segunda-feira, 26 de junho de 2023

O PIOR CENÁRIO POSSÍVEL É O DA SOBREVIVÊNCIA DO MUNDO ATUAL

Não temo a possibilidade de qualquer verossímil versão de fim do mundo. Todo o meu horror está em imaginar a perpetuação do mundo atual, a extensão permanente do tempo presente até os limites das nossas angústias e precarizações.
A mais perversa das distopias, para mim,  é a simples  hipótese de sobre-vivência da civilização e seu maldito ideal de espírito e humanidade ( ou inconveniente delírio antropocêntrico de grandeza).
Meu medo maior é da eternidade do novo como sempre igual, a possibilidade de qualquer garantia de  amanhã para os dias atuais, reduzindo, assim,  a morte a um privilégio exclusivo dos nossos corpos. 

domingo, 25 de junho de 2023

O SEM FUNDO DO CHÃO

Há um pouco de chão
neste céu que esmaga
nossa imaginação
e intorpece a visão.

Chão em que vejo a morte
fazendo o parto dos contemporâneos.
A mesma morte que consome os antigos e nossos sonhos mais introspectivos.
Aquela estranha morte que nos liberta
da terrível doença da vida,
que nos faz adivinhar uma existência mais primitiva e evasiva.

Há um chão sem limites no abismo da imaginação.
Através dele tudo perde o sentido
e se desfaz toda ilusão de razão.



quarta-feira, 7 de junho de 2023

DECADÊNCIA INFINITA

Quase me lembro
do futuro da humanidade,
de nossas ilusões de progresso
e felicidade,
acumuladas entre as ruínas 
das gerações.

Quase me comovo e anoiteço
caído à sombra de um rosto,
adivinhando quem já fui um dia.

O tempo será sempre o senhor dos enigmas, 
feroz inimigo do poder e da glória
e a alma de nossa decadência infinita.
A ruína da cidade será ditada por alguma racionalidade autoritária e fria.

terça-feira, 6 de junho de 2023

CONFISSÃO IRRACIONALISTA

O aleatório somatório de memórias quebradas,
 Afetos, fomes e cotidianas certezas, Traduzidos em um fluxo caótico de experiências, 
 é o que me define como ser vivente e hedonista. 

 Nego a razão, o ingodo da representação, 
Que me reduz a um animal doente, Incapaz de viver o mundo
 Em toda a sua plenitude sensorial,
restrito pelas grades da  fé
em qualquer princípio imaterial.

 Nego tudo tudo que me castra 
A selvagem imaginação.

sábado, 3 de junho de 2023

MANIFESTO LUCIFERIANO SURREALISTA

O que é inumano jamais será desumano.
Pois só é desumano o que é divino, maravilhoso e racional.

Contra a desumana razão do Estado,
avesso a ordem divina e humana,
na contramão das leis e costumes dos rebanhos,
serei sempre intensamente bestial,
anti totalitário e anti policial,
um tolerante espírito livre,
  flamejante portador da luz libertária,
em imanente e hedonista devir pós humanista.



quinta-feira, 1 de junho de 2023

ELOGIO AOS SOBREVIVENTES

Falta-nos hoje a sutil ignorância 
que permite a ingênua crença no mundo,
o cultivo de algumas tristes esperanças.

 Nos tornamos todos, 
de um modo ou de outro, demasiadamente rudes,
 Incapazes de sucumbir a ilusão de qualquer tipo de fé
ou fervorosa convicção. 

 Somos seres áridos a construir desertos sobre a terra 
em um mundo que aboliu a infância,
que nos fez rudes e duros
campeões dr uma infecunda sobrevivência.