terça-feira, 31 de maio de 2016

EU APOSTO NO ALÉM DO HUMANO

Não creio no progresso da humanidade.
Pelo contrário.
Aposto na sua ruína e desaparecimento.
Feliz será o dia  no qual ela for superada,
No qual nos livraremos dos ideais de sociedade,
Religiões, Estados,
Ideologias e utopias vazias.
Queria viver o suficiente
Para testemunhar a morte da História
E o triunfo do além do humano.
Meus olhos dialogam com o futuro
Na intuição de qualquer liberdade nova.


quarta-feira, 25 de maio de 2016

RITUAL TEMPORAL

Enquanto amanhecíamos banhados do sangue do nosso passado,
Inventávamos um rito de futuros enigmáticos e mágicos.
O tempo em transe dançava em nossos corpos
E a vida era o grande sacrifício oferecido
Ao demônio da eternidade.
A nossa volta tudo apodrecia
E reinava o absurdo.
Enterrem de vez o cadáver da velha razão
E abram as portas do nosso divino inferno.
A liberdade geme e ri ali.


terça-feira, 24 de maio de 2016

PÓS IDEOLOGIAS

Enquanto ideias inventam pessoas
Dispo-me dos pensamentos
E invento noites, brumas
E esquisitices.
Aliais, as esquisitices valem mais
Do que qualquer dizer filosófico,
Ideológico e identidário.
Sempre prefiro o absurdo
Quando descrevo a vida
Ou o mundo.
Afinal, o que eu sou,
Além de um  ato gramatical
Afogado no silêncio de muitos dialogos?


ODE A DESRAZÃO

Desde o principio a des razão
Inspira meu ultimo suspiro,
Pois fui para ela  prometido desde nascido.
E segui  incerto de todos os princípios,
Praticando escolhas e sofrendo consequências,
Até me perder de vez  neste jogo insano
Que chamam destino.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

REBELIÃO INFERNAL

Toquem o sino da igreja abandonada
E acordem todos os demônios.
Precisamos de um pouco de caos,
Um pouco de fogo,
Para expor de vez  a falência do cotidiano,
As desordem as quais nos acomodamos
E as verdades que nos enganam.
Tomem as ruas contra os poderes
E razões de Estado.
Não defendam partidos
Ou revoluções.
Apenas exijam a vida
Que a ordem nunca deixou acontecer.


sexta-feira, 20 de maio de 2016

A VIDA DAS COISAS

Existe um viver nas coisas inanimadas
Que apenas os infantes sabem.
É como uma segunda natureza dos objetos
Onde a fantasia se impõe a realidade.
É onde o humano encontra o sonho
E o mundo se faz transparente,
Onde imagens inventam a consciência
E estranhamos tudo aquilo que somos.



quarta-feira, 18 de maio de 2016

CONTRA A REALIDADE

Tento escapar a linealidade cronológica, impor absurdos ao mais simples dia a dia, até o ponto em que a experiência do real se torne vertigem.

Viver é efêmero e instável, por mais que o cotidianamente vivido sugira o contrário. Por isso é saudável, as vezes, perder todas as referências.

A embriagues   torna-se, então, um estado de espirito, uma forma de apreender o mundo através da concreta experiência do não sentido de todas as coisas.

Como suportar a existência sem cultivar algumas estratégias de evasão? Talvez o futuro possível de nossa sociedade ocidental dependa da construção de formas mais concretas e eficazes de esquecimento do mundo, de afirmação da realidade como um ato cada vez mais livre de imaginação.

  

terça-feira, 17 de maio de 2016

CAOS HUMANO

Vi a realidade brincando no jardim da verdade
Com o cadáver das certezas, dos sentimentos
E indefesas racionalidades.
Era um espetáculo dantesco,
Algo macabro e horrível.
Desde então me tornei niilista
E me despi do mundo
E de mim mesmo.
Hoje eu sei:

Estamos todos errados!

segunda-feira, 16 de maio de 2016

VENHA ME BUSCAR A NOITE

Não estou disposto a enfrentar os desafios deste dia,
Prefiro a sombra e água fresca da sua cama,
Nossas impunes horas rubras
Afogados em desejo, preguiça
E muita falta de cabimento.

Nunca fizemos muito sentido.
Mas quem disse que tínhamos
o fazer sentido como  um  objetivo?
Éramos apenas dois loucos
Esquecendo da vida
Imergindo em destilada orgia,
Um casal de embriagados
A transformar janelas em portas.

Não estou disposto a enfrentar os desafios deste dia,

Venha me buscar a noite...

sexta-feira, 13 de maio de 2016

DESCONFORTO EXISTENCIAL

A crise não será suturada por mediações dialéticas ,
Estamos condenados a um permanente impasse
Entre a imaginação e a vida.
Somos feitos de impossível
Apesar de todas as necessidades,
Obrigações e padrões
Que nos freiam as vontades.
Por isso somos incorrigíveis seres atormentados
E nossos atos perpassados pela angustia.
Nenhum totalizante vislumbre de metafisica
Nos servirá de consolo.
Nos libertamos da prisão da verdade
E nos lançamos como loucos

As chamas da imaginação.

terça-feira, 10 de maio de 2016

EM NOME DA LIBERDADE

Faça seu próprio tempo.
É o que dizem os partidários
Da felicidade,
Os miseráveis otimistas
Que esperam tudo da vida,
Que  fedem a perfume
E  acreditam em um grande futuro.

Ah, estes acéfalos que apostam
No melhor dos mundos possíveis,
Que passeiam de carro,
Degustam iguarias
E confiam na sorte.

Deles quero toda distância.
Prefiro estar entre os danados,
Os  loucos e os desvairados.
Pouco me importa a realidade,
A sociedade e todas as convenções sociais.

Serei vagabundo, roto
E, acima de tudo, livre.
Livre de todos e de tudo,
Como deve ser!


segunda-feira, 9 de maio de 2016

CAGANDO E ANDANDO

Não  era apenas uma questão  de considerar o teatro social enfadonho e sem sentido. Acho que as pessoas viviam aceitando certezas o tempo todo enquanto eu vivia de abismos e incertezas. A maioria andava bem adaptada a insanidade do mundo. Eu era quem não  suportava mais aquele blábláblá de sociedade. Nem me importava em torna-la melhor. Apenas os utopistas e idiotas realmente consideram esta hipótese.  Conseguir conviver com todo o lixo coletivo e me manter a margem ja  era uma meta difícil. Eu realmente cagava para tudo. E tinha orgulho disso.

sábado, 7 de maio de 2016

DOCTOR WHO


A morte a vida e o aqui e agora...



O tempo e a existência dançam o absurdo,


O universo e os séculos enquanto brincamos de juventude.





Não me faço através dos fatos concretos.


Não existo,


Sou um absurdo.


As coisas são maiores por dentro....










O PROBLEMA DA HUMANIDADE

A autoconsciência  ou o uso da razão  não  nos torna animais especiais e nem garante uma existência mais plena. A condição  humana pode, Ao contrário, ser considerada à mais perversa realização  do Reino animal.


Somos, afinal, seres atormentados e insatisfeitos, reféns de  fantasias simbólicas  definidoras de uma imagem abstrata de mundo e realidade.Podemos ir a lua mas somos incapazes de representar satisfatoriamente a nós  mesmos no espelho da natureza viva dos corpos que nos definem em existência.

Tudo que digo é  desprezo a humanidade e suas conquistas culturais.

Não  espero nada de bom do seu futuro .

sexta-feira, 6 de maio de 2016

ANTI UTOPIA

Busco o impossível de um dia
Onde todas as coisas se resolvam,
No qual o  respirar seja tão  natural
Quanto os atos da minha imaginação.
Espero desesperadamente este dia
Onde o próprio tempo
Não exista,
Onde todos os meus entes queridos
Estejam vivos
E a minha disposição.
Busco o impossível de um dia
No qual todas as minhas vontades
Sejam finalmente satisfeitas.


quarta-feira, 4 de maio de 2016

ENLOUQUEÇA COM MODERAÇÃO

Como todo mundo eu tinha meus pesadelos, meus medos e incertezas.  Isso me tornava frágil.Mas nunca evitei um pouco de loucura na minha vida para não  enlouquecer de vez. Esta era a minha filosofia: aceite o caos que existe dentro de você. O resto é  administrar o absurdo e viver como se não  houvesse um dia seguinte. Quando ele chegar, mate-o sem pensar duas vezes.Pois , no fundo, ele não  vale um segundo de mansa insanidade. Seja você,  seja intenso e aguente a vertigem dos fatos. Isso é  tudo que importa.

LÍDIA

I

Eu escutava muitas vozes dentro de mim. Todas ao mesmo tempo, dizendo coisas que não conseguia entender inteiramente. Sabia que cada uma delas era um pedaço do meu eu. Eles estavam em desacordo e não paravam de gritar, berrar e protestar contra uma serie de coisas, Cada um a sua maneira detestava a vida.
Era absurda aquela situação. Mas eu não conseguia fazer aquilo parar. Aos poucos o mundo ia perdendo a realidade para mim e me tornava incapaz de lidar com as pessoas, com as situações cotidianas. Apenas Lídia permanecia próxima de mim aturando meus silêncios e recusas de mundo. Não sei como seria sem ela. Lídia  era minha única ligação com a realidade. Mas me sentia um fardo na vida dela. Queria que a coitada fosse embora  para ser feliz bem longe de mim.  Ela merecia uma existência diferente daquela que eu podia oferecer.
Em uma manhã de outono de domingo ela me levou para passear. Eu preferia ficar em casa enterrado em mim mesmo. Mas ela insistiu  até me fazer declinar da minha veemente recusa. Saímos bem cedo e ela dirigiu por longas horas até chegarmos a um lugar paradisíaco.  Era um bosque onde o verde parecia entrar nos olhos da gente e nos arrastar para a natureza, para uma espécie de comunhão com o mundo vegetal.
As vozes dentro da minha cabeça ficaram mais agitadas. Pareciam querer alertar para algum tipo de perigo ou ameaça. Mas não entendia direito...
Lídia me falou coisas sobre aquele lugar. Dizia que coisas estranhas haviam acontecido ali. Mortes, orgias e histórias de amor que permaneceram invisíveis a memória social por longos anos. Mas era possível sentir a força daquele bosque.
Segundo Lídia, estávamos em um espaço magico que nos fazia sentir o quando a vida é maravilhosamente absurda na falta de sentido de tudo. Eu concordava com ela. Nos beijamos de repente. E as vozes não paravam dentro da minha cabeça... Mas eu sentia os lábios macios de Lídia, sua língua dançando com a minha e isso era mais importante que tudo. Como nunca antes eu me dava conta do quanto gostava de Lídia, do modo intenso como ela era importante para mim.
Isso era o que mais importava na vida. Não se sentir sozinho, se importar com alguém, ter alguém que se importe. Os seres humanos são muito carentes, não se bastam, não sabem viver sozinhos. Mas as vozes diziam o contrario... Elas estavam muito agitadas hoje e me deixavam confuso.
Lídia estava na minha vida a tanto tempo que não conseguia lembrar do dia em que nos conhecemos. Ela era a única pessoa da qual me lembrava na vida. Ninguém mais tinha lugar nos meus dias. Vivíamos um para o outro.
Aquele lugar era realmente mágico... Lídia estava linda. Mas... de repente percebi que ela parecia triste. Interroguei-a sobre o motivo. Mas ela não me respondeu. As vozes aumentaram.
Porque ela não queria me dizer? Provavelmente o problema era eu. Só poderia ser eu! Meu modo de viver estragava a vida dela. Sempre soube disso. Aquelas vozes... Malditas vozes!!!!! Me desculpei com Lídia. Disse o quanto ela era importante para mim, mas o que mais me importava era a felicidade dela. Não suportava vê-la sofrer. Ela, entretanto, me isentava de qualquer responsabilidade.
Diga meu mundo
Enquanto ainda te escuto
Sem saber a tristeza do meu rosto.
Tudo que somos é uma ilusão
Mais verdadeira do que a realidade.
Quando ela me disse estes versos não entendi seu significado. Éramos toda a realidade. Não havia nenhuma ilusão entre nós....
Então as vozes gritaram em uníssono em um tom de trovão:
-Mentiras, mentiras, mentiras!
Tudo que existe é uma mentira!
Acreditam todos no que não existe
Acreditando desesperadamente
Nas mentiras que os tornam possíveis.
Eu exigi que elas se calassem. Mas elas repetiram aquelas palavras, uma, duas e não sei lá quantas mais vezes! Malditas vozes! Porque não me deixam??!!!
Mas algo começou a acontecer com Lídia... Ela estava desaparecendo... Ela se tornava translucida bem diante dos meus olhos. Aquilo era absurdo. Mas estava acontecendo. Mal  podia acreditar naquilo. Que maluquice era aquela. Foi quando ela me disse aos prantos aquela frase insólita:
-Você me ama porque eu nunca existi...
-Não... Como pode ser?!Lídia...
As vozes pararam. Nunca tinha sentido tamanho silêncio dentro da minha cabeça... Eu finalmente estava vazio das vozes e Lídia... Lídia havia desaparecido.  Talvez as vozes sempre tenham tentado me falar sobre Lídia... Mas era tudo absurdo demais. Agora sem as vozes eu era eu ... Apenas eu na soma de todos os meus eus. Sem Lídia...
Queria desaparecer também; ir ao encontro de Lídia. Em algum lugar dentro do “desaparecimento” nos reencontraremos. Foi por isso que morri logo depois... Mas  agora estou aqui amarrado em uma maca em um quarto de hospital. Eles roubaram minha morte, me afastaram de Lídia...  Não me deixarei enganar. Não estou aqui agora. Aqui não é real. Estou em outro lugar. Estou com Lídia; preciso me concentrar. ..

II

Acordei de repente nesta praia deserta. O sol estava forte.
Lídia me falava coisas sobre o significado da vida. Segundo ela, a vida existe apenas como um fato psíquico. Ela acontece na medida em que temos consciência dela, em que a vivemos como uma predisposição mental. Os animais não sabem que estão vivos e, muito menos, que vão morrer um dia. O mundo não existe para ele como um fato complexo e dinâmico imbuído de significado. Apenas nós  humanos vivemos significados. Não conseguia deixar de prestar atenção em seu rosto, me embriagava o conforto da sua voz macia. Não me preocupava com o sentido da vida. Para mim o significado de tudo era Lídia.
Mas não estávamos sozinhos. Havia mais alguém naquela praia. Eu podia sentir. Olhava em volta, estudava todos os cantos dentro do meu ângulo de visão e, surpreendentemente, não via ninguém. Mas sabia que não estávamos sozinhos.
Lídia se afastou de mim por um instante. Quis dar um mergulho. Pensei em acompanha-la , mas minhas pernas não me obedeciam, qualquer inercia me manteve ali sentado na areia observando Lídia em trajes de banho. Ela estava mais linda do que nunca. Mas eu não me lembrava de quando  tínhamos nos conhecido, de como ela entrou na minha vida. No fundo isso pouco importava.
Foi então que aquela senhora estranha de olhos azuis de ressaca apareceu ao meu lado e começou a falar coisas estranhas.
Raso é o finito no falso abstrato de todo infinito.
A existência é ilegível e insignificante.
Todo cotidiano uma fantasia tola
Em nossas ilusões coletivas.
Deixe de ser tolo,
De acreditar em alguma coisa.
Inventa lucidamente sua ilusão derradeira.
A vida passa mais rápido do que você pensa.

Assim ela me falou da vida . Mas não entendi. Não queria entender. Não valia a pena saber. Toda certeza é uma fantasia que inventamos para suportar a mera existência. Apenas Lídia era real... Lídia... Ela era minha religião.




segunda-feira, 2 de maio de 2016

EMBRIAGUE-SE!

A realidade já  não  me diz nada. Viver é  um ato de ficção.  Descubra a sua melhor estratégia de evasão  e salve o próprio rabo. Estamos condenados a mediocridade do dia a dia. Mas pode ser diferente. Basta enlouquecer de vez em quanto é fugir para o outro lado da rua da vida. Lá  sempre te aguarda alguma boa fantasia e um gole gordo de sonho. Embriague- se!!!!

UM POUCO DE AMOR LOUCO

Um dia talvez
Eu te conte sobre minhas imaginações,
Mansos delírios  e sonhos impossíveis.
Pode ser que eu te ofereça
A sinceridade de um amor louco
Que rasgue através  de um beijo
Toda  realidade
E invente na intimidade da cama
A mais profunda e verdadeira
De todas as revoluções.
Pode ser que um dia
Deixemos de ser quem somos.

LIMITE

Tenho vontades que não  cabem na palavra,
Ansiedades que me devoram
Neste grande silêncio  perdido
No fundo da existência.
Tenho futuros urgentes,
Loucuras provisórias
E necessidades absurdas.
Tenho quase  todo o tempo do mundo
Para explodir no grande vazio
Da mesa da realidade e além.