sábado, 30 de março de 2013

MARQUES DE SADE E A TELEOLOGIA DA NATUREZA





Na literatura de Sade o deboche e a volúpia se encontram de forma tão radicalmente associados  que se tornam a grande expressão de uma critica radical dos costumes e da virtude que busca contaminar  o imaginário da republica francesa engendrada pela Revolução. Falo de uma transgressão da própria revolução.


Diferente de Rosseau Sade esta distante de qualquer positivização da natureza humana que dê abrigo aos decadentes ideiais cristãos de amor ao proximo e retidão moral em qualquer formatação secular.


Em sua literatura a idéia de Deus é claramente substituída pela idéia de natureza. Como ressauta Contador  Borges em A REVOLUÇÃO DA PALAVRA LIBERTINA,  excepcional posfácio a sua tradução de A FILOSOFIA DA ALCOVA:


“ O século XVIII  tem uma idéia ambigua de natureza. O que seria ela afinal? O conjunto das realidades do mundo? O principio da organização da matéria, como acreditava Diderot? O ser intimo do homem? A força produtora do universo? Para Sade, a natureza  é um principio criador oniciente, que tem metas traçadas para as suas criações. Ocupa, portanto, o lugar de Deus. A natureza, em Sade, é Deus  destituido de divindade. Quando fala de natureza,  ele com freqüência a trata em termos como “esse grande agente universal”. Levando-se em conta a importância  do movimento  em Sade, que para  Hubert Juin, é o traço mais marcante de sua obra, deve-se observar que, por trás de todo o movimento, de toda ação humana boa ou má, estão as intenções da natureza que as determina..”

( Contador Borges. A REVOLUÇÃO DA PALAVRA LIBERTINA in  Marques de Sade. A Fiolosofia  na Alcova ou os Perceptores Imorais. SP: ILuminnuras, 2008, p. 220-221.)


Em Sade é a natureza, ou melhor, o retorno a natureza, o caminho para a felicidade humana, justamente na contramão da tradição pactualista liberal então hegemônica no pensamento republicno.

Os libertinos  tornam-se assim os mais autênticos cidadãos, os únicos a por efetivamente por terra a essência do antigo regime.

CONTRA A HUMANIDADE



A humanidade
É a maior premissa
De nossos erros
Na medida
Em que o humano
Tornou-se, definitivamente,
Aquele lugar vazio do pensamento
Que inutilmente
Tentamos preencher de significados....

quinta-feira, 28 de março de 2013

APONTAMENTOS SOBRE A FILOSOFIA DO FUDEU E DO FODA-SE





I
Na segunda metade do seculo XX , Camus afirmou que a grande questão filosófica de sua época era o suicídio. Neste inicio de novo século , vivemos em um mundo muito pior do que aquele em que viveu o agora desbotado filosofo Frances. Razão mais do que suficiente para nos indagarmos: Qual seria a grande questão filosófica da contemporaneidade?
Após alguns segundos de profunda reflexão uma única  resposta  deitou-se nua e sensual  no membro ereto do  meu pensamento; FUDEU. ...
Estou  certo de que as mentes obtusas  e ralas que compreendem 99 % da escória humana não compreenderá minha numinosa conclusão aqui  generosamente compartilhada. Mas espero que o filho da puta que leia agora a porra destas linhas  seja capaz de se esforçar um pouco e acompanhar a dança dos meus argumentos intempestivos e ejaculados em quase altomação de escrita.
“FUDEU”  é mais do que um imperativo verbal, é uma alegoria que define o escatológico em seu duplo e niilistico revolucionário sentido. Remete tanto as  questões ultimas da metafísica  como da produção de  merda que no plano elementar define o exercício humano e animal de ser no mundo.
Somente usamos tal expressão quando vivenciamos situações decisivas, onde o destino nos escapa das mãos e o fim parece se impor contra qualquer possibilidade de subjetividade ou opção.
“FUDEU” é aquilo que diz o fatal da vida, a merda como  conceito filosófico e ontológico paralelo a própria morte.
Porra, FUDEU é o ponto final da vida ou apenas a constatação trágica de tudo aquilo  que fizemos, sonhamos  ou queremos nos conduziu apenas  ao lugar comum da consciência absoluta do patético  caralho da condição humana.
“FUDEU” é a tomada de consciência do caos , é o avesso, o escuro e o indeterminado de nossos atos... Aquilo que nos diz que a condição humana não passa De uma  punheta continua na construção de codificações e significações que nos  conduzem apenas ao eterno retorno do  próprio“FUDEU”.
“FUDEU” é tudo o que realmente importa.
“FUDEU” é o avesso da  rebeldia do vômito, é a merda em seu estado puro e alegórico.
“FUDEU” , porra de leitor, é seu nascimento e sua morte, sua não existência através dos séculos.
“FUDEU” é  a condição humana em suas metamorfoses  e silêncios.
II
Mas o que seria do “FUDEU” se não  existisse a beleza mágica  do “FODA-SE” , que faz coincidir sujeito e objeto no somatório somático e sensual do imperativo das circunstâncias e deslocamentos da subjetividade?
O simples gesto de mostrar em público o riste do dedo erótico é o mais elementar signo da condição de  elementar liberdade humana que ultrapassa línguas e culturas. Todo ser humano o compartlha e sabe em seu intimo como basilar expressão do dizer humano.
Não existe “FUDEU” pleno sem uma imagem de foda-se.
Qualquer possibilidade de gozo contemporâneo pressupõe a dialética entre o “FUDEU” e o foda-se como ato elementar de  revolta pós filosóofica contra os marasmos de sociedades e valores socialmente estabelecidos; contra as estruturas do conhecimento cristalizado de todos os tradicionais saberes institucionalizados e certezas consagradas  de mundo.
Pra puta que pariu o mundo! Eu não preciso de mundo!  Não preciso de culturas, leis e ordens.
Minha linguagem é o vômito contra tudo aquilo que posa de certo e limpo sentado em uma privada...
Mas sei que no final de tudo, me espera simplesmente o trágico de um mero “FUDEU” nas memórias dos meus foda-ses.

  








PRISÃO/RAZÃO



Vivemos inertes

Nas ordens da verdade,

No vazio vadio e compassado

Das regras

Nos limites de prisões gramaticais.

Vivemos como coisas

Dentro de coisas

Tão indiferente a nós mesmos

Que aceitamos a vestimenta

De qualquer persona coletiva

Que transforme o mundo

Em fraca  e opressiva realidade.