A aposta no irracional , na
exploração do inconsciente e a recusa dos valores burgueses ( pátria, família,
ciência, instituições , honra, progresso, etc.) tornaram-se na França do pós
primeira grande guerra uma bandeira poderosa através do movimento surrealista
que, mais do que uma vanguarda estética, constituiu uma radical releitura da
vida e um desafio e insulto a nossa
pouca realidade transfigurada em civilização.
A estetização da existência e a
invenção cotidiana da liberdade como subversão de todos os princípios vigentes, pode ser considerada a grande inspiração do
movimento liderado por Andre Breton, que
contou com a participação decisiva de
nomes como Antonin Artaud e Salvador Dali, para citar os mais extremos e
exóticos.
Enquanto forma radical de contra
cultura, o surrealismo foi um movimento que contribuiu para invenção de uma nova
imagem de mundo que caracterizaria o
século XX, definida, no plano da cultura, pelo avanço do artificio tecnológico e consequenteredefinição da sensibilidade estética, vide a transformação dos hábitos
culturais e da perpecpção através de invenções como o radio, o cinema e a fotografia.
O surrealismo foi, em linhas
gerais, um reconhecimento aberto dos
fundamentos irracionais da existência, da necessidade de reincorporar o “maravilhoso”, o exótico, como categoria indispensável a codificação do real. Um real cada vez mais fluído e não normativo.
O Surrealismo pretendeu ser, em
todos os seus sentidos, uma espécie de anti arte e transformação
radical da vida, uma revolução comportamental sem precedentes.