dali, cujo o nome significa desejo. Fazendo da minha vida inteira um objeto de alquimia, considero-me facilmente um descendente do Catalão Raymond Lulle, glorioso metafísico, místico, alquimista, apóstolo, autor dos Doze Princípios da Filosofia e o famoso Testemunho da Arte Alquimista Universal.Acusado pelos tomistas, condenado depois da morte por uma bula papal, quando a Catalunha já o venerava como um santo,esse missionário do mais puro espírito cristão e hermético, esse doutor iluminado deveria acabar como um mártir, com mais de oitenta anos, apedrejado pelos árabes em Burgia. Meus gênios são catalães, meu gênio é da Catalunha, país de ouro e de ascese. A paixão de Deus, do ouro, e um erotismo da não consumação estão ao mesmo tempo na alma mística.”

(DALI/ PAWELS As paixões segundo Dali. / Tradução Raquel Ramalhete de Paiva Chaves. SP:Editora Expressão e Cultura, 1968, p.109-110)

quarta-feira, 22 de abril de 2009

APOLOGIA DA IMANÊNCIA COMO ETICIDADE NOVA


Viver inteiramente em um mundo compartilhado, imerso em questões cotidianas e pragmáticas de sobrevivência, é um modo de abrir mão de nossa individualidade e espontâneo exercício de devaneios e imaginações em impressionismos de realidades imediatas.

Jamais vale a pena ceder inteiramente aos imperativos das convenções e certezas coletivas. È mais saudável o esforço de transcender fronteiras entre o intimo e o estranho que é o mundo e, em impulsiva e compulsiva busca, ousar como idéia-meta a máxima imanência e singularidade que somos em irracional equação pessoal. Eros, a busca do envolvimento e relacionamento entre todas as coisas, é o máximo símbolo do que podemos ser... Eros é um daimon que desafia sem pudores toda tradição e convenções coletivas em nome da VIDA ...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

TRANSLÚCIDO

Meu lugar, bem sei,
é o outro do mundo
no silêncio
de seus restos mortais.

Abomino toda memória,
Todo testemunho
De inúteis passados.

Abraço o futuro
Sem a sombra de fantasmas
A corroer desejos.

ARTAUD E O DESENHO: fragmento avulso


“O que é desenhar? Como é que se chega a isso? É a ação de abrir uma passagem através de um muro de ferro invisível, que parece se encontrar entre o que se sente e o que se pode. Como se deve atravessar esse muro, pois de nada serve golpeá-lo fortemente; deve-se minar esse muro e atravessá-lo com o auxilio de uma lima, lentamente e com paciência, a meu ver.”
Antonin Artaud ( 8 de setembro de 1888)

PSEUDO VISIONÁRIO

Nasci para ser outro,
Perder-me no mundo
Em busca do sem nome
De qualquer sonho de verão.

Nasci para viver pelo avesso,
Desvendar e inventar segredos
Desconstruíndo verdades
Na exploração de ilusões.

Nasci para vislumbrar
A face de futuros
Que jamais viverei...

domingo, 19 de abril de 2009

EU NÃO CREIO...

EU ACREDITO NO INVERSO DO UNIVERSO, NO ANT-COSMOS, NO NÃO SENTIDO QUE DEFINE TUDO QUE HIPOTETICAMENTE EXISTE.NADA ESPERO DE REALIDADES. NÃO IMPONHO AS COISAS A MENTIRA FÁCIL DE QUALQUER MEDIOCRE SIGNIFICADO. SEI APENAS AS TRAMAS DO ACASO A INSPIRAR ALEATÓRIOS FATOS EM SEQUENCIAS DE ERROS, OS CAPRICHOS DA DEUSA FORTUNA A DESENHAREM DESTINOS IMPREVISÍVEIS.SIGO A ERMO PELA VIDA SABOREANDO A EXISTÊNCIA COMO LABIRINTO.MEU EXISTIR É UM QUASE SEGREDO, O ENIGMA DE UMA CAIXA VAZIA...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

LUGAR NENHUM


Talvez minha vida seja o lugar nenhum de um canto sem nome. Talvez EU NÃO SEJA em cada ato e desafio de dia a dia nada alem da fantasia de um grito de imaginação intima de quase eu ...Sei que estou mais preocupado em dizer a mim mesmo a existência, traduzi-la a minha alma, do que compartilhar-me com o mundo em vagas e limitadas palavras de mecânico cotidiano e pouco sentido...Meu único objetivo é o nada que me faz nadar no onírico, avesso da reflexão e expressão do sentir incerto de meu ser e estar em desconstruções permanentes.

INTUIÇÃO


Indizivelmente pequeno
E vago
É o pensamento dos homens.
Mas cria verdades
E infinitos mundos
No corpo da natureza
Fazendo dizer sem fronteiras
A inquiridora imaginação
Das coisas que criamos
E nos criam.

A VERDADE DA MENTIRA

A verdade bizarra
De uma mentira
É seu poder de sedução,
Sua capacidade
Para converter descrentes
E persuadirQuem a conta
Transformando palavra morta
Em fato consumado
Alem do verdadeiro
E do falso.

Mas, afinal,O que é a verdade?

domingo, 12 de abril de 2009

MELANCOLIA

Brinco de ser livre
No teatro do mundo
Brindando
Esperanças mortas.

As horas que passam
Apavoram-me...

Imerso em medos,
Desafios
E falsos delírios
De auto afirmação
espero pelo dia seguinte.
embriagado por imaginações.

IRRACIONAL

Serei sempre
Necessariamente ilógico,
Propenso ao erro
E ao engano.

De que outro modo
Seria eu
Definitivamente humano?

É necessário a existência
Enganar-se sobre a vida
Na invenção
De incertezas,
Desconfianças,
Que revelam o cru esboço
Que somos
Do fenômeno
Do animal humano.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

MENTIRAS CRISTÃS


Inventaram-me um outro
Que nunca vi,
Que jamais saberei,
Mas todos afirmam
Ser meu próximo
Em nome de um deus
crucificado sado-masoquista.

Inventaram-me ilusões
Sobre amor e compaixão
Ferindo com fraquezas
Meu peito forte.

Inventaram-me
Uma alma
Para roubarem
Meu gosto pela vida
Em escravocratas gramáticas
De um outro mundo de servidão.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

POEMA DIONISIACO


Abandonarei
Os desertos cotidianos;
Buscarei o absurdo
Em cada adega,
Madrugada e orgia.

Apenas os fracos
Precisam de regras,
Princípios morais e rotinas.
Tudo que preciso
É a vida crua e selvagem
Engasgada em paixões.

Adeus certezas de toda parte,
Adeus medos e freios!
Nunca mais serei sem rosto
Na procissão de indecisos
Em multidões.
Pois em todos os sentidos
Serei radicalmente
Apenas meu eu desfeito
Em sensações.

domingo, 5 de abril de 2009

EGOISMO CONTEMPORÂNEO

O pouco que sei
Sobre as coisas todas,
Sobre os riscos da existência,
É o suficiente
Para apreender o mundo
Como um investimento incerto
Em mim mesmo
Contra todos os outros
Que me circulam
E potencialmente ameaçam
No caos das ruas...

quarta-feira, 1 de abril de 2009

DELIRIO BELICO


Uma menina
Em cores vivas
Decora
Uma janela aberta
Entre jardins suspensos
E babilônias.

Sobre um chão de tigres
Vestidos de arco íris
Exércitos de gritos
Marcham determinados
Anunciando batalhas
Contra a realidade.

Sob os desejos humanos
De abstrato infinito
Briga meu eu animal...