segunda-feira, 31 de maio de 2021

VIDAS PRECÁRIAS

No mundo de hoje
a vida  quase não cabe.
Há genocidas por todas as partes
vivendo da precariedade e banalidade
de nossa existência comum.

Somos todos descartáveis,
números exatos e rostos borrados,
numa tela infinita.

quarta-feira, 26 de maio de 2021

DEVANEIO NIILISTA

 Não há qualquer beleza num por do sol,

nenhuma razão no universo

ou sentido da vida.

Há apenas a ilusão e vaidade humana

inventando palavras e enunciados

com a convicção de uma criança.

A vida é apenas um ato lúdico de livre imaginação.


 

terça-feira, 25 de maio de 2021

DEFINIÇÃO SUBVERSIVA DO POETA AMADOR

Ser poeta é  lutar contra a linguagem,
desafiar a moral, a tradição, 
o poder , o Estado,
a retórica e a vaidade
dos que veneram a boa escrita.

Todo verso livre é  prosa,
 um escarro de cotidiano 
contra o lirirismo, concretismos, parnasianismos,
e metáforas  dos letrados de boa índole.

todo poeta é  insurgente,
um cidadão da sarjeta
e aprendiz do fogo,do grito,
e do vinho,
no inventar para si insurgências, 
barricadas do desejo,
no respirar da liberdade
e da loucura das letras tortas.

Todo poeta é  corpo,
vidente , louco,
e coisa!!!

Todo poeta é um aprenduz da vida
no espanto da natureza 
no adivinhar de insurgências. 

DO ABSURDO DA VIDA

Aprendi a vida como um estado  domesticado de espanto e perplexidade.

Como posso ser eu
quando viver é ser nos outros
a ausência de todos?

O corpo é mundo,
mas o mundo não é o meu corpo.
Precuso saber a lua
como os lobos e os loucos.

segunda-feira, 24 de maio de 2021

A ARTE DO ESQUECIMENTO

Hoje existo para esquecer.
Esquecer tudo que aprendi,
vivi ou senti,
intorpecido por qualquer artimanha do pensamento.

Preciso esquecer o passado,
desaprender o futuro,
até  que tudo se faça imprevisivel.

Preciso reinventar o possivel,
ousar o inédito e o inpensável,
antes que tudo se acabe em rotinas.

sábado, 22 de maio de 2021

DUSTOPIA E FINITUDE

Pegue uma bebida e esqueça o mundo.
Tudo sempre  vai mal.
Ninguém  sabe o futuro
no presente que nos rasga o tempo. 

Qualquer dia estarei morto
e o fundo do eu é  lodo,
lembrança que busca esquecimento
onde o amanhã  definha
sem  saber o silencio do meu rosto.


quinta-feira, 20 de maio de 2021

A NATURALIZAÇÃO DO TÉDIO UNIVERSAL

Não  são  apenas  as obrigações sociais que governam nossa existência vazia. O tédio  dita nossas rotinas, nosso cansaço e agonia.
Somos crias do nada e do desencanto de cada dia. Sabemos que viver não passa de trabalho inútil, destinado a indiferença e ao esquecimento.
Mas saber disso não  nos leva a outros modos de vida. Naturarizamos o tédio, nossa descreta agonia.

TEMPOS DE MEDO

O MEDO é  hoje o grande acontecinento.
Temos medo do ontem,
do hoje e do amanhã. 
Temos MEDO de respirar,
de viver e de morrer.
MEDO de sentir, de querer, 
ser feliz ou sofrer.
Temos MEDO vencer ou
perder.
Temos MEDO de acordar,
dormir,
lembrar e esquecer. 
O MEDO está dentro de nós 
e em todas as partes.
Mas,talvez, qualquer hora,
algum desespero nos salve do MEDO,
E qualquer desatino nos acorde a coragem.



terça-feira, 11 de maio de 2021

CINISMO

O animal é  meu espelho.
Meu semelhante em natureza.
Desprezo os valores humanos
e caminho entre os lobos.

Viver é para mim
Comer, beber e cagar.
Saber o céu e a terra
protegido da chuva e do frio.

Tudo mais não me importa
na cela da razão e da civilização. 

segunda-feira, 3 de maio de 2021

A PELE

A pele revela as coisas,
a materialidade nua de uma realidade concreta e banal.
Inventa um mundo mudo,
vivo em um turbilhão de sensações.
Nenhuma mancha de significação estraga a paisagem.
Tudo é  transparente no jogo das afetações.
A pele sabe um mundo de formas e superfícies.