quinta-feira, 27 de outubro de 2016

METADE DE MIM



Tenho participado apenas pela metade
Das coisas da minha vida.
Parte de mim está ausente,
Carente de universo
Se dissipando em algum imaginário
Canto de infinito.
A parte que ficou por aqui
É relapsa.
Pouco  se interessa
Pelas coisas da vida,

Apenas se afoga no instante.

MEU EU

O eu que me define é um lugar vazio,
Apenas o sujeito de uma frase
Dita e esquecida
Em um canto qualquer de cotidiano.
O eu que me define
É tão abstrato que não cabe na vida.
Quase se funde ao silencio
Enquanto o mundo explode

Em significados vagos.

QUANDO TUDO DÁ ERRADO

Tudo deu errado...
Mas não estou frustrado.
Não esperava qualquer outro
Resultado.
A vida é assim,
Tudo se desarruma em um segundo
E tento  não cair em meio à bagunça.
Apenas respiro fundo
E não penso mais nada

Sobre o mundo.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

ABAIXO O TRABALHO!

Meu ideal é uma vida contemplativa inspirada pelo ócio criativo. O trabalho não possui para mim o mínimo valor. Não passa de um fardo que nos mantem em sociedade, não é nada mais do que  um triste questão de sobrevivência  e necessidade ordinária. Trabalhamos para existir e não para viver.


Espero sinceramente que, em  um belo dia qualquer, o desenvolvimento tecnológico nos conduza a uma sociedade sem trabalho, onde todos sejam livres para o saudável exercício da subjetividade e da mais fecunda  preguiça.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

IMPACIÊNCIA

Quero que as horas passem de pressa.
Não suporto estas cotidianas agonias pequenas,
Estas certezas absurdas
E imaginações infinitas.
Levo um abismo na palma da mão.
Não me curvo a razão,
As autoridades cientificas
E aos bons discursos.
Quero que o tempo acabe

E que a dança seja infinita.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

DELIRANTE E LIVRE

Enquanto sonho com o futuro
A vida passa discreta
E sem fantasia.
Surpreendo vazios
No caminho dos gritos.
Busco fugir dos infinitos
Me perdendo em meus labirintos.
Não quero saber que dia é hoje,

O quanto custa meu riso.

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

PÓS VERDADES E DISSONANCIAS

Esperanças crescem agora
A sombra do desespero
Enquanto os desertos crescem  lá fora.

Um brinde as dissonâncias...
Vamos dançar desordens
E abraçar abismos.

Esqueçam as meta narrativas.

Transcendam as agonias da verdade.

SOBRE AS INCERTEZAS DO MUNDO

O mundo não tem cara,
Não possui rosto.
É a soma louca da pluralidade
Que nos define precariamente humanos.
Somos a equação formada pelo esquizofrênico estado
De nossas certezas existenciais.
De fato, as certezas sempre foram

As piores inimigas da humanidade.

terça-feira, 18 de outubro de 2016

INVENTE O MUNDO


Transbordado de mim mesmo
Vomitei o mundo
E tropecei no tempo.
Quase consegui uma alegria minimalista
Para quase esquecer de mim mesmo.
Afogando-me nas horas
Me esqueço da existência

Inventando o mundo....

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

DEZ SUGERIDOS MANDAMENTOS PARA CÉTICOS

1º - Não leve a sério suas próprias convicções mais do que elas merecem.

2º- Confie  nos outros desconfiando sempre de si mesmo.

3º- Respeite seus medos.

4º- A realidade não existe fora do horizonte movediço  das interpretações.

5º- O corpo pensa...

6º-Não busque ser socialmente aceito. As pessoas sempre te aceitarão pelo que esperam que você seja. Não por quem você é.

7º-Sempre é tarde demais para alguma coisa.

8º- A passionalidade é uma perda do foco. Concentre-se.

9º-A existência é um erro que a morte corrige.


10º- A liberdade é relativa. 

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

RELATIVIZANDO

Pode ser que um erro me leve à certeza,
A segurança de alguma mínima verdade
Contra o caos do universo.
É sempre  um erro acreditar demasiadamente
Seja naquilo que for,
Bem sabem os relativistas e os céticos.
Mas como  viver sem inventar sentidos e significados?
Como não ser parcial, em alguma medida equivocado
E limitado?
Pode ser que o único caminho seja o de brincar

Com nossas próprias convicções.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

PRIORIDADES

Estou cansado demais para perder tempo.
Levo no peito desesperadas urgências,
Enquanto engasgo com a vontade
E cuspo palavras rudes.
Não há significados suficientes na existência
Para justificar a vida.
O dia tornou-se apenas um labirinto
Onde a cada segundo me desencontro de tudo.


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

AGONIA

Em que pese o passar das coisas,
A sofreguidão dos fatos rasos e cotidianos,
Êxito contra a corrente
E em dialogo com a minha sombra.
Não tenho razões na cabeça
Nem vontades no peito.
Sou vazio, descrente e pequeno
Em minha interminável agonia

De ser através das coisas.

terça-feira, 4 de outubro de 2016

ENLOUQUEÇA...

A vida me nega o ato concreto da minha simples existência
Através do acontecer dos outros.
Não sou feito de sins e nãos.
Sou delírio, incerteza e ato
Contra os fatos.
Sou a recusa, o absurdo
E o não!


segunda-feira, 3 de outubro de 2016

A MISÉRIA DA NORMALIDADE

As pessoas seguem ao sabor dos fatos
Como se a realidade existisse.
Acreditam demais na sociedade.
Sempre terão as explicações certas,
Qualquer razão que justifique o absurdo,
O vazio de suas ações .
A normalidade é a mais estranha de todas as doenças.
Ela nos rouba as incertezas  fecundas da imaginação

E nos oferece em troca apenas  o deserto da objetividade.