terça-feira, 30 de junho de 2009

REAL...

Nada é mais real do que o nada de cada segundo aberto no permanente querer de absurdos e delírios de absoluta vida contra convenções e cotidianos...
Meu coração é a busca do amor a liberdade em teu segredo...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

ILUSION...


Passeamos no nada
Vislumbrando horizontes
E sonhos...
Mas somos maiores
Do que nossas certezas de real.

Um indizível e concreto deserto
Nos cobre a pele em significados
Enquanto adivinhamos
As sombras das imaginações
Sem rosto e propósito...

SOBRE O SIGNIFICADO DA POESIA


Dentre todas as artes contemporâneas a poesia é a mais inútil de todas e também a menos prestigiada. Ao mesmo tempo, podemos considerá-la a que mais diretamente pode enriquecer o cotidiano de uma pessoa, reconstruir e ampliar a consciência do mundo vivido na aventura das pequenas subversões das coisas dadas de dia a dia por meio da subversão da linguagem, da transfiguração de nossas representações convencionais da vida e modo de dizer, representar e fazer o mundo existir.
A imaginação criadora, ao rasgar o delicado tecido do cotidiano é, em essência, o que nos oferece a poesia em suas múltiplas e mais radicais estéticas além da própria arte. A poesia, afinal, não é apenas palavra, mas a vida modificada pelo artifício do desejo e da mais saudável loucura em jogos de pós e extra-territorial linguagem....

sábado, 27 de junho de 2009

SURTO


Perdi memórias
No tempo em coma
De um presente deserto
E embrulhei a vida
Para oferecer
A coloridos abismos
De cândidas fantasias.

Depois,
Joguei fora o meu rosto
Em uma caixa de silêncios
E sai a rua
Na pura realidade
Dos mais tresloucados atos...

CONTRA AS RELIGIÕES DO VERBO

Nada sei sobre os deuses,
O infinito
O sentido das coisas
Ou se algum deus joga dados...
A verdade é o sumo da ignorância
Em ofuscação de significados.

Recuso livros sagrados
Que prometem milagres,
Eternidades ou perfeição
De outras vidas e mundos.

Minha eternidade
É o finito de cada momento...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

LUCY

Imagino o dia seguinte...
O riso da "verdade" o define
Em imaginações de realidades
Espalhadas e delirantes
Sobre o gozo macio do tapete colorido
De uma sala iluminada em pedaços de vidros.

Abandono cotidianas palavras
E o terno dizer de ordem em gravatas
Escrevendo-me em labirintos
E pós- linguagens e identidades.

Sou mutação de mim mesmo
Na alegria embriagada
Do micro-cosmos
Em momentos,
Principios de abstrações do nada...,
De vãs incertezas
No túmulo ou tumulto
De cada dia em psicodélico riso...

Re-descubro-me
Nos automáticos impulsos
De linguagens perdidas
No encontro
Dos fragementos
de quebrados espelhos ...

FRASES AVULSAS DO MARQUES DE SADE


“Antes de ser um homem da sociedade, sou-o da natureza.”
*
“Não há outro inferno para o homem além da estupidez ou da maldade dos seus semelhantes.”
*
“O meu maior desgosto é que Deus, na realidade, não exista, privando-me assim do prazer de o insultar mais positivamente.”
*
“As paixões humanas não passam dos meios que a natureza utiliza para atingir os seus fins.”
*
“A tolerância é a virtude do fraco.”
*

domingo, 21 de junho de 2009

PSICODELIA


Em cada átomo perdido
Na imensidão
Existem estranhos olhos
Que me observam
Aguardando que eu rasgue
A vida em sonho
Explodindo o rosto
Das ilusões do dia a dia
Em gritos de sorridente
Melancolia.

O micro universo,
o ínfimo das coisas
me inspira a astúcia
dos pequenos detalhes.

LSD


Sigo a vida
Como se fosse
O errante paciente
De uma biografia a deriva
Enquanto no centro sibilante
Do mundo
o existir respira
sob minha mão
e cavalos correm selvagens
em um céu de prata
povoado de estrelas coloridas.

terça-feira, 16 de junho de 2009

DELÍRIO E SILÊNCIO DE DES-REALIDADES

Os dias são feitos de silêncios que desafiamos em cada palavra diante do nada que nos consome como infinito testemunho de virtuais futuros.
O significado da vida é não ter significado algum. Por isso somos inventivos e inventados por novos e constantes modos de dizer o silêncio a cada desesperada frase de significado, aposta e sonho na construção da realidade...
TUDO È UMA QUESTÃO DE IMAGINAÇÕES...!

EMBRIAGUEZ


Provisoriamente existente
Em desfeitos mundos de imaginações
Vislumbro o limite
Entre a rotina e o sonho,
Esqueço cotidianos
Reinventando minhas razões de bolso
Enquanto o mundo
DESAPARECE a minha volta
Quase de repente
No ilegível do pensamento embriagado...

sábado, 13 de junho de 2009

AMOR LOUCO

Dentro dos seus olhos
Vejo abismos desenhados
Em imaginações de delírios,
Ventos e limites.

Viajo em seus delírios
Na direção do absurdo
Que desvela em profundidade
Meu dia a dia.

Faço dos teus lábios imaginários
Minha loucura no desfazer-se do mundo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

DELIRIO INFANTIL

O céu respira embriagado
A luz do sol e o azul
Desenhando o dia
Que a minha volta
Pouco a pouco declina
Em seu acontecer nervoso.

Tudo passa,
Se vai para sempre
A todo instante
Enquanto espero
Teimosamente
O sem nome
De minhas imaginações
Perdidas.

domingo, 7 de junho de 2009

EREMITA CONTEMPORÂNEO

Tatear a vida
Em incertos passos
Em matemáticas e palavras,
É o destino do indivíduo
Que colhe em silêncio
Intuições de caos
E acasos
No intimo de todas
As coisas.

A vida para ele
É a um só tempo
Épica, satírica
E trágica.

EREMITA CONTEMPORÂNEO

Tatear a vida
Em incertos passos
Em matemáticas e palavras,
É o destino do indivíduo
Que colhe em silêncio
Intuições de caos
E acasos
No intimo de todas
As coisas.

A vida para ele
É a um só tempo
Épica, satírica
E trágica.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

REBELDIA

A vida me ensinou
Que não sou perfeito,
Que jamais serei perfeito.
Mas que sou capaz de acertos,
De julgar a mim mesmo
No tribunal da reflexão
E condenar os outros
Pelos deslizes da razão.

POEMA SOMBRIO

Bebe as cores da paisagem
Até a embriaguez dos sentidos.
Escuta tua intima noite
Sem temer o frio
De pensamentos sombrios.
Apavora a hora de agora
Fazendo fugir o tempo
Revelando os segredos de outrora
Na distração da velha razão...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

NOTA SOBRE O DECADENTISMO EM FRANÇA


Foi por volta de 1880 que o Decadentismo proliferou na literatura francesa contraposto ao realismo e ao naturalismo. Pode-se dizer que mais do que uma mera releitura do romantismo germânico e de seus fundamentos filosóficos o Decadentismo significou uma tomada de consciência deste movimento e seu desdobramento e radicalização em solo francês traduzindo as inquietações de fim de século.

Uma das principais novidades introduzidas pela estética decadentista foi a prosa poética e o verso livre que seria amplamente difundido posteriormente pelo modernismo na segunda dezena do século XX como uma das expressões máximas da liberdade artística frente aos modelos canônicos.

Também chamado de pré- simbolismo o decadentismo personificou em linhas gerais uma recusa do imaginário iluminista e sua noção de progresso, bem como da nova realidade sócio-cultural  inaugurada pela civilização industrial, por uma geração de jovens intelectuais cujo o espírito de revolta conduziu a uma redescoberta do irracional como um novo horizonte a ser desbravado  nas cosmopolitas e vertiginosas paisagens parisienses de fins do século XIX. Não por acaso, antes mesmo de Freud publicar sua Interpretação dos Sonhos, os decadentistas descobriram o inconsciente e os abismos da alma humana como trilha de auto conhecimento.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

A ATENÇÃO CRIADORA

Prestar atenção em alguma coisa, poucos sabem, mas é uma modalidade bastante sutil de introspecção. Quando nos envolvemos sensual e animicamente com um determinado objeto, podemos nos misturar a sua substância de tal modo que toda a realidade em volta deixa de “estar ali”.
Mirar intimamente um objeto é um ato complexo e muito diferente da observação desatenta e corriqueira em que nos perdemos no dia a dia. Trata-se de um delicado exercício de imaginação. Pois na medida em que atribuímos ao objeto eleito significados, funções ou propósitos, em que somos absorvidos por ele, lhe emprestamos nossa abstrata humanidade; o fazemos paradoxalmente humano...