terça-feira, 25 de agosto de 2015

SOBRE MULHERES

Eu detesto mulheres que seguem a multidão, que se buscam perfeitas e desejáveis. É como se traíssem a si mesmas em uma sociedade em que só lhes permite afirmar a si nos moldes dominantes.

Gosto de mulheres imperfeitas, que se assumem  feridas, felinas e portadoras de uma grande imaginação. Por isso tive poucas mulheres em minha vida. A maioria delas queria algo mais do que meu pau. Queriam viver a dois contra o mundo e contra todas as certezas sociais. As verdadeiras mulheres que tive, sabiam frequentar seus abismos. Eram piradas de um jeito estranho. Feriam seu próprio ego. Queriam deitar comigo no abismo e ser mais do que toda a sociedade dizia sobre sua condição.

As mulheres que me ensinaram o mundo não buscavam felicidades e nem serem bem resolvidas. Eram puro pneuma , agressão e morte, contra tudo aquilo que até hoje foi definido como realidade.

Gosto de mulheres que negam o pau., que não precisam de mim. Gosto de mulheres que são mais que buceta, que não se contentam com qualquer  receita artificial de felicidade.


BREVES APONTAMENTOS SOBRE A ATUALIDADE DA CONTRA CULTURA E DO IDEAL LIBERTÁRIO

Há muita confusão quando se fala hoje em dia na contemporaneidade do anarquismo. Tendo a pensar que o anarquismo moderno, em suas formulações clássicas, no seio do debate do movimento socialista internacional do século XIX e no embate com o socialismo real no  inicio do século XX,  não sustentam sua contemporaneidade enquanto matriz de um ethos ou ideário libertário capaz de dar conta dos novos dilemas projetados pela sociedade pós industrial e suas novas tecnologias.

Vejo o anarquismo como uma critica ao Estado Moderno e a premissa de uma organização social fundada em hierarquias e práticas coercitivas e consensuais de regulamentação abstrata das interações humanas. Assim, o anarquismo é também uma critica a toda tradição e as convenções, uma filosofia cujo fundamento é a afirmação da autonomia do indivíduo e a imposição de  restrições ao coletivo e sua tendência a tutela moral da vida privada.

Tentando pensar um anarquismo filosófico que deslegitima as relaçãos de ordem e poder que nos inspiram o cotidiano, penso o ethos libertário como uma forma de contra cultura que se embriaga em suas origens no movimento romântico, nas vanguardas europeias, em especial, no legado dadaísta e surrealista, do que em qualquer ideologia política ou pratica associativa do chamado mundo do trabalho.

O anarquismo é antes de tudo uma forma de poesia e evasão que nos conduz a  existência como um ato estético. Sua materialidade enquanto força inspiradora da ação direta e cotidiana de indivíduos, exige a ousadia de romper com nossas seguranças e certezas pessoais, com nossa vaidade e narcisismos.  A realidade não é uma matéria compatível com nosso pueril desejo de qualquer forma idealizada de associação entre os seres humanos.  Trata-se sim de nos tornamos capaz de viver e lidar com as contradições e misérias humanas.
Quem  ousar afirmar a pratica libertária  no tempo presente deve sabe-la como um desafio, como a vontade posta em movimento de desconstrução e reconstrução constante de si e dos outros.  Nada é mais desagradável do que a liberdade como princípio e essência de nosso estar no mundo.

De pouco adianta responder o poder com coerção subjetiva frente ao autoritarismo onipresente. Devemos ser a liberdade em cada ato cotidiano. Afinal, o que transforma o mundo é a liberdade e não a necessidade. Superar o reino da necessidade é não reconhecer limites a irreverência e a criatividade.
Uma cultura realmente libertária exige que cada individuo seja capaz de levar a si mesmo as ultimas consequências.Ela se destina a formar indivíduos e não cidadãos que seguem como rebanho qualquer ideal ou principio abstrato de risível ordem social.
Não acreditamos mais em utopias. Queremos mudar o aqui e o agora  através da microfisica da redefinição das relações entre as pessoas a partir do reconhecimento do quanto elas são medíocres e limitadas em uma sociedade que nunca funcionou para todos.

O anarquismo tem como meta uma sociedade de plenos indivíduos. Ele é o inimigo da mediocridade coletivista que nos assombra em todas as direções do acontecer humano. O breve século XX ainda está por ser superado...

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

O MUNDO É UMA GRANDE PRISÃO

De um modo geral, as pessoas gostam de viajar e sonham em conhecer lugares distantes, outros países e culturas, como se isso lhes proporcionasse alguma espécie de experiência mais intensa de mundo e realidade. Mas não importa  quantas viagens você fez pelo mundo, o mundo nunca vai caber em toda sua diversidade dentro de você. Estamos condenados a pequenez de nosso pequeno cotidiano vivido e ele é tão insignificante que não merece visibilidade.

Eu poderia neste instante, hipoteticamente, estar em qualquer outro lugar do mundo. Mas ainda seria eu, ainda carregaria o peso de todos os meus afetos e pensamentos. Também não seria mais do que apenas mais um na paisagem. Nada seria diferente daquilo que já é.


Eu poderia passar o resto da minha vida trancado em um bom apartamento cercado por todo conforto e comodidade que a tecnologia hoje pode nos permitir. Seria para mim satisfatório não ter que sair as ruas e adentrar multidões. Não me faria falta um dia de sol a beira mar, ou uma noite no bar. Qualquer lugar onde eu possa estar já é por principio uma prisão. A gente nunca consegue sair de si mesmo. 

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

NOTA SOBRE O NIILISMO

O niilismo advoga a tese de que nada está sob controle, que estamos  condenados a liberdade  e livres do peso das tradições e dos valores positivos como fundamento do agir humano. Todos os valores universais, todas a verdades, foram reduzidos a ruínas de consciência.

Aos que insistem em seguir em frente, estejam conscientes de que isso não é mais possível como antigamente. A vertigem nos inspira enquanto o deserto cresce em todas as direções.



terça-feira, 18 de agosto de 2015

CONTRA TODA UTOPIA

Deixei de viver muitas coisas para me tornar aquilo que sou ou imagino ser.
Sei que a vida é uma delicada incerteza, um devir aleatório que oscila entre o significado e o não significado das  coisas. Mas temos uma  necessidade irracional de experimentar certezas e convicções que nos permitam domar o mundo e a nós mesmos. Pena que razão alguma funciona direito na justificativa das coisas que nos povoam o cotidiano.

Pena que o mundo não é e nunca será perfeito. Mas a possibilidade do impossível é o que nos refaz contra tudo aquilo que nos parece certo enquanto boiamos entre fundamentais incertezas.

CONTRA TEMPO

Queria outra manhã,
onde  já fosse amanhã
e eu pudesse, enfim,
acordar para vida
e não para rotina
que me parece sempre
feita de ontem.

Mas quem imagina?
O relógio da parede
embriagou-se...
de repente, já é tarde.

Já é Nunca!

segunda-feira, 17 de agosto de 2015

CONFORMISMO

Enquanto a maioria das pessoas se preocupa em viver, tento passar o maior tempo possível deitado, dormindo ou, simplesmente, embriagado.  Quero distancia deste negócio de realidade. Lidar cotidianamente com as pessoas nos ritos diários de nossa existência vazia e desnaturada, é algo que me enche o saco.

Admito que tenho hoje em dia pouca paciência com o mundo. Evito ler jornais, declino de convites para eventos sociais e não me preocupo com nada que transcenda os limites do meu umbigo. Continuar vivendo já anda  bastante difícil. Dedico cada minuto a inventar estratégias para não enlouquecer, para não romper com tudo e me refugiar em meu próprio mundo onírico e transparente. Uma loucura até que vinha bem a calhar contra toda esta lucidez insana. Mas a vida não é perfeita e sempre temos alguma coisa a nos contrariar, a lembrar de que o mundo nunca  será tal como achamos que deve ser. Então, tudo que se pode fazer é abraçar o  conformismo e pagar uma bebida ao tédio.



sexta-feira, 14 de agosto de 2015

A VERDADE É QUE VOCÊ NÃO É VOCÊ...

A alegoria implica em torcer significados, subverter o dizer e acordar, assim, as mais generosas forças da imaginação.

A verdade não passa de um grande brinquedo para o pensamento  que tenta desencontrar de si mesmo, fugir ao conceito, a verdade, relativizando o poder da apreensão.

O mundo só existe em nossos cérebros. Eis a questão aqui.  Tudo que concebemos não se confunde com as coisas. É preciso experimentar um certo estado de desorientação para desvelar  a existência como uma espécie estranha de sonho.

Não acredite que você é quem pensa que é. Não se pode passar a vida inteira imaginando isso...


...Mas é o que acontece. 

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

TEMPESTADE

Desisti de buscar soluções.
A vida é demasiadamente curta
para encontrar respostas
ou temer  as consequências dos meus atos.

Sirvam-me um pouco de liberdade.
Tenho sede de abismo
e febre de céus nublados.

Minhas imaginações incendeiam
pensamentos enquanto a noite
desce violenta sobre todos nós.

Sei as urgências do tempo,
os descalabros do insignificante
e os universos perdidos
no gritar deste instante de relâmpago.

deito no colo da tempestade.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

ESTADO DE NATUREZA

Tenho tido poucas oportunidades

Para viver minha vida

Como se fosse , de fato, minha.

Como se pudesse realizar ,

até o mais absoluto fastio,

Todos os meus desejos,

Todos os meus gritos

E selvagerias mais intimas.


Quem me dera possível

Esgotar  toda existência em um só dia!

Por fim a agonia

De me arrastar vazio

Sob o sol de verão.

Tudo que preciso é viver de verdade,

Nem que seja por algumas horas.

Não ter limites, não pensar em nada.

Apenas respirar e me afogar nos fatos

Como se a consciência fosse apenas

Um abstrato abismo.


sábado, 8 de agosto de 2015

INDIVIDUALIDADE E SOBREVIVÊNCIA

Estamos sempre procurando algo melhor do que temos. E não me venham com a pseudo filosofia  idiota de que devemos ser criativos com o que temos a mão.  Simplesmente estamos todos fudidos tentando sobreviver ao caos social, a esta merda toda de “boa sociedade”, razões, políticas, relacionamentos, bons empregos e tudo mais que define artificialmente realização pessoal.

Realizar-se é ser livre enquanto indivíduo. Uma sociedade que não nos permite isso não passa de lixo de organização coletiva. A invenção de nossa singularidade, de nossa individualidade, é o único caminho  fecundo contra as circunstâncias. Não nos satisfaz a vala comum do cotidiano. Precisamos e queremos inventar coisas diferentes daquilo tudo que nos oferece o insuportável dia a dia em sociedade.


O futuro ainda não chegou. Nunca vai chegar. Esqueçam a utopia. O tempo presente é um deserto selvagem e tudo aquilo que temos agora.

LUGAR NENHUM

O que temos para hoje é o requentado ontem que ainda não foi.
Assim segue sempre a vida,
Assim nos tornamos o que pensamos que somos
E quem achamos que fomos
Nas indecisões do ser.
A vida é feita de indefinições.
Estamos sempre errando e aprendendo.
A coisa certa é relativa e só se define
Depois do fim.
Siga em frente sem medo.

Não vamos chegar a lugar nenhum.

quarta-feira, 5 de agosto de 2015

CETICISMO

 “Não há mais salvação pela sociedade. Quem quer que hoje proclame a “Grande Sociedade”, como Lyndon Baines Johnson fez apenas 20 anos atrás deveria ser posto para fora da sala […]”
ZYGMUNT BAUMAN

Chega  fatalmente uma hora em que nos damos conta de que não há saída pela sociedade, do quanto estamos simplesmente abandonados a nós mesmos e a vida segue, simplesmente por seguir, no aleatório do vento.
Chega um tempo em que não acreditamos mais, em que nos despimos de certezas e deitamos sobre o caos esperando algo mais do que o monossibálico e banal cotidiano. Talvez tudo termine de repente em um fatal ponto de interrogação.


terça-feira, 4 de agosto de 2015

TEMPO DE SOMBRAS

Normalmente duvido de mim mesmo tanto quanto duvido do mundo e das pessoas. Sei o quanto as coisas vão mal e o quão impossível é a possibilidade de que eu mesmo corresponda as minhas próprias e mínimas expectativas. Isso, se ainda guardo alguma amaçada no fundo do bolso traseiro.

Ontem fiquei acordado em meio aos meus restos de vida sofrendo de desconforto. A insônia, todos sabem, é apenas efeito de um certo desconforto ou ansiedade que nos invade o corpo. Ela é como as sobras do dia queimando dentro da gente durante a madrugada.

Há muito sobre o que pensar hoje em dia e muita pouca disponibilidade para o sentir das coisas. A cultura anda poluída por sombras pela sombra de medos, angustias e certezas as mais diversas. Vivemos todos tempos difíceis.


Mergulhamos cada vez mais no lugar comum da falência de nossas melhores expectativas. O futuro promete ser breve, quase um relâmpago.