segunda-feira, 26 de abril de 2021

DA CONTEMPORÂNEIDADE DO PRIVITIVISMO ANTI OCIDENTAL

Na contramão  do progresso,
arrancamos o futuro da contemporaneidade do arcaico,
destruimos os sonhos de desenvolvimento infinto,
e duvidamos das belas letras,
dos artigos cientificos
e do consumismo futurista.

Condenamos,
através  da simplicidade de nossa existência
qualquer panacéia tecnologica
pós industrialista.

Nosso tempo escapa as épocas,
é  feito de necessidades e sobrevivências.

Nunca fomos ocidentais ou modernos.
Mas filhos da terra  e do vento
re-existindo contra a razão  e a história. 



quarta-feira, 21 de abril de 2021

O SUBVERSIVO DO SONHO

As vezes,
a fantasia de um sonho
é mais intensa 
do que a concretude da vida cotidiana.
E a existência 
se mostra  tão  fragil
que a própria realidade
parece fugir do corpo num desassossego,
numa embriaguez que nos acorda em imante vertigem,
em desejo de impossivel,
que não  cabe no sentir da gente .


NÃO PENSE

Qualquer interpretação  racional do mundo é obscenidade,
Toda valoração da vida
não  passa de insanidade.
Viver é  ser mundo,
mendigo de natureza,
através  do inumano do corpo e das coisas.

quinta-feira, 15 de abril de 2021

A MISÉRIA DA LEI

A ordem nos forma
e nos conforma.
É alma do corpo
que aprisiona mundos.

O poder é seu rosto.
A lei sua roupa.

Somos apenas seus espelhos quebrados,
seus cacos espalhados
pelo caos e o tempo
na marcha viva das distopias
de um futuro sem alma.



terça-feira, 13 de abril de 2021

CONTEMPORÂNEIDADE

Nossos corpos semi mortos,
enterrados na cidade enferma,
contemplam a falência do progresso,
o fim dos tempos históricos,
e do  velho Ocidente das verdades de jornal.

A rua agora é bidimensional,
É parte da tela e do virtual,
no faz de conta da razão pós moderna.

Os conservadores de qualquer ordem das coisas
Revivem o fim do Império Romano,
enquanto os filhos da precariedade respiram os ventos
da nova barbárie. 

Futuros ardem em chamas 
a margem dos desertos dos anos seguintes.
Mas nossos corpos semi mortos 
sabem apenas o presente da agonia urbana,
onde não  é  mais possivel habitar o tempo e o mundo.







sábado, 10 de abril de 2021

FLORES PARA BAUDELAIRE

Faz alguns anos 
que leio Baudelaire 
enterrado no lado turvo da cidade,
embriagado de haxixe e vinho,
ignorando as passantes, os amantes e o porto.

Sonho Satan coroado,
soberano e trimegisto nas encruzilhadas,
ouvindo Thanhauser em Paris.

A alma das coisas
alimenta meu olhar delirante,
minha maldição e meu segredo.

Minha poesia é  suja
e fede como o mundo atual.
Meus versos
são tristes  flores do mal.

quinta-feira, 8 de abril de 2021

AFORISMO CONTRA A VERDADE

Existem muitas formas de falar para não dizer nada, mas confirmar aos ouvidos dos surdos as mudas razões  de suas verdades.

POEMA PUNK EXISTENCIALISTA

já não  me basta
diante do absurdo do mundo
contrapor  qualquer forma de desobediência civil.
Reivindico agora
a condição de insubordinação mental,
de resistência  existêncial,
aparentada a loucura , ao paradoxo,
e ao desregramento mais radical.
Quero o direito de não  fazer sentido,
de ser maldito,
de não  contribuir para o futuro
e abominar todo ideal social.





CONTRA TODA ESPERANÇA

Nos resta agora
vomitar a vida nas coisas mortas
e estáticas que afirmam a ordem.
Criar novas éticas e estéticas
de liberdade,
fazer a tradição arder em chamas,
ser a potência dos afetos e do corpo,
na festa de outros modos de vida
que nos atualizam o tempo de agora da embriaguez.
Só nos resta o grito e o ato do mais sublime desespero
contra a passividade e conformismo 
que nos oferece a esperança. 
Sorria: o futuro está morto!


quarta-feira, 7 de abril de 2021

QUASE UTOPIA

Na imaginação selvagem
da  terra nua
de um país sem nome
Inventarei tempestades,
lutas e festas,com toda a intensidade, 
de um céu  rasgado em guerras.
 Todas as mazelas da vida serão  desafiadas,
todas as injustiças denunciadas,
nenhum poder merecerá respeito.
Nada será como antes
nas ruas e praças deste lugar sem rosto
onde  um povo espera
inventar sua propria realidade
em radical liberdade.


terça-feira, 6 de abril de 2021

HADES

Ir ao fundo do fundo
do mais profundo de si.
Cavar um buraco na consciência,
descer do corpo e dos sentidos,
até  a infância  da percepção
que antecede o pensamento.
Ser na escuridão uma orda primitiva
em estado de total confusão.
Descobrir o pânico do primeiro animal.
Tocar o caos, 
o ilegivel e inexpressivel da existência  nua
onde é impossivel ser.




domingo, 4 de abril de 2021

PALAVRA CEGA

A palavra cega e nervosa
quer gritar a existência. 
Tenta dizer o sangue,
a carne,
o afeto e o suor.
Ela inventa a alma das coisas,
as intensidades,
onde só cabe o silêncio,
tateando no escuro do pensamento,
enquanto a gente vê 
tudo que não  enxerga.


MÃO DE OBRA

Não  serei o último,
nem o primeiro.
Nem vencedor,
nem vencido.
Estou vestido de ninguém 
em um mundo de bem sucedidos
e derrorados
que justificam qualquer tolo objetivo existencial auto imposto.
Não  me queiram util ou inútil 
em um mundo de descartaveis,
de aparencia e consumo,
onde ninguém mais vale
a letra do próprio  currículo.




PICHAÇÃO

Seguimos em frente 
violando o espaço  em branco 
com palavras de abismo e fogo.

Nosso dizer não  representa, 
não  busca a realidade,
como máscara da ficção de qualquer verdade.

Exibimos palavras nuas e indecentes,
inocentes,
livres do rigor de toda ordem discursiva.

Seguimos em frente sem qualquer pudor.
Pois nada vai bem
desde o principio dos tempos.

lutamos contra palavras armadas,
bem vestidas e engomadas, 
que vivem da sorte das boas letras e dos engodos juridicos e politicos.

Nosso poema é  desenhado no muro dos fatos
como um desafiafor protesto.
Somos os muros pichados pela vontade livre.





sábado, 3 de abril de 2021

DEUS ESTA MORTO!!

"Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? - também os deuses apodrecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós, assassinos entre os assassinos? O mais forte e o mais sagrado que o mundo até então possuía sangrou inteiro sob os nossos punhais - quem nos limpará desse sangue?" (NIETZSCHE, Gaia Ciência, § 125)

A criatura que mata o criador supera a si mesma, torna-se mundo, demiurgo, produtor e instrumento da vida,  regressa a natureza, a existência e a morte, ao caos e a ordem, no jogo incessante dos opostos e do multiplo em devir.
A criatura desaparece no inumamo uma vez dissipada a ilusão  de um mundo verdade. A vida se faz tempetade e aprendemos a acontecer na intempestividade do relâmpago.