Este blog tem por objetivo a critica a razão moderna tal como configurada pela Iluminismo e pelas revoluções industrial e francesa. Ocupa-se, portanto, das tendências culturais e estéticas ditas “irracionalistas”, representadas pelo Romantismo, pelo Simbolismo, Decadentismo, pela filosofia de Nietzsche e Schopenhauer e, posteriormente, pelas vanguardas estéticas européias da segunda dezena do século XX e finalmente o HEAVY METAL...
sexta-feira, 29 de setembro de 2023
MISERÁVEL HUMANIDADE
Enquanto os vivos enterram seus mortos,
e a Terra gira em torno do sol,
seguimos indiferentes a expansão do universo
e a sua grande noite universal.
Nos reproduzimos e sobrevivemos indecentemente
sobre a superfície do planeta
Acreditando na redenção pela razão,
na ofuscação da percepção sensorial pelo poder do verbo
e em qualquer bobagem sobre a emancipação da humanidade
do julgo da matéria e da natureza.
Inventamos deuses para negar nossa irrelevância e miséria.
quinta-feira, 28 de setembro de 2023
O CORPO COMO LUGAR
Meu corpo é um canto qualquer
Perdido no mundo.
É lugar, sempre em movimento,
Um ponto cego de existência
Ou um pequeno grão de deserto.
Meu corpo é um lugar nenhum
Invisível na cidade
Onde a vida já não tem mais lugar.
Onde todos os corpos
Não passam dos número e estatística.
sábado, 23 de setembro de 2023
NOMADISMO
Seguimos sob o signo do efêmero.
Tudo em nós é aparência e
desaparecimento.
Nunca saberemos futuros,
nem seremos perperpetuados
por alguma ilusão de eternidade.
Existimos sem lei ou identidade,
sem fé, ambição ou vaidade,
vivendo a margem das civilizações
e de suas razões de Estado.
Seguimos, livres da prisão de qualquer noção de verdade.
Não cultivamos memórias
nem inventamos fatos.
Vivemos os dias,
além da história,
teologias e teleologias.
Nada em nós faz sentido
nem somos seduzidos
pela presença sacralidade de qualquer discurso.
sábado, 16 de setembro de 2023
ESPÍRITO LIVRE
Não creio em deuses ou reis.
Abomino tudo que fede a poder,
norma e autoridade.
Detesto palavras que viram gaiolas, que nos controlam,
castram e exploram,
a sombra da tirania de qualquer gramática.
Existir é escapar-se, perder-se,
a margem da lei e da ordem
que tanta desigualdade e injustiça
nos impõem sem piedade .
É certo que amanhã estaremos mortos
e nossas lutas perdidas e enterradas.
Mas, até então,
seremos livres e impertinentes.
Sabendo a vida como uma porta
sempre aberta contra a prisão do poder,
das normas e autoridades,
sejam elas divinas ou humanas.
Seremos, até o fim,
francos inimigos do Estado.
sexta-feira, 15 de setembro de 2023
NO REINO DA LIBERDADE
Deuses, juízes,
policiais e políticos
não me dirão como viver,
o que fazer e, principalmente,
o que sentir e sonhar.
Cada um é senhor de seus dias
Inventando entre iguais
o tempo comum do mundo.
Nenhum poder ou hierarquia
nos castra a imaginação
e a vida acontece leve
e insensata na mais intensa poesia.
Tudo que existe é livre,
devir e incerteza
na arte de ser, não ser,
acontecer e morrer.
quarta-feira, 13 de setembro de 2023
DEFINIÇÃO DE MUNDO
Entre o eu e os outros
há uma zona de indeterminações e mutações,
de potências e virtualidades,
tensões e confrontações,
onde nada persiste.
Isso é o que chamamos de mundo.
Isso é o que nos devora e sustenta,
o que fundamenta todas as nossas ilusões
sobre a existência,
o nada e a consciência.
domingo, 10 de setembro de 2023
NIILISMO INSURGENTE
Nunca estarei ao lado
dos defensores da ordem,
da Razão e do Estado.
Estarei sempre entre os amotinados,
os delinquentes, os bestializados,
que se insurgem contra toda razoabilidade, civilização e autoridade.
Meu niilismo é a recusa de todos os caminhos,
um perder-se em provisórios arranjos de imaginação.
Pois sei que toda verdade inventa mentiras
e a liberdade há de provar o sangue de todas as velhas certezas.
quarta-feira, 6 de setembro de 2023
DESERÇÃO FILOSÓFICA
Não prego nenhuma nova moral,
qualquer mundo novo ou sociedade ideal.
Estou farto dos reformadores da humanidade,
dos semi deuses, juízes
e donos de qualquer verdade universal.
Quero paz, silêncio e preguiça.
Ignorar a cidade adoecida
que nos envolve como uma prisão.
Prefiro não saber de nada,
não participar de nada
e não querer nada.
Seguirei apartado do jogo de nossa suposta humanidade,
Indiferente a vontade dos outros e a minhas próprias necessidades.
A vida, afinal, é um enigma sem solução
que não vale um mínimo esforço
do meu corpo
por sua própria conservação.
segunda-feira, 4 de setembro de 2023
A VIDA NÃO SE APRENDE NA ESCOLA
A vida não se aprende na escola.
Viver é recusar instruções,
é seguir intuições,
ouvir a natureza,
além da ilusão da razão.
A vida é um por vir permanente.
Ela não cabe em fórmulas, leis,
ou enunciados fixos.
Viver não é produtivo e nem tem sentido.
Viver é mudança.
E ninguém ensina mudança.
A mudança é algo que se prática
e nos transforma.
A vida não se aprende na escola.
domingo, 3 de setembro de 2023
MUITO ALÉM DA UTOPIA
Quero criar com minha angústia
uma outra língua para escrever um mundo novo na pele dos meus melhores sonhos.
Pretendo fugir de vez do cotidiano, da moral, dos outros, do país, do século e do universo.
Vou morar na casa da árvore
onde não existe trabalho
e é possível viver a margem da lei.
DESEDUCAÇÃO EXISTÊNCIAL
Não sei mais o que é ser ou viver.
Desaprendi todas as ilusões da civilização,
fugi as armadilhas da percepção e da linguagem,
e reaprendi o mundo das crianças
redescobrindo a realidade dos animais domésticos.
Sou agora o apêndice das minhas infâncias,
um campo de ficções e ritos de existência,
se desfazendo aos poucos entre o céu e o chão,
imerso em minhas próprias fabulações e angústias,
se ou meu enigma e minha ilusão.
sexta-feira, 1 de setembro de 2023
CONTRA OS VAMPIROS DA VERDADE E DA BOA CONSCIÊNCIA
Aos zelosos condutores de consciências,
guardiões da verdade,
defensores de religiões ou ciências,
dedico meu mais destilado asco,
toda minha ferrenha abominação.
Ao inferno os guardiões da boa conduta,
dos caminhos retos e da moralidade.
Tenho o espírito livre e selvagem,
acima do certo e do errado,
do bem e do mal,
e por nenhum de vocês
ou por qualquer poder soberano
hei de ser julgado ou condenado.
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