quarta-feira, 30 de setembro de 2020

REBELDIA SEMPRE

Não  sei o que faço  com a vida.
Então  bebo  fumo,
Escarro e cago,
Na privada do tempo e dos dias.
Eventualmente falo.
Mas na maior parte das vezes
GRITO.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

O ENÍGMA DO SER E DO NÃO SER

 


Tento fugir do olhar do outro no espelho

Para me desvencilhar de mim mesmo.


Preciso escapar a essa consciência

Que me tem,

A esse corpo que é algo

Mais do que eu sou alguém.


Preciso dormir para acordar de mim.

Não ser em todas as coisas,

Estar em todas as partes

na transgressão do corpo,

Na afirmação da minha ausência

como consciência absoluta da matéria,

Como presença do múltiplo e do indeterminado.


Preciso ser incompreensível,

vazio e invisível.

Preciso não existir

para finalmente saber de mim,

ir além da vida e da morte.


segunda-feira, 28 de setembro de 2020

SOBRE A MISÉRIA DO ANTROPHOS


Tudo que a autoconsciência nos ensina é  o absurdo da existência humana.
O caos rege a natureza com maestria, contra a estagnação  moral e a vontade de verdade que nos faz demasiadamente humanos e inimigos da vida, exteriores ao devir das coisas vivas.

domingo, 27 de setembro de 2020

A VIDA NA TERRA DE UM PONTO DE VISTA NÃO HUMANO

Caso fosse possivel a uma hipotética forma de vida alienigena, auto consciente e não  baseada em carbono, contemplar o ecossistema terrestre, não  causaria espanto, se ela interpretasse  a vida na terra como um mero acidente de consequências inesperadas.
Não  seria igualmente surpreendente caso, desdobrando sua análise, também considerasse o animal humano uma anomalia nociva a tal ambiente diverso e dinâmico.  Uma anomalia que nos últimos séculos , através de seus artifícios  anti naturais de sobrevivencia, pôs  em risco o equilíbrio de tal ecossistema .
Para tal forma de vida alienigena, a evolução  humana não seria prodigiosa ou relevante, mas uma lamentável realização do acaso que rege os arranjos da matéria.
Quê dentre milhões de planetas  a Terra tenha sido amaldiçoada com a vida complexa  e a  humanidade, é questão sem resposta ou sentido. Mas, do ponto de vista terrestre, trata-se de um problema provisório e passageiro na longa duração das eras cidades geológicas.  
O homem há de desaparecer antes do planeta e do sistema solar. Todos os seus vestigios serão apagados confirmando sua evidente irrelevância..como poderia ser o homem uma questão relevante no universo? A  própria Terra  é  insignificante, assim como o sol que orbita entre outros astros mais interessantes, como, por exemplo, o majestoso Saturno?
Tais alienígenas, evidensetemte, estariam cientes do desvelo e da vida é da complexidade dos ecossistemas.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

A PELE

A pele é  um órgão  de revestimento,
Uma roupa que arruma o corpo,
Que organiza sensações 
E sentimentos,
Contra o silêncio 
De ser e viver 
Estabelecendo uma fronteira
Entre o corpo e o mundo.



A SUBVERSÃO DO RISO

Através da palavra livre que provoca vertigem,
Fugi as regras e realidades do simples vivido
Através de um riso insano e subversivo. 
Fui tudo aquilo
Que em segredo podia ser feito
Contra as grades do nosso absurdo cotidiano
Nesse  mundo maldito.
Fiz de mim o experimento
De outros futuros e mundos loucos
Que estranhavam o possível da vida 
Quê através de todos nós 
Banaliza a morte
No limitado  acontecer dos dias sem sorte.
Tudo isso ocorreu nos labirintos de um riso
Louco e imprevisível
Quê apagava as luzes
Da razão.,
Toda verdade e iluminação
É lançava  ao fogo da sorte
Qualquer outra ordem escondida
Nas entranhas dos fatos perdidos.



quinta-feira, 24 de setembro de 2020

MISÉRIA EGOCÊNTRICA

A Europa pouco me importa.
Sou indiferente as revoluções permanentes do Ocidente,
As disciplinas da modernidade,
E a insanidade dos civilizados.

Minha pele morena conhece a terra,
Desertos , florestas,
E inumanos saberes
De híbridas existências 
Imateriais e concretas.

Nada em mim é  suficientemente humano.
Nada que sinto me prende a definições, 
Razões ou intenções.

Sou matéria viva de mitos e alucinações, 
Instante impreciso de tempo e mundo 
Quê não  se conforma a qualquer explicação histórica e genética. 

A Europa é o pesadelo do peso 
De um existir que agoniza
Entre a verdade e a natureza.

A Europa é a  vida reduzida
A um vazio que asfixia todo planeta.

A Europa é a doença de uma geografia sem alma,
Desfigurada pela antropologia e a palavra
No pesadelo da pós  industrialização.




CIDADE E MOVIMENTO

A cidade é  móvel e instável,
Barulhenta e quase insuportável,
Enquanto consome pessoas e coisas.

Não há  liberdade na cidade, 
Mas necessidade de movimento,
 Obrigação  de ir e vir
Entre lugares que nos levam sempre 
A parte alguma.

Da casa ao trabalho, 
Do bar ao mercado,
Sempre a mesma rotina,
A mesma agonia,
De se perder em geografias.

A cidade é  movimento.
Nela nos locomovemos constantemente
Sem tempo para viver. 

domingo, 20 de setembro de 2020

O POETA DO FIM DO MUNDO

Dentro dos dias
E fora do mundo
Estou sempre em fuga,
Ausente de mim e dos outros. 

A imaginação é  meu território,
A palavra minha casa.
A revolta minha língua,
E  a angústia meu enunciado.

Escrevo contra todos os livros 
E verdades.
Minha tese é  o delírio.

Não tenho apreço  pela humanidade.

domingo, 13 de setembro de 2020

TERRAPLANISMO

O peso do céu 
Prende meus pés a terra,
Aos quatro pontos de um mundo plano
Composto por quatro elementos.
Um mundo que não  existe,
Mas é  dito, sentido e vivido,
Na invenção  da ordem das coisas,
Contra a desordem da terra geoide 
Destruída pelos primatas
Em nome do doentio delírio
De uma terra plenamente humana
E sem natureza
Vestida de industrialismo e progresso. 
O agro negócio,
O nacional desenvolvimentismo,
São definições racionais do terraplanismo.

sábado, 5 de setembro de 2020

AS TAREFAS DO NIILISMO

Desvalorar o mundo,
Afirmar a insignificância, 
A nadificação absoluta 
E a falência de todos os discursos,
De toda ilusão de Ser,
Poder e possível  viver.
Eis o desafio do niilismo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

A SOMBRA DO ILUMINISMO

No delírio do esclarecimento,
A escuridão  elucida
As ofuscantes luzes da razão. 

Tudo que é  raso
Se faz profundo
Na magia da imaginação
E as luzes ofuscam
No absurdo do sol.




quarta-feira, 2 de setembro de 2020

ILUMINAÇÃO

Um dia espero alcançar 
A subjetividade das minhas entranhas,
Apagar a dor,
O corpo,
E  qualquer ilusão  de alma.

Romper todos os limites do pensamento,
 Ser digno da sabedoria dos loucos.
Talvez, então, 
A vida se torne possível
E deseja capaz de bem lidar com o mundo.




VONTADE DE POTÊNCIA

Afirmo exceções contra a nivelação gregaria e o instinto do rebanho.
Afirmo contra o ressentimento a força dos destintos.
Afirmo contra o instinto de conservação  a potência criadora da vida.
Afirmo os fortes, 
Os que se fazem pedra,
Os que abraçaram o trágico como caminho e destino.

EXISTENCIALISMO TECNOLÓGICO

Os artefatos tecnológicos tornam-se cada vez mais espaços existenciais que dilatam o corpo reinventando a experiência de si.
O inumano no homem ganha, assim, uma nova profundidade de superfície através  da tela como uma segunda pele projetada no fora da experiência. Surge uma nova condição de presença,  de imanência. Existir é  cada vez maus acontecer como simulacro , na concretude da não presença insistente que cria acontecimentos.