quarta-feira, 30 de novembro de 2016

FILOSOFIA PSICODÉLICA

Temia a possibilidade de mudar ao ponto de não mais me reconhecer no espelho.
Não era raro me sentir ausente de mim,
Estranhar meus gestos, minha voz e meu próprio pensamento.
Afinal, o que é essa coisa abstrata e inexplicável que chamam de identidade?
Até que ponto sou este eu que digo
Enquanto percebo com espanto
O tanto de coisa involuntária que me define
Em múltiplas realidades ontológicas?
Digam, se de fato existo tão concretamente quanto suponho?
Nada me parece, assim, tão definido.
Provei alterados estados de consciência...
Soube o fundo aberto de algumas fantasias
Que tinham mais realidade do que este dia,
Esta cadeira ou até mesmo você agora
Sentada na minha frente.
Há coisas que não podem ser ditas,
Que o pensamento não dá conta.
Elas nos levam ao limite

E ao maIs profundo da existência.

INACABAMENTO

Não me revelam a realidade, as estatísticas,
Os testes e resultados de pesquisa.
Números não medem a vida
E nem explicam o comportamento humano.
Escrevo a realidade em meus olhos
Com a escuridão do meu discurso.
Não quero,
Não pretendo,
Nada mais do que um ensaio inacabado
Sobre meu sentimento de mundo.


domingo, 27 de novembro de 2016

CONTRA CULTURA FILOSÓFICA


A cultura desnaturaliza o ser humano.
É sua degenerescência por excelência.
Aqueles que se conformam a cultura 
são reduzidos a condição de rebanho,
os que a transcendem, ao contrario,
superam os deuses.
`
É preciso ir sempre além, 
desvendar o abismo do mundo
ou sucumbir sob o peso de si mesmo.


Buscamos ferozes 
A transfiguração de todos os valores
contra o adestramento civilzacional.

sábado, 26 de novembro de 2016

VIVER É APENAS UM DELIRO QUALQUER

O mais essencial da experiência de viver não pode ser traduzido em palavras. Pois não faz sentido, não tem propósitos e muito menos realidade. É apenas vivência abstrata inventada pelo artifício da consciência. Somos iludidos pela memória e enganados pelo presente. 

Viver é uma especie de delírio convencionalmente aceito e ao qual durante milênios estamos tentando nos adaptar. Nisso se resume toda a História da Humanidade.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

INDETERMINADO INIMIGO MEU

Algo dentro de mim
Não se harmoniza comigo
E grita o oposto do que penso
Ferindo meus sentimentos.
Rouba de mim o reflexo no espelho
No aquém e além do desejo.
Esta coisa não se define,
Não se conforma.
È puro não ser.
Nega tão radicalmente
Que se quer se afirma
Como qualquer coisa que seja
Oscilando entre os opostos
Que ensinam o abismo

E os múltiplos que apontam as alturas.

SOBRE NOSSA HUMANA CONDIÇÃO IRRACIONAL



 Embora a racionalidade seja uma das codificações simbólicas definidoras da significação e representações que inspiram as práticas humanas, ela não representa de modo algum uma característica inata a nossa peculiar condição animal. Exemplo elementar disso é que não podemos explicar em termos causais porque determinado indivíduo, independente de qualquer circunstancia, tende para este ou aquele ponto de vista ou opção ideológica.

 As inclinações pessoais, tão evidentes no convívio social, possuem motivações irracionais. Assim como a soma de características diversas que resultam na personalidade de um dado individuo, elas  não podem ser explicadas exclusivamente pelo histórico biográfico ou educação deste indivíduo. Muito menos pela adesão racional a determinada visão de mundo ou ideologia.

Tomando emprestada, muito livremente, a diferenciação estabelecida por Freud entre civilização e cultura, diria que a ideia de racionalidade humana está em conflito com nossa natureza pulsional. A racionalidade não passa de uma voluntária renuncia do ego a experiência de seus impulsos mais naturais em favor da manutenção de uma persona que viabilize na vida em sociedade. Mas o artificialismo da razão não predomina o tempo todo e  muito menos  tem controle sobre nossos atos e intenções.  Não podemos ter a vida sob controle o tempo todo. Nossos desejos e impulsos  definem a incondicionalidade de nosso processo de subjetivação.

CENÁRIO

Nem todo cenário possível é acidentalmente fatal.
Não se embriague de certezas.
Nenhuma explicação é fundamental
Ou definitiva.
As coisas acontecem desacontecendo a gente.
Depois é mais interessante do que quando
E agora já é tarde demais.

O cenário já desmoronou....

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

SER, NÃO SER E SOFRER

A dor  interiorizada da consciência é definida pela inalienável incerteza  de nós mesmos. Somos seres inconstantes, escravos do pensamento, este bizarro artifício humano através do qual inventamos um mundo que pouco compreendemos.

Estar consciente é estar ciente de alguma coisa que se apresenta como algo diferente de nós mesmos. O que acaba sendo o mesmo que dizer que a própria interioridade não existe, pois só posso saber de mim através daquilo que não sou.

O eu da consciência é um não lugar psicológico, um modo de estar paradoxalmente fora do dentro de si mesmo. Por isso ter consciência é uma forma de sofrer, um alienar-se...


terça-feira, 22 de novembro de 2016

CONTRA A CIVILIZAÇÃO

Quantas vezes terei de dizer que não acredito na humanidade?
Não me importo com os valores da civilização ocidental,
Com o patrimônio cultural da humanidade
Ou com grandes os grandes tratados de Moral e Filosofia.
A condição humana é a sofisticação da barbárie e do caos
Tal como ditado pela mais  elementar natureza selvagem.
Toda cultura é como um cálice de veneno
Que degustamos diante do crepúsculo.
Buscamos nos aquecer diante da fogueira de nossas crenças,
Da ilusão do progresso e da redenção de nossas mazelas.
Mas somos apenas criaturas miseráveis inventando brinquedos

Para não ter que lidar com o absurdo dos fatos.

IMPERFEIÇÕES

Minhas imperfeições brilham no escuro.
Estão sempre em evidencia.
São elas que me definem
Nos pequenos feitos e grandes atos
De existência errante.
Através delas,
Levo as ultimas consequências
O pequeno problema humano
Que sou.
Preciso descobrir
O que me esclarece entre os outros

Antes que a morte me resolva.

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

A SUBVERSÃO DOS OBJETOS

Quando o sujeito
se torna predicado
e o predicado sujeito
suprimimos a ilusão do feito.

Todo ato é vazio.
Rasgue suas palavras e pensamentos.
Não se alimente de ilusões.
O  feito se fez
manipulando seu autor.
As coisas nos pensam
enquanto pensamos nas coisas.

domingo, 20 de novembro de 2016

CUIDADO COM SUAS CONVICÇÕES

Convicções dispensam o exercício do bom pensamento e oferecem tranquilidades as consciências fracas que se conservam crédulas e fechadas. Quanto mais universal for uma verdade ou certeza, mas era trará clareza e luz a realidade de quem lhe dá ouvidos. Mas não o fará por qualquer correspondência com os fatos, mas pela ofuscação e autoritarismo de sua pretensão a validade absoluta.
Convicções são as maiores inimigas de uma consciência saudável...

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A SOCIEDADE COMO ESPETRO OPRESSOR

A sociedade  se tornou uma especie de opressão pelo coletivo. Não somos mais parte de um mundo comum e compartilhado, mas escravos de rotinas mecânicas e personas que contrariam nossos impulsos mais elementares. 

Em contra partida perdemos o caro refúgio oitocentista de uma esfera privada destinada a pratica da subjetividade e do tédio. Pelo contrário, já não sabemos em nossas personas os limites entre o  público e o privado e nos tornamos cada vez mais frágeis enquanto indivíduos. 

Ainda não fomos surpreendidos pela  aventura da individuação ... ainda habitamos um mundo sem que ele habite em nós.


domingo, 13 de novembro de 2016

ESTAVAMOS TODOS ERRADOS

Uma avalanche de fatos
soterrou o mundo.
somos todos sobreviventes
gritando sobre as ruinas da História.
Esqueçam definitivamente o futuro.
Precisamos, apenas,
urgentemente reinventar o agora,
respirar o dia
contra o próprio tempo.
todas as respostas anteriores
estavam erradas...

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

PENSO QUE EXISTO OU EXISTO?

Existir...
Existir...
Existir...
Existir...
Existir...
Existir é ser uma coisa entre as coisas através do corpo.
Existir é ter consciência da própria existência como coisa.
Por isso existo na medida em que penso que existo.
Existir é apenas um conceito...
Existo?...
Nunca saberei a resposta.
Pode ser que minha consciência seja tão real como um sonho.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

ENTRE O SER E O DIZER


Tudo que digo não resume o que penso,
Não diz o que sinto ou o que quero.
Toda comunicação é parcial,
Falamos para nos esconder
Na impossibilidade de dizer
Tudo que somos.

Apenas os loucos ousam tentar,
Pois já se perderam de si mesmo
E dos outros.
Apenas os loucos gozam

De algum tipo de sinceridade.

NONSENSE


A existência pelo avesso
Me parece melhor
Do que vestida de ordem.

É melhor correr contra a verdade
Do que andar na companhia de certezas.

Vamos fazer do abismo
Um céu aberto e claro.
Não tenham medo
Do que não tem sentido.


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

ECOS DADAISTAS

Tenho dificuldades hoje em dia com qualquer discurso que aponte para “grandes explicações” da realidade.

Estou farto de cientificismos, filosofia analítica, neo positivismo e outras velhas lorotas iluministas.

Estou entre os irracionalistas,
 Entre os  heréticos que duvidam da verdade, dos fatos e do futuro da humanidade!

Tenho na boca ainda um gole do velho dadaísmo para cuspir contra toda a história da civilização.

Todo o futuro  sonhado de qualquer utópica sociedade feliz será destruído em praça pública!

REFLEXÕES DADAÍSTAS

Há uma dimensão intuitiva em nossa apreensão da realidade. Afinal, a opção por esta ou aquela visão de mundo ou conjunto especifico de opiniões,  não é governada pela simples dedução racional. Talvez sejam as ideias que nos pensem ao contrário  do que supomos em nossa irracionalidade racionalista.

Ideologias e códigos morais servem apenas para mascarar nossa necessidade de certeza e verdade contra o imponderável  da  existência social. Há quem condene ou tema a aposta em uma epistemologia cética que conduza a certo relativismo teórico. Mas já estamos cansados do jogo da Verdade, de uma racionalidade de inspiração iluminista. Pouco esperamos  dos resultados de nossas teses acadêmicas ou ensaios filosóficos. Nada esperamos das soluções metafisicas e dos delírios de um fundamento misterioso da realidade.
Estamos  cheios de todas as respostas,

Fartos da tradição ocidental.

o O PODER DA IMAGINAÇÃO

A fantasia esta longe de ser algo inocente. Nada me parece mais autenticamente humano do que a capacidade e necessidade de imaginar. Todo ato de pensamento, embora orientado racionalmente pela linguagem, é formatado por imagens. Toda percepção humana é uma forma de relação  entre o nosso mundo interior com o mundo  exterior mediado por imagens. Só podemos conceber qualquer coisa em termos humanos na medida em que tornamos um dado familiar ao nosso modo de perceber as coisas. Isso é um ato de imaginação. Mesmo quando não nos damos conta disso e atribuímos todo sentido e significado a inspiração da deusa razão.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

A MORTE DO FUTURO

Aquele futuro que nos esperava
Morreu de tédio.
Foi demais para ele
Sobreviver contra o passado
Esperando para ser agora
Quando o tempo todo
Não passava de um nada.
Ninguém sentirá sua falta.
Quem  pode dizer que o conhecia?
Era apenas aquele futuro
Que nos esperava
E do qual só sabíamos
De ouvir dizer.


CAOS

A realidade era simplesmente caótica,
Quase ilegível.
Todos os fatos não faziam sentido.
Mas eu seguia vivo
Contra todas as minhas incertezas,
Contra o fastio de ser,
Pretender qualquer coisa.
Havia me acostumado ao absurdo.
Não tinha medo de estar errado.
Meu grande problema

Era com as verdades do mundo.

FIM DO MUNDO

O mundo inteiro terminou
Dentro de um sonho.
Todas as soluções chegaram
No fim imediato de tudo.
Não sorri,
Não chorei.
Apenas vivi o alivio dos desesperados.
O mundo inteiro terminou
Dentro de um sonho.

E eu só queria que fosse verdade...