quinta-feira, 28 de junho de 2018

ILUMINAÇÕES

O sentimento do mais profundo das superfícies da existência surge a consciência como o desafio da intuição do óbvio. 


Tenho carência do imediato das coisas, do absurdo dos sentidos e da percepção. 

Do outro lado das sensações sei que me aguardam revelações.
Não há lei nos fenômenos, regularidades que estabelecem a realidade.

Há experimentações, delírios e imaginações.
O óbvio é definitivamente o mais obscuro...

quarta-feira, 27 de junho de 2018

INVENTANDO SILÊNCIOS

Estamos todos neste momento demasiadamente ocupados produzindo silêncios. A vida e a realidade de todos os dias depende disso.

Pilares de silêncio sustentam nossa tagarelice, nossos corpos domesticados e lugares comuns do pensamento.

Falta imaginação em nosso cotidiano. Confundimos nossas toscas representações da vida com a imanência que é a existência como o corpo em seus atos.

terça-feira, 26 de junho de 2018

INTUIÇÕES


Preciso saber o pensar mudo das coisas inanimadas,
Transcrever a alma do mundo sem pronunciar uma só palavra.
Sei que, de algum modo, o corpo fala,
Tudo se encontra quando o pensar acaba.
O acontecer da existência é uma forma de se perder entre as coisas.
Por isso a vida é um algo que ainda não percebemos.
É preciso que o animal reinvente o homem,
que nada mais faça sentido.
Um dia ainda seremos vivos.
Mas, então, o sol será outra coisa.

domingo, 24 de junho de 2018

DO CAOS AO PENAMENTO ATRAVÉS DO CAOS

O pensamento é filho do informe,
Do que não tem nome
E se recusa a consciência.

Ele nasce do caos.
Talvez apenas o atravesse,
Sem nunca sair dele.

Pensar é, portanto, lidar com o caos.
Para isso servem às palavras.
Por isso existe o silêncio.

Toda vitória sobre o caos
É provisória.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

O CERTO É O ERRO


SOM, IMAGEM E DEVIR



O que me acontece é imagem e som,
Fotografia e musica,
Em um mesmo movimento abstrato,
Uma mesma busca por texturas,
Experiências de realidade,
Por consistências que nos definem
Como coisa,
Como fato, vontade aberta,
Transmutada em um espaço quase sem tempo.

Existir é uma construção,
Um exercício sem consistências,
Uma busca sem objetivos
Cujo sucesso conduz apenas ao nada.
Imagem e som materializam devires,
Escrevem um rosto na areia da praia.
Que escuta a imagem e vê a a musica.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

O DIZER DAS SUPERFÍCIES



Estamos sempre escavando a superfície do cotidiano,
Buscando uma plenitude,
Uma profundidade das coisas rasas.
Intuímos em tudo um duplo.
Vivemos de significados,
Da vaidade do bem pensar e dizer.
Mas tudo não passa de tagarelice.
No fundo a linguagem nos escapa.
Algo nos captura.
Algo nos faz dizer.
Surpreendemos verdades onde existe apenas abismos.
A linguagem esta no silêncio,
Na estética do não dito
entre os vazios dos enunciados.
É preciso afogar-se nas superfícies,
Escrever o lado de fora das palavras.

SOMOS TODOS LOUCOS

Vivo dos outros entre signos e símbolos.
Significantes perpassam a existência.
Em grande parte ela acontece fora de todos nós.
É algo abstrato e indeterminado.
Onde o real se torna cada vez mais virtual.
Os outros não vivem de mim...
Ninguém conhece ninguém.
Somos todos outros.
Os outros são um acontecimento.
Mas não existem.
Somos todos e apenas indivíduos.
Vivemos entre fantasmas.
Somos todos loucos.

quinta-feira, 14 de junho de 2018

NÃO FAÇA SENTIDO


O significante não estrutura o dizer através do qual me experimento neste exato momento como uma abstração coletiva.


Não há qualquer verdade neste enunciado. Apenas fluxo de uma imaginação criadora lapidando a realidade em cada palavra como se o existir fosse uma obra de arte, um acontecer amorfo a se espalhar pelo tempo sob a forma de linguagem. 

Invento...e neste inventar me descubro do lado de fora dos meus pensamentos através do lado de dentro de cada palavra. 

NATUREZA E ARCAÍSMO EXISTENCIAL


O arrebatamento proporcionado pela experiência do mundo natural nos oferece um desregramento que redimensiona os sentidos, o pensamento e a imaginação.


Nos avizinhamos de formas quase nuas de espaço e de tempo que nos comunicam as intensidades do corpo no avesso das sedimentações culturais.

Desde Jung sabemos que há sempre algo de sublime em nossa vocação para arcaísmo existenciais.

É sempre saudável sofrer um pouco de vertigem....

Á MARGEM DO CAOS





A banalidade dos afazeres diários resumiam a existência.
Não havia nada além da corriqueira e banal rotina que definia a vida,
Que desafinava sentimentos e sensibilidades.

Tudo era raso e imediato como uma folha de jornal.
Tudo era lugar comum em mundo de gente sem rosto.
 Todas as leituras, opiniões e conversas tinham gosto de plástico.

Entretanto, a cada momento,
Percebia-se exposto no canto de tudo algo avesso.
Tudo se misturava e comunicava um duplo,
Um outro lado misterioso
Onde um eu louco nos convidava a bailar.

O avesso dos afazeres era nítido e transparente
E a existência sempre flertava com o caos.


A REBELDIA DA REALIDADE

Existe uma resistência do real ao racional. Afinal, a realidade não cabe na norma, na medida ou na justiça.

O real sempre extrapola, grita, apaixona, chora, angústia, pula, corre e rodopia.
Ele não cabe na linguagem. Se quer se conforma a mera existência.
A realidade transcende explicações. Apenas acontece em sua multiplicidade.
É pura vertigem.

domingo, 10 de junho de 2018

SOBRE O PROBLEMA DA VERDADE

O gosto pelo absurdo é a medida da lucidez. Afinal, o mundo não faz sentido e nos abrigamos dele em nossas práticas discursivas. 

A verdade é apenas um artifício para lidar com o caos. É o que nos impede de enlouquecer . Mas ela se torna doentia sem um pouco de não sentido.

Há algo de lúdico no exercício da razão que nos protege dos efeitos colaterais da experiência do sentido que nos faz prisioneiros do perigoso jogo da verdade.

sábado, 9 de junho de 2018

COLAPSO

Escapar aos outros,
Ao grito e ao sentido,
Tentar encontrar a saida do nada,
Dançar delirante as margens do abismo,
Abandonar todas as respostas...
Talvez, seja o que nos resta,
Contra os estragos que nos impôs tantos séculos de civilização....

sexta-feira, 8 de junho de 2018

FRUSTRAÇÃO

Traída pelos meus atos,
minha consciência lamenta,
protesta...
Todas as idealizações forma desfeitas.
A vida deu errado,
Nada aconteceu como esperado.
No avesso das coisas gritam quimeras,
Habitam outras feras.
O caso anuncia o dia seguinte
Como prelúdio de tempestades  futuras .

O INDEFINIDO DAS DEFINIÇÕES



O que nos define é a constante busca por definições. Precisamos da segurança de qualquer discurso que nos sustente a existência com a experiência de um sentido que una o lado de dentro e o lado de fora da vida. Mas qualquer definição é sempre um resultado de circunstancias; coisa degradável ou apenas provisória.

A verdade é sempre uma experiência incerta e provisória para ludibriar a consciência do ilegível, do impensável de um caos que  tudo define.


segunda-feira, 4 de junho de 2018

O CORPO COMO CARNE


Existe uma distância entre o corpo da antiguidade greco romana e a carne da era cristã. Esta distância não é dada pelo pecado ou pelo mito da queda do homem, mas pela unilateralidade de uma racionalidade abstrata que recusa a natureza, que se coloca em um campo diverso da matéria e busca a pureza das alturas da metafísica. Esta razão que é uma reminiscência do sagrado no homem, a partir do século VII converteu-se mesmo em um atributo secular e humano que, em lugar de superar a natureza, passou a instrumentaliza-la, humaniza-la. Ao mesmo tempo, a carne tornou-se menos sujeita a influência cosmológica. Mas a consciência e o pensamento preservaram sua autonomia em relação a carne, negando sua unidade com o corpo. Ainda hoje, em tempos de avanços neuro científicos,  resistimos a admitir o pensar como um fenômeno fisiológico. Mesmo que isso não anule a complexidade do pensamento enquanto condição ontológica do devir humano. Apenas ainda não somos capazes de fazer coincidir o corpo e o espírito como uma materialidade única. O corpo é considerado  apenas como a carne onde uma consciência relativamente autonoma acontece.

REINVENTAR A EXISTÊNCIA

Onde quer que seja possível reinventar a existência não haverá nenhum espetáculo, nenhum ganho pessoal ou financeiro. Haverá apenas o alívio de estar dentro de si através do mundo. 

Estar indefinido entre as coisas no fluir da experimentação do momento em todos os seus sabores. Sentir-se fora do tempo e carregado de passados até inflacionar o espaço com tantos sentidos e sentimentos. 

Reinventar a existência é aprender a ser pequeno diante das multiplicidade que nos envolvem.