sexta-feira, 29 de abril de 2016

NENHUMA RAZÃO

Eu podia imaginar inúmeras razões para não sair da cama.
Mas ainda me restava um mínimo de senso de dever
E a irresistível vontade de acender um cigarro.
O resto era indisposição e má vontade com o mundo.
Mas pode ser que o dia termine antes da manhã,
Que eu tropece em algum acaso
Ao atravessar a rua e acorde em um hospital.
Nada está sobre controle.
As vezes é necessário se perder de si mesmo
Para simplesmente organizar os desejos

Que nos sustentam a realidade.

SOBRE A MISÉRIA HUMANA

Buscamos viver como deveríamos ser.
Mas realizamos apenas caricatas personas
No trato social
Enquanto ignoramos nossos defeitos,
Limites e erros.
Nada mais humano do que enganar-se
Sobre si mesmo,
Do que idealizar-se diante do espelho.
Somos uma grande piada.



quinta-feira, 28 de abril de 2016

ELOGIO AO ANARQUISMO ONTOLÓGICO

Hakim Bey  e seu terrorismo poético representa uma estratégia radical de desconstrução, de desaparecimento do real...
Seja de todas as formas possíveis o monarca de sua própria pele,
Pertença a si mesmo  radicalmente.
Recorra a arte sabotagem e ao terrorismo poético.
O caos sempre esteve em todas as partes, indomável e intrasponivel.
Viva o anarquismo ontológico!!!!



quarta-feira, 27 de abril de 2016

RENUNCIA

A partir  de hoje
Renuncio por subjetivo decreto
a todos os meus medos  e certezas.
Reivindico a coragem dos loucos
Que escolhem sua própria realidade.
A sociedade  não  dirá  meu gosto,
Meu rosto e nem minha infelicidade.
Quero eu mesmo
Escolher minha ruína.
O passo dos outros
Não  mais definirá  meu caminho.
Aprendi finalmente
a virtude de ser sozinho.

OS LIMITES DA REBELDIA

Ainda que a vida mude,
Que meu destino se torne
Outro,
Continuarei sendo
O mesmo do meu rosto,
Este individuo torto,
Inconformado e desajustado
Em constante desencontro com o mundo.
Mas tantos afirmam o mesmo
Que o desencontro se tornou encontro
E já não faz mais sentido

Como qualquer outro enunciado possível. 

DESENCANTO MATINAL

Acordo mais uma vez,
Como todos os dias,
De má  vontade com a realidade.
Lá  fora o mundo acontece
E tudo que eu queria
Era me enterrar em silêncios .
Precisava de um gole maior de sono.
A preguiça  é  minha filosofia de vida
E ja estou farto das diurnas horas
De trabalho inútil.
Deixem-me dormir mais um pouco.
Não  quero fazer parte
Desta fantasia absurda
Que chamam de realidade.

domingo, 24 de abril de 2016

SOBRE MENTE E CORPO


A existência antecede o pensamento. Pois a mente é  finita e idêntica ao corpo. Em todas as dimensões  de nosso acontecer no mundo somos apenas um corpo. Respiramos, antes de sentir e pensar. Não  há qualquer metafísica nisso, nenhuma abstração  absurda. Somos um corpo e a perenidade  é nosso destino. Portanto, antes de pensar, vivam intensamente o tempo que lhes  acontece  na coincidência  de mente e matéria.

sexta-feira, 22 de abril de 2016

UM SEGUNDO DE ERRO

O passado me esclareceu
O futuro
Quando nada ainda
Havia acontecido.
Matei alguns anos
De vida
E e me surpreendi
para sempre
Em um tempo presente
Onde o amanhã
Era fácil e previsível.
Ja  não  buscava acontecimentos
E nem acreditava nos fatos
Naqueles dias de futuro esclarecido.

quarta-feira, 20 de abril de 2016

MEU INTIMO DESERTO

Minha vida é um estar a deriva em busca de qualquer coisa mais intensa do que a mera existência, qualquer anti metafisica delirante de pós sentido que me roube todo juízo.  As favas explicações, certezas e soluções!

O mundo segue a beira do abismo e minha existência cabe em menos de um segundo de  eternidade!

Não quero respostas, não quero futuro.


Deixem-me  crescer  como este deserto que é o mundo.

terça-feira, 19 de abril de 2016

MINHA VIDA

Admito que não era grande coisa.
Era apenas minha vida,
Tudo aquilo que me foi possível
Contra todas as circunstâncias.
Tudo era o que tinha que ser,
Mesmo que eu sem sempre
Ficasse satisfeito com isso.
Mas quando olhava a vida
De outras pessoas
Eu sempre preferia a minha.
O mundo não era frequentado

Por heróis. 

sexta-feira, 15 de abril de 2016

ELOGIO AO SURREALISMO

A aposta no irracional , na exploração do inconsciente e a recusa dos valores burgueses ( pátria, família, ciência, instituições , honra, progresso, etc.) tornaram-se na França do pós primeira grande guerra uma bandeira poderosa através do movimento surrealista que, mais do que uma vanguarda estética, constituiu uma radical releitura da vida  e um desafio e insulto a nossa pouca realidade transfigurada em civilização.

A estetização da existência e a invenção cotidiana da liberdade como subversão de todos os princípios vigentes,  pode ser considerada a grande inspiração do movimento liderado por Andre Breton,  que contou com a participação  decisiva de nomes como Antonin Artaud e Salvador Dali, para citar os mais extremos e exóticos.

Enquanto forma radical de contra cultura, o surrealismo foi um movimento que contribuiu para invenção de uma nova imagem de mundo que caracterizaria o século XX, definida, no plano da cultura, pelo avanço do artificio tecnológico e consequenteredefinição da sensibilidade estética, vide a transformação dos hábitos culturais e da perpecpção através de invenções como o radio, o cinema e a fotografia.

O surrealismo foi, em linhas gerais,  um reconhecimento aberto dos fundamentos irracionais da existência, da necessidade de reincorporar o “maravilhoso”, o exótico, como categoria indispensável a codificação do real. Um real cada vez mais fluído e não normativo.


O Surrealismo pretendeu ser, em todos os seus sentidos, uma espécie de anti arte e transformação radical da vida, uma revolução comportamental sem precedentes. 

terça-feira, 12 de abril de 2016

A IMAGINAÇÃO COLETIVA

Posso escutar as vozes
Das raivas antigas,
Os passados frustrados
Que ainda assombram
O indefeso futuro
Que em algum  lugar além
Nos espera vazio
E faminto.
Fantasmas existem
Nos mais cotidianos
Cantos de realidade
Onde as imaginações
Contaminam os fatos.
Acordam emoções
E incertezas,
Aos poucos  o grande monstro
Das verdades absolutas
Desperta.
Como é cômodo inventar salvações
Quando tudo parece perdido.


REMINESCÊNCIA SURREALISTA

A vida cotidiana  é sustentada por um punhado de precárias certezas coletivas.

Existimos socialmente imersos em convicções abstratas baseadas na ocorrência de regularidades objetivas e previsibilidades vazias. O mundo apenas funciona e segue seu curso. Isso é tudo que interessa aqueles que se acomodam. Poucos atrevem-se a inspiração do impossível, do que não faz sentido e acorda a imaginação criadora.


Pessoalmente, estou entre aqueles que se recusam a ficar indiferentes ao vento da ´poesia  e a invenção do absurdo contra  a nossa pouca realidade de todos os dias.

sexta-feira, 8 de abril de 2016

O AVESSO DO ILUMINISMO

Não pretendo contribuir de maneira alguma  para o progresso da humanidade.

Não farei filosofias ou grandes descobertas cientificas para ter meu nome na boca dos imbecis de letras e boa gramática. Não quero cretinos que nunca me viram mais gordo  falando dos meus pensamentos em algum banco de universidade.

Minhas ideias , são minhas e de ninguém mais.

Prefiro compartilha-las com os poucos selecionados pelos critérios vazios da minha volúvel simpatia. Afinal, a grande maioria não seria capaz de entender meus radicalismos existenciais, meu desprezo pela banalidade de todas as  verdades  até então estabelecidas.


Meu saber tem por premissa a nadificação absoluta, o corroer de todo sentimento ainda vivo de mundo em nome da desistência coletiva deste acidente sem medidas que foi o acidental e trágico desenvolvimento da espécie humana.

NOTA SOBRE UM DIA VAZIO

As pessoas acreditavam  demais em todas as convicções que inventavam para que a realidade fizesse algum sentido dentro de suas cabeças. Mas nada funcionava a contento no jogo social e  todas as hipóteses  explicavam precariamente o caos coletivo que ousávamos ainda chamar de sociedade.


Eu já não tinha muito o que pensar sobre nada. Apenas seguia o fluxo como todo mundo com meia dúzia de certezas rotas no bolso.  O dia acabaria em uma noite vazia e nada iria mudar isso.

terça-feira, 5 de abril de 2016

EQUÍVOCO ONTOLÓGICO

Entre os enganos dos sentidos
e da mente
venero o equivoco.
Sei que não estou inteiramente certo,
que ignoro os desdobramentos dos meus atos
e não faço qualquer ideia
de onde me leva a vida.
Ao final de tudo
a evidencia dos erros
me esclarecerão aquilo tudo
que não foi possível

e porque não pude dar certo.

segunda-feira, 4 de abril de 2016

CULTURA E CONDIÇÃO HUMANA

Economia e politica dizem muito pouco sobre nossas codificações sociais do mundo e sobre nossa cotidiana invenção da realidade. A cultura, enquanto conjunto de todas as formas de se fazer no mundo, é a que estrutura todos os fatos e atos cognitivos.

A vida não é feita de dados, mas de representações simbólicas em sua complexa e irracional concretude.