terça-feira, 30 de dezembro de 2008

POEMA PÓS UTÓPICO

Procuro um lugar de mundo
Onde eu não tenha opções,
Não viva de questionamentos
Ou conclusões.
Onde a única razão de tudo
Seja morrer e acabar,
Aproveitar a vida e o mundo
Sem verdades e ilusões
Maiores do que eu
Ou do meu pequeno corpo em sensações...

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

ACASO

A VIDA É UM ALEATÓRIO
FAZER-SE DE POSSIBILIDADES
EM LANCES  DE DADOS ABSTRATOS.

SIGO EM DIREÇÃO AO INFINITO,
DEIXANDO-ME PELO CAMINHO
QUE ME MOLDA O CORPO
EM GOLES DE FANTASIA
E DELIRIO.

TUDO É SEM LIMITE
APESAR DA FINITUDE...

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ANT- HEGEL


A vida é apenas isso... o quase acontecer de todos os dias entre desejos e delicias até o limite do querer absoluto.
No inicio era o Desejo... O querer em acontecer sem limites que inventou o mundo entre o delírio e a embriagues masturbatório.
Somos imagem e semelhança do desejo, futuros mortos no infinito de Eros em pós e meta absoluta realidade de um presente de prazeres eternos que nunca se realizam. Mas a dialética do desejo cria varias figuras em sua realização absoluta! O espirito foi uma delas, através das 10.000 variantes do "desejo de saber"...

PALAVRAS DA INVIZIVEL ESFINGE


O vazio pode ser ás vezes o único “lugar” possível onde nos reconhecemos, onde nos percebemos como complexa e insignificante existência a ganhar corpo na alma da fantasia. Afinal, em tudo que somos, não somos e podemos ser, há algo de incontrolável e insólito.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

LOUCA SUBJETIVIDADE

Minha vida pode mudar
Em uma piscadela de sonho
E revelar tudo aquilo
Que sou sem saber
Entre o noturno e o diurno
De minha falsa alma.

TUDO PODE ACONTECER...
POSSO POSITIVAMENTE
ENLOUQUECER
E FAZER REAL
MINHA SIMPLES REALIDADE...

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

FREE AND BIRD



O surrealismo pressupõe a recusa da arte como um valor enterrado em si mesmo ou condicionado as convenções da “boa sociedade”. O surrealismo é uma doença contra o senso comum e a opinião de todos aglutinadas por alguma definição ridícula de como as coisas deveriam ser, de como devemos viver... O surrealismo é um grito contra todo conformismo e justamente por isso qualquer coisa alem do próprio surrealismo...
O surrealismo é um misto entre o bufão, o rebelde e a esfinge... em nome da liberdade...


Aprenda a voar como um pássaro ou viva suas asas quebradas em goles de céu de ultrapassados valores de mundos formais desconstruidos...

Quem é vc? O passaro ou a pedra?...





FREE AS A BIRD...

DELIRIO DIURNO

A vida corre ao meu encontro
Ocultando-se em um vestido vermelho.

O céu caiu da janela
Agora pouco...

É quase hora de acordar
E esquecer o dia
Que entre vazios
Se inicia...

Poema filosófico: Schopenhauer

O mundo é a vontade envolta em ilusões de realidades.
Sei a dor do querer...
A busca inútil que tudo define e se cala na morte.

Entre sombras percorro o tempo,
O silêncio da eternidade.

Conduz meu caminho
O desejo em avesso.

Rosto algum
Chamei amigo
Entre as ruínas vivas
Do mundo.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

MATERIALISMO E SENSUALISMO

Mergulho em perfumes
Cores e sons
Até o desregramento
Das sensações.

Minha alma
É o meu corpo
Vestido de vermelho
E desejo.

Decomposto em todas as coisas,
Escavando fatos
Em concretude de instantes
Vislumbro instintos abertos
Em contemplação metafísica
De deslumbramentos e delírios.

domingo, 30 de novembro de 2008

VERSOS SATÂNICOS


Existo em tudo
Que proibido
Afirma vivo
Meu livre arbítrio.

Toda lei que preciso
É o físico bater
Do meu coração.


Entre caos e ordem
Do mundo
Solitário
Percorro imensidões.

Nada busco,
Nada quero
Alem de um desmaio
De razão
E invenções de liberdade
Contra o céu,
O inferno
E a falácia da criação.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

ANDRE BRETON E OS LIMITES DE EROS...




Embora tenha representado dentro do movimento surrealista uma arbitraria ortodoxia, incompatível com a riqueza de seus expurgados dissidentes, como Artaud e Dali, André Breton é uma incontornável referência desse movimento desafiador de nosso pouco e magro cotidiano.
Reproduzo aqui uma passagem do primeiro manifesto surrealista ( 1924) onde a liberdade é afirmada por Breton como a própria essência do surrealismo, mas não sem um confronto com a imaginação criadora como principio radical além de Eros e o mais profundo irracionalismo:


“Imaginação querida, o que sobretudo amo em ti é não perdoeares.
Só o que me exalta ainda é a única palavra: liberdade. Eu a considero apropriada para manter, indefinidamente, o velho fanatismo humano.. Atende, sem duvida, à minha única aspiração legitima. Entre tantos infortúnios por nós herdados, deve-se admitir que a maior liberdade de espírito nos foi concedida. Devemos cuidar de não fazer mau uso dela. Reduzir a imaginação a escravidão, fosse mesmo o caso de ganhar o que vulgarmente se chama a felicidade, é rejeitar o que haja, no fundo de si, de suprema justiça. Só a imaginação me dá contas do que pode ser, e é bastante para me surpreender por um instante a interdição terrível; é bastante também para que eu me entregue a ela, sem receio de me enganar ( como se fosse possível enganar-se mais ainda). Onde começa ela a ficar nociva e onde se detém a confiança do espírito? Para o espírito, a possibilidade de errar não é, a contingência do bem?”
( Andre Breton. Manifestos Surrealistas/tradução de Luiz Forbes. SP: Brasiliense, 1985, p. 34-35 )

SIMBOLISMO E MUSICALIDADE


O simbolismo representou em fins de século XIX uma profunda renovação da linguagem poética ao afirmar uma poesia que transcendendo os nexos lógicos da linguagem, os formalismos estilísticos e amarras gramaticais, mergulhava em um subjetivismo absoluto. Subjetivismo este que, quanto à forma, flertava com a musica, com a sonoridade das palavras arbitrariamente e simbolicamente dispostas no universo de um poema hermeticamente concebido pela imaginação do poeta/vidente.
Ao lado do símbolo, como elemento de ligação ou intermediação entre a realidade fenomenológica/sensível e o mundo das abstrações e idéias, a musicalidade pode ser definida como a grande peculiaridade do simbolismo enquanto movimento literário.
Radicalizando certas premissas românticas, os simbolistas buscavam a transfiguração da palavra em vislumbre do grande enigma que é a própria vida.

Mallarmé levou tal possibilidade as últimas conseqüências ao construir ou brincar de sentido sobre a falta de sentido evidente e translucida...

terça-feira, 25 de novembro de 2008

ESCRITA AUTOMÁTICA: EXISTO...

EXISTO
na medida
em que sonho,
em que me faço fantasia
e persona
entre o falso real dos dias
e apostas no outro de sonho
que criança
me desafia ao infinito
do raso de um lucido delirio...

EXISTO...
Virtual e deliricamente
em um estranho gole de realidade....

ARTE E FANTASIA

Toda arte é abstrata fantasia.
Por isso mesmo é meta realidade
Onde a poesia espia
As ilusões do mundo
No banal segredo
De cada dia.

Em tudo enxergo magia,
Desejo e cores
De uma delirante alegria
Que se desfaz
Entre a atemporal infância
E o absurdo cotidiano
De todos os dias...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

THEL'S MOTTO... BY BLAKE...

Thel’s Motto


Does the Egle Know what is in the pit?
Or wilt thou go ask the Mole?
Can Wisdom be put in a silver rod?
Or Love in a golden bowl?

Mote de Thel


“Sabe a Águia o que há na toca?
Ou a Toupeira perguntarás de que s e trata?
Cabe a Sabedoria numa vara de prata?
Ou o Amor numa taça de ouro?”

William Blake

WILLIAM BLAKE BLAKE PARA PENSAR...



A ESTETICA de Blake é uma estética do desejo e do delírio em mágico e erótico dialogo dos opostos na realização mítica e religiosa do mais profundo desejo do homem através do excesso e realização serena de si...



The Voice of the Devil ( A voz do Demônio)
By William Brake in The Marrriage of Heaven and Hell

“Todas as Bíblias ou códicos sagrados têm sido as causas dos seguintes erros:
1- Que o Homem possui dois princípios reais de existência: Um Corpo & uma Alma.
2- Que a Energia, denominada Mal, provém apenas do corpo; & que a Razão, denominada Bem, provem apenas da alma.
3- Que Deus atormentará o Homem pela Eternidade por seguir suas Energias.
Mas os seguintes Contrários são verdadeiros:
1- O Homem não tem um Corpo distinto de sua Alma,
2- Pois o que se denomina Corpo é uma parcela da Alma, discernida pelos cinco Sentidos, os principais acessos da Alma nesta etapa.
3- 2- Energia é a única vida, e provém do Corpo; e Razão, o limite ou circunferência externa Energia.
4- Energia é Deleite Eterno.”

( William Blake. O Matrimônio do Céu e do Inferno/tradução de José Antônio Arantes.l SP: Iluminuras, 2° ed., 1995, p.19)

PIADA SOCIAL

Toda sociedade sacia-se através do controle das imaginações dos indivíduos além de toda possível real sociabilidade.
Toda sociedade é um espaço doente construída sobre o cadáver de deus e sobre a miséria humana contra a liberdade do indivíduo.
Solução? Seja você mesmo, descubra seu desajustado interior...

ABSURDA MAGIA DO EU

Neste instante habito
o indeterminado espaço
Das coisas pelo avesso.
.
Paises e sociedades,
Vazios princípios antigos
Correm lá fora
Desbotadamente
Entre o jardim da infância
E o céu da velhice.

Guardo asas e infinitos
No bolso perseguindo
A absoluta embriagues
De mundos dentro do mundo
Revelados em um segundo
De um mínimo e estranho “eu”
Entre os meus “eus” mais profundos.

domingo, 16 de novembro de 2008

O SURREALISMO E O MITO DO ORIENTE ASIATICO: UMA QUESTÃO CANIBALISTA...


Uma das questões fundamentais do ideário surrealista é a recusa da cultura e valores ocidentais estabelecidos pela modernidade. Para pensar a questão é muito interessante o seguinte fragmento que nos ajuda a melhor compreender a mítica do oriente que, inerente ao culto ao primitivismo das vanguardas européias, renasceria em fins dos anos 60 através do esoterismo e do psicodelismo.

“ ...Robert Danos pede socorro aos bárbaros asiáticos, capazes de seguir as pegadas dos “arcanjos de Atila”. E mesmo os mortos, aqueles que crescem na infinita sabedoria da ásia, como Th. Lessing, alistaram-se nesta cruzada.
Vê-se assim porque esta Ásia ideal devia agradar aos surrealistas. Os sábios do Oriente já não tinham respondido às questões que os surrealistas se colocavam? À custa de uma destruição radical ou de um esquecimento perfeito- mas se pode mas se pode esquecer o que jamais aconteceu?- da lógica, do conhecimento mecanicista, das compartimentações da ciência, finalmente tudo aquilo que deu supremacia ao Ocidente, tais homens pareciam viver em uma comunhão perpétua com a essência das coisas, com o espírito do grande. Todo, se não numa perfeita felicidade- ideal vulgar- ao menos numa liberdade total. Nada de contradições dilaceradoras como entre os homens do Ocidente, nada de lutas fatigantes contra o mundo mal feito. Parecia que eles tinham descoberto de uma só vez o Segredo que os milhares de homens do Ocidente se obstinavam penosamente em descobrir.
O Oriente não é apenas a pátria dos sábios, é também, para os surrealistas, o reservatório das forças selvagens, a pátria eterna dos “bárbaros”, dos grandes destruidores, inimigos da cultura, da arte, das pequenas manifestações ridículas dos ocidentais. Eternos revolucionários, armados com a tocha flamejante e incendiária, eles, sob as pegadas dos cavalos de Átila, semearam ruína e morte, com vistas a um renascimento. E a própria revolução russa, misteriosa porque asiática, já não se apresenta aos olhos de Breton e de seus amigos como “uma simples crise ministerial”. Nela fundirão finalmente todos seus desejos ardentes, mas vagos, de evolução universal, encetado por um Oriente negado e regenerador.”

Maurice Nadeau. História do Sureealismo./ tradução de Geraldo Gerson de Souza; Rervisão e produção de Plínio Martins Filho. SP: Editora Perspectiva ( coleção Debates), s/d, p. 71-72)

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

IMAGENS


As imagens que nos cercam no dia a dia, seja em revistas, quadros, certas fotografias, e desenhos aparentemente inocentes, podem ser circunstancialmente vistas como uma manifestação sócio-cultural que mexe com o mais íntimos de nossos pensamentos e princípios, como bem sabem os publicitários. Mas elas também podem ser irracionalmente apreendidas a partir de sua vida própria e secreta, manifesta em seus trans-significados, em seu dizer- algo não verbal a partir do não lugar de suas significações mais profundas; tratar-se-ia do dizer a própria psique enquanto um vasto e ainda relativamente desconhecido território da condição humana.
Toda imagem comunica o meta-lugar de uma outra realidade perdida de nós mesmos nos confins mais longínquos da imaginação.
A imaginação é, em outras palavras, a essência da psique e a quintessência do que chamamos ingenuamente de realidade.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

BREVE DEFINIÇÃO DE REALIDADE


O QUE CHAMAMOS DE REALIDADE É O MEIO TERMO ENTRE O DESEJO E A OBJETIVIDADE EM SONHOS PUERIS DE SIGNIFICADOS.
A EXISTÊNCIA É ESSENCIALMENTE SIMBÓLICA... É UMA ESTÉTICA DE BUSCAS E IMAGINAÇÕES...

O CEU DENTRO DOS OLHOS


O céu dentro dos meus olhos
Faz-me enxergar o infinito,
O distante e errante
De metas realidades
No radical acontecer do corpo
Em nuvens de pensamento.

Rendo-me ao brilho
De um sol psicodélico
Múltiplo em cores e sentidos
Na vitalidade de um sonho
Cada vez mais distante
Na proximidade do desejo.
O ato de olhar
transforma-se em arte...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

LIVE

Vivo apenas
Do dia, da noite e do acaso
Nos labirintos da embriagues
De um céu negro e distante.

Vivo na violência do vento,
No corpo das tempestades
Que procuram madrugadas
Nos intervalos da vida.

Vivo da violência
De um encanto de vida
Cravado no peito
Da própria realidade.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

SIGNIFICADOS DIALÓGICOS DE CERTAS PALAVRAS INTERESSANTES


EQUINÓCIO: A época do ano em que tanto o dia quanto a noite tem a mesma duração...

SOLSTÍCIO: O mais longo dia ou curto do ano....

PERGUNTA: Em quantos equinócios e solticios se fazem as nossas frágeis biografias em imagens psicológicas e vividas de absoluta matéria e sensualismo?

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

ARTAUD E VAN GOGH...




Antonin Artaud deu em sua contribuição ao surrealismo uma didática do desespero e da revolta na mais absoluta e positiva ruptura com o cotidiano. Em um de seus textos clássicos "Van Gogh. O Suicidado da Sociedade" ele expressa o quanto com absoluta radicalidade... Esse ensaio foi composto a partir de textos escritos em 1947. Segue um fragmento de sua introdução que nos afirma o quanto a “normalidade” é insana... Afinal, qual é a distância entre bom senso e loucura? Tudo depende de nossa capacidade de acreditar sinceramente em alguma coisa...

“Pode-se falar da boa saude mental de Van Gogh que, em toda a sua vida, apenas queimou uma mão e, fora disso, não fez mais que cortar uma vez a orelha esquerda,
Num mundo em que se come todo dia vagina assada ao molho verde ou sexo de recém nascido flagelado e enraivecido,
Tal como foi colhido à saída do sexo materno.
E isto não é uma imagem, mas um fato abundante e cotidianamente repetido e cultivado por toda a terra.
E é assim, por mais delirante que possa parecer essa afirmação, que a vida presente se mantém em sua velha atmosfera de estupro, de anarquia, de desordem, de delírio, de desregramento, de loucura crônica, de inércia burguesa, de anomalia psíquica ( pois não é o homem, mas o mundo que se tornou um anormal), de proposital desonestidade e de insigne tartufice, de imundo desprezo por tudo aquilo que tem raça,
De reivindicação de uma ordem inteiramente baseada no cumprimento de uma injustiça primitiva,
De crime organizado, enfim.
Isso vai mal porque a consciência doente tem um interesse capital, nesse momento, em não sair de sua doença.
È assim que uma sociedade tarada inventou a psiquiatria, para se defender das investigações de certas lucidezes superiores cujas faculdades de adivinhação a incomodavam.”

(Antonin Artaud. Linguagem e Vida/ Organização e tradução de J Guinsburg, Silvia Fernandes Telesi e Antônio Machado Neto. SP: Editora Perspectiva, s/d, p, 256.)

CONTRA A POUCA REALIDADE DE CADA DIA

No mais que real da embriaguez...
Artificiais paraísos reinventam
A realidade até o limite
Do virtual de todas as coisas.

O chão corre no céu
Em busca de infinito
E quase não consigo
Imaginar quem sou
Entre os destroços do mundo
Em que vivo.

Talvez tudo que exista
Seja o sorriso atrás do espelho
E do mundo
Na inversão de mim mesmo.

sábado, 25 de outubro de 2008

SENTIMENTO...

A realidade
não faz sentido,
não faz sentido,
não faz sentido,
não faz sentido,
não faz sentido,
não faz sentido,
não faz sentido,
não faz sentido,
não faz sentido...

NO MAIS SENTIDO POR MIM
em cotidianos deslocamentos...

O SURREALISMO E O MARAVILHOSO


O maravilhoso não é o mesmo em todas as épocas; participa obscuramente de uma classe de revelação geral, de que só nos chega o detalhe: são as ruínas românticas, o manequim moderno ou qualquer outro simbolo próprio a comover a sensibilidade humana por algum tempo.
(...)
No mau gosto de minha época, procuro ir mais longe do que os outros.”
André Breton in Manifesto do Surrealismo ( 1924)

Algo mais do que a pouca realidade de todos os dias faz nossas vidas em emoções, sentimentos e discretos delírios; talvez um sentimento de desfuncionalidade estrutural da sociedade e seus rotos valores ou hipocrisias...
Nosso “algo mais” é o FANTASMA DO MARAVILHOSO esbarrando no real de cada dia. A única opção é a loucura bruta ou a liberdade do surrealismo... Em outras palavras, o futuro é feio, explosiva e desafiadoramente surreal e confuso...
O conhecimento do bem e do mal já não está na maçã de nossos desejos, mas no sangue de nossas almas em agonia cristã.
É hora de comer passaros ,
voar por céus imaginários
em buscas de liberdades
quase mágicas...
É hora de abismos embriagados,
de sonhos necessitados...
É hora de explodir a data de hoje
e ontem
ao meio dia
queimando tudo no calor de um sol criminoso...

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

ANTI SOCIAL

A vida corre incerta
No devir do momento
Até o limite
Do meu ser nas coisas.

Serei em liberdade
Qualquer avesso de sociedade,
De hipócrita verdade,
Até o embriagado limite de mim.

Serei carro correndo
Na via pública
Ou absurdo de mesa feita e farta
Do almoço familiar.

DO DECADENTISMO OITOCENTISTA A CONTEMPORÂNEIDADE

O simbolismo é um “produto cultural” da sociedade de fins do séc. XIX moldada pelo desenvolvimento econômico e industrial aliado a um otimismo nas possibilidades do conhecimento cientifico e hegemonia da civilização ocidental européia.
Mas tal euforia, inspirada pela ilusão de uma razão triunfante, em fins de século foi profundamente questionada e abalada pelos seus próprios desdobramentos e malefícios concretos.
Seja no plano das idéias, por exemplo, pela filosofia de Arthur Schopenhauer, seja no plano político pelo movimento operário então emergente, o fato é que um certo sentimento de decadentismo apoderou-se então do espírito europeu, radicalizando-se posteriormente com o advento da primeira grande guerra nas primeiras décadas do século XX.
Esmiuçar o significado e motivações desta tendência sombria no plano da cultura e das artes é o objetivo maior deste blog, permitindo assim analogias e paralelos com o pessimismos e incertezas de nosso conturbado inicio de milênio.

NEGRA EUCARISTIA

Sonho a realidade
no saber do quanto
há em tudo que existe
fantasias, delirios
e desejos....

O proibido fruto
é minha eucaristia
na transcendência
do bem e do mal
em arcano conhecimento.

sombras e noites
envolvem-me a alma
e regresso a treva original.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

AS FLORES DO MAL E O SIMBOLISMO


Originalmente publicada na França em 1857, As Flores do Mal de Charles Baudelaire é a obra inaugural do simbolismo e um das mais impactantes obras poéticas de todos os tempos. Versando sobre temas tabus da época, seu lançamento foi um verdadeiro escândalo, um desafio a moral e estética vigente. Em sua luxuria, "satanismo" e desregramentos a obra em questão definitivamente foi capaz de dizer toda a beleza do mal....
Deixo aqui seus versos de apresentação para provocação e reflexão de todos e de ninguém:

AO LEITOR
A tolice, o pecado, o que amesquinha
Habitam-nos o espírito e o corpo viviam,
E adoráveis remorsos sempre nos saciam,
Como ceva o mendigo ao verme quie ele aninha.

Fies ao pecado, a contrição nos amordaça;
Impomos alto preço à infâmia confessada,
E alegres retornamos à lodosa estrada,
Na ilusão de que o pranto as nódoas nos desfaça.

Na almofada do mal é Satã Trimegisto
Quem docemente nosso espírito consola,
E o metal puro da vontade então se evola
Por obra deste sábio que age sem ser visto.

É o Diabo que nos move e até nos manuseia!
Em tudo o que repugna uma jóia encontramos;
Dia após dia, para o Inferno caminharemos
Sem medo algum, dentro da treva que nauseia.


( Tradução de Ivan Junqueira)

O GOZO DA CRIAÇÃO

A treva é mais clara
Que a luz que cega.
Pois sabedoria e virtude
Emergem apenas
Da embriaguez.

Que importa a hora,
A moral quimérica
Se a vida é criada
Pelo desejo e o gozo
Em máximo desregramento?

No principio
Existia apenas o prazer...

sábado, 18 de outubro de 2008

INFANTILISMO E MORALISMO

Meu corpo diz que o mundo existe nos cinco sentidos, enquanto meu pensamento o reinventa em regras, morais e princípios... Mas vale um entorpecente que toda regra de sociedade e limite. .. Afinal, somos adultos ou infantilizadas criaturas vivendo das muletas morais contra as criançolas que somos? É hora de aprender as joviais responsabilidades de indivíduos adultos onde antes só se via sociedade e falta de papai e mamãe.... Sou hoje mais que a familia, sou hoje meus erros e acertos no aprendizado de selva que faz o mundo em instinto, sobrevivência... Odeio policia, o medo dos mediocres e o controle dos miseráveis... Afinal, meu nome é liberdade ( ou Esfinge)...

SOBRE A VERDADE...

A única Verdade que existe é a negação da verdade em verdades particulares e incomunicáveis. Vivemos de múltiplas lógicas em diversidades de desejo.
Somos indivíduos, bandos, grupos e perdidos parias em ilusões coletivas afirmando o não sentido de realidades e enganosas certezas de qualquer coisa.
È HORA DE ENTRAR NA TOCA DO COELHO...