segunda-feira, 30 de setembro de 2013

OBSESSÃO ( MINI CONTO)

Eu a conheci em uma noite de tempestade. Nos entrelaçamos tão profundamente  em uma troca de olhar que bastaram poucas palavras para que nossos corpos se confundissem  em espetacular e selvagem agonia de prazeres e âncias.

Naquele mesmo dia nos tornamos ardentes amantes. Ficamos viciados um no outro  com tamanha violência que passamos a nos ver diariamente,  a viver para nossa desvairada luxuria.

Nada mais importava ou fazia sentido. Éramos escravos de nossas horas de amor que, com o passar do tempo, ganharam as sombrias cores das mais bizarras praticas sexuais. Perdíamos gradativamente o controle sobre o nosso desejo. Precisávamos ir cada vez mais longe para satisfazê-lo.  Não demorou muito para que nos comportássemos como verdadeiros animais. Não ouso aqui dizer minucias sobre nossas práticas deploráveis. Nada que o leitor possa imaginar chegará perto do terrível de nossos atos.

Mas tão repentinamente como começou nosso relacionamento chegou ao fim. Em uma de nossas orgias ela simplesmente arrancou meu saco escrotal com uma faca que escondera debaixo do travesseiro. Urrando de dor eu a asfixiei antes de perder os sentidos. Aguardo agora minha recuperação neste leito imundo de hospital  donde sairei para amargar alguns anos na prisão.

Foi o que me rendeu esta paixão doentia. Descobri  com minha aventura absurda o quanto as vezes perdemos o controle sobre as coisas e nos tornamos escravos do destino. Mas se querem saber, não me arrependo de nada. Nunca  imaginei  que o sexo poderia proporcionar aquele tipo de prazer que insanamente compartilhamos.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

DO INÚTIL DE NOSSA REVOLTA


Enquanto a falsa adesão ás ilusões de felicidade e segurança proporcionada pelo senso comum nos torna dóceis e medíocres escravos da disfuncional rotina dos tempos contemporâneos, o sofrimento e o descontentamento nos inspiram a ir além da simplicidade dos fatos estabelecidos, mesmo que toda ilusão de futuro e devir já não nos sustente qualquer generosa promessa de amanhã.

O novo e o porvir já desapareceram do nosso horizonte ontológico, mas a inquietude ainda nos move, nos faz inutilmente questionar o existente em tempos em que toda oposição e antagonismo apontam apenas para o domínio do sempre igual e da tragicidade do abandono dos fatos.

PENSAMENTO E CORPO

No pensamento tudo acontece simultaneamente.
Não há passado, presente e muito menos futuro. 
Apenas o agora que arde, que fere e grita em serena agonia de vida.
Através do pensamento é nosso corpo quem fala como presença e consciência de mundo que transcende a tola abstração de um supostamente pensante...

sábado, 21 de setembro de 2013

O DESAFIO DA LIBERDADE



A liberdade
Tirou a calcinha

Na esquina
E me mostrou o dedo.
Depois arrotou
Na minha cara
E me chamou de lacaio
Das pseudo autoridades
Que me castram
O criativo absurdo
Das mais vivas vontades
Escritas
Em meu rosto nu.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

ELOGIO A VAGINA INSURGENTE!



Viva a vagina,
Abaixo o pênis!
Viva a alegria!
Foda-se o poder!
Que o partriacado
Se afogue
No sangue de uma mestluação!
A liberdade é rubra!!

AVISO

Minha vida é tão somente uma obra de ficção. Portanto, qualquer semelhança com a realidade, ou com coisas convencionalmente consideradas reais, não  passa de uma infame coincidência de acasos auto replicantes.
Minha existência é um constante esforço de desconstrução de tudo aquilo em que a maioria das pessoas acredita para suportar o vazio de suas parcas e porcas existências ditas humanas. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

POEMA GRITO

Estarei em breve
Entre os desarrazoados
E selvagens
Que seguem contra
A corrente,
Que bradam contra
A multidão
E rasgam o céu
Em franco e  raivoso
Protesto.

Apenas o caos
Será, daqui para frente,
Permanente.
Apenas o caos...


terça-feira, 17 de setembro de 2013

NOITE VAZIA


A noite vazia transcende
A cidade,
Vai além da própria vida
Na metafisica insana
Das coisas perdidas,
Das palavras partidas,
E do meu eu quebrado
Em uma mesa qualquer
Na parte escura de um bar.


A noite vazia
É o abrigo dos atormentados,
Dos desvairados,
Que em cada segundo
Apenas buscam inventar
Uma nova forma de gritar.

domingo, 15 de setembro de 2013

LUTO CIVILIZATÓRIO



Hoje acordei completamente lúcido.
Tão lúcido
Que já não tenho
Qualquer coisa
A dizer.
Pois o próprio mundo
Ficou mudo
Em seu silencioso e constante
Trabalho de luto
Que, estranhamente,
Quase não se vê.
Mas a realidade não passa de ruínas
De nossa humanidade
Que com o tempo se empilham
Como triste testemunho
De nosso tempo perdido.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

EFÊMERO COTIDIANO



O cotidiano
Apenas reforça os hábitos,
Nos joga de encontro
Ao sempre igual
De um futuro ausente,
De uma promessa permanente,
De agora e sempre
Que não transcende
O profundo superficial
Deste momento irracional.

NEO NIILISMO




UM DIA
ESTAREMOS TODOS JUNTOS
NO FUNDO DO MUNDO,
NO AVESSO DE UM ESPELHO
QUEBRADO.

NÃO MAIS NOS RECONHECERMOS
UM NO OUTRO,
NADA SERÁ IMPORTANTE.
VIVEREMOS SEM RUMO
E SEM EXPECTATIVAS.

NÃO ACALENTAREMOS SONHOS.
POIS VIVER É TÃO POUCO
QUE NÃO VALE UM OBJETIVO.