quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

DADAISMO E ANTI CULTURA

Acredito no acaso, no caos e na desordem porque desisti de todas as crenças e verdades.
Acredito na descrença corrosiva e agressiva dos futuros bárbaros,
Na decadência da civilização ocidental.
Advogo o arcaísmo mais primitivo contra a falácia do humanismo, do iluminismo e do Cristianismo.
Falo demais por não ter nada a dizer.
Minhas palavras são pedras jogadas contra as vidraças da História.
Todo futuro está perdido!
O tempo agora é tempo-estade

CONTRA TODOS OS AJUSTADOS

Não agradarei os que que se fartam de mundo,
Aos amantes do consumo
E da banalidade da vida comum.
Também não despertarei a simpatia
Dos esnobes e dos eruditos.
Escrevo apenas para os anjos caídos e pobres de espírito,
Aos que desprezam a humanidade
E a cultura de botique
 dominamando a arte de escrever o riso.

SENTIMENTO DE TEMPO E INCERTEZA

Sinto em mim um tempo onde ainda não nasci,
Outro onde já estou morto,
E duvido deste momento no qual ainda existo.
Tudo é duvidoso.
Nenhum momento goza de maior realidade do que a de um sonho febril.
Mas fomos educados para jamais perceber a existência como uma paradoxal incerteza,
Como uma ilusão pueril....
 

terça-feira, 29 de dezembro de 2020

MANIFESTO DE UM ANTIPÁTICO

 


Que nunca me defina a tirania da finitude.

Não quero ser mais um corpo seco de vontade

rolando na terra e no tempo

a espera do mais corriqueiro e banal desaparecimento.


Quero fazer o mundo do meu jeito

inspirado por todas as formas de embriagues,

por todos os modos de me perder ,

na contramão das disciplinas e racionalidades

que ainda inspiram a vida comum.


Não quero ser exemplo para ninguém

e muito menos apodrecer na prisão dos modelos.

Não me curvarei diante de qualquer imperativo ou moral.

Logo, não esperem que eu seja interessante ou simpático

para qualquer um de vocês.

Prefiro se quer ser notado.



A MISÉRIA DA VERDADE

A verdade não passa de uma falsa promessa de realidade,
Uma normatividade vazia que, ao tentar disciplinar a vida, nos confrontam com sua total falta de sentido ou propósito.
Os que advogam qualquer forma de verdade o fazem para escapar ao desespero, a percepção da insignificância da existência e da miséria de nossa condição humana.

sábado, 19 de dezembro de 2020

O AVESSO DO MUNDO ( FILOSOFIA DA LOUCURA)

No avesso do mundo
Há algo sem nome,
Que atravessa a linguagem,
O corpo e o significado.

Algo que traz vertigens de morte,
Limites de abismos e sonhos.

Algo que é sempre futuro, obscuro e sem sorte.

O avesso do mundo
Transborda a realidade,
Escapa a qualquer valor,
Ou definição de verdade.

É natureza informe,
Movimento e primórdio,
De nossa aberrante pós humanidade.

O acesso do mundo,
É esquizo,
Caos e primórdio.


sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

CONVERSAÇÃO

 


Escrever para quebrar o dizer,

desfigurar palavras,

subverter gramáticas,

perverter conceitos,

e desafiar todo entendimento.


É preciso plantar um uivo

no interior da frase e do verso,

Despir o livro da biblioteca,

Começar, através de pequenos diálogos,

um grande incêndio.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

O DIABO NO CORPO

Tenho o defeito de não me conformar ao possível,
De querer algo mais do que o oferecido
Pelos limites do tempo presente.

Meu ofício é reinventar palavras, novos gestos e modos de sentimento e existência.

Sou inimigo da civilização e do progresso.
Meu tempo é incerto.

Não tenho medo de ser violento,
De me opor a tudo que é sensato,
Domesticado e normalizado.

Grita em mim o porvir de uma grande mudança.
Pois dentro do meu rosto , não há tradição,
Ordem ou conhecimento,
Que seja maior do que a minha vontade de abismo,
Que meu delírio de esperança
E fome de suicídio.

Amo a incerteza das ruas escuras,
A embriaguez noturna,
Que reinventa o mundo como labirinto,
Que gesta em mim um protesto,
Uma raiva de ser gente,
Que me acende um fogo por dentro,
Uma intensidade dos sentidos
Que esclarece o mundo,
Na profundidade da pele
Que reduz o corpo
A um passageiro feliz do absurdo.

Contra toda a humanidade
Eu sou um animal 
Que lambe a terra no céu,
O mal que eu da falácia
De todo ideal moral. 






quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

OS LIMITES DA POESIA

Os limites da poesia está no dizer pequeno de todos os dias.

Nossas conversas ocas de hora de almoço,
Confissões idiotas de amor ou sonhos,
Palestras, aulas , promessas, orações,
Raciocínios lógicos e inúteis,
Dizem os limites da poesia
No mais raso do dia a dia.

Não surpreende que a maioria de nós
Não goste de poesia.
Ela nega o dizer rasteiro
Quê tão grosseiramente sustenta nossas vidas
É diminui a arte das palavras ditas.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

CONTRA A HUMANIDADE

Nada sei sobre a humanidade.
Talvez nem exista de verdade
Tal coisa que os civilizados
Chamam orgulhosos de humanidade.

Que espécie de animal ridículo
É esse que reivindica as alturas?
Como levar a sério tal disparate?

Eu que me banho na lama,
Que prefiro o arroto a palavra,
Me recuso a ser parte
Deste patético espetáculo
Chamado humanidade.



DUALIDADE

 


Um lado do meu rosto

é sonho,

outro delírio.


As duas metades do meu olhar

Fazem do mundo

um intimo outro e um estranho.


Toda nudez da consciência

cabe na dualidade do desejo

que me enfeita o rosto

como um enigma

que atravessa os olhos.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

INJUSTIÇA

 

Não são mais felizes os honestos,

os equilibrados, solidários ou justos.

A felicidade não tem caráter

e a natureza não sabe de qualquer moral

como princípio existencial.


Também não funciona qualquer punitivismo

contra os rotulados de maus.

No mundo atual, premiados são os injustos

que vivem de todos os absurdos que definem o normal.


terça-feira, 8 de dezembro de 2020

QUANDO SER É NÃO SER

 

Viver para ser

não me interessa.

Prefiro desaparecer na experiência.

Não ser em tudo que sinto e toco,

me confundir com a árvore que me olha

e com a pedra que me prescente.

Quero viver para não ser nada

e me surpreender em tudo

que me afoga a consciência.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

MIRAGEM

 


Abri os olhos pro mesmo mundo de sempre.

Uns olhos que quase não enxergam,

não sabem o fundo da realidade,

e buscam ver qualquer miragem

de outra melhor verdade,

onde não há qualquer profundidade.


Abri os olhos.

Mas não quero ver,

Saber o delírio das imagens,

dos simulacros,

que me gritam qualquer paisagem de sonho e vida.


terça-feira, 1 de dezembro de 2020

EU SOU A MORTE!

Dentro de mim
Mora um sonho sombrio
Que guarda um grito
Conta sua ilusão  de realidade.

Sou íntimo do seu assombro,
Do não  lugar do seu futuro.
Eu sou a morte,
O silêncio,
Quê sempre te ronda,
Na contra mão  de todos os significados,
Significantes,
Na caosmose da sobrevivência, 
Contra tudo aquilo que se diz
Pra sempre.