quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ELOGIO AS VONTADES

Cada vontade
Que me anima o corpo
É como um pequeno eu
Em movimento
Dizendo minha mente,
Esta complexa composição
De pluralidades de materiais vontades
Que me escrevem a vida em irracionais exigências
Nas alternâncias de dias e noites...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

CONTRA AS CERTEZAS


CERTEZA ALGUMA ME ESCLARECE A VIDA NO FLUIR DO TEMPO. TENHO APENAS PELA FRENTE O HORIZONTE MAGRO DO DIA QUE ME CONDUZ A NOITE E AO SONO OU AO DESVARIO DE UM DELIRIO SOBRE A DESREALIDADE DAS COISAS NA AVENTURA DE SENSAÇÕES LOUCAS DE EXISTENCIA NUA E EXPLICITA SEM REGRAS OU DIREÇÕES.... 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

SEM ROSTO

Um homem sem rosto
Caiu de uma parede torta.
O chão inteiro se comoveu
Com o sem rosto daquele homem
Que de tão vazio de si mesmo
Podia expressar todas as coisas.
Mas ele não tinha destino,
Propósitos ou ideias
Fora da velha parede.
O chão, então,
Não teve outra escolha:
Abrigou-lhe taciturno
Em um tumulo simples
Para deixa-lo livre
Em seu silêncio profundo.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

BUKOWSKI: ALGUMAS PROVOCATIVAS NOTAS DE UM VELHO SAFADO

“pensamentos bonitos e mulheres bonitas jamais perduram.
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A diferença entre a Arte e a Vida é que a arte é mais suportável.
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Não existe nada tão chato quanto a verdade.
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O indivíduo bém equilibrado é insano.
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Quase todo mundo nasce gênio e é enterrado imbecil.
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Relação sexual é chutar a morte  no cu e cantar ao mesmo tempo.
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Se você não jogar, jamais irá vencer.
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Se você quer saber quem são seus amigos , arranje uma sentença de prisão.
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Um intelectual é um homem que diz uma coisa simples de uma maneira difícil; o artista é um homem que diz uma coisa difícil de uma maneira simples.
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Não existem anjos em trincheiras.”

NOTA CONTRA CULTURAL

O que define a individualidade é o corpo que somos, a materialidade de nossa presença no mundo como imanência, como um complexo “aqui e agora” que se realiza em um fluxo constante de necessidades e atos cujo único e cru propósito é o mero devir da existência.
A busca de um prazer o mais contínuo possível é aquilo que, para além de nossas frágeis auto representações identidárias, justifica cada cotidiano ato de existência para além dos sofisticados  e abstratos edifícios da imaginação humana erigido ao longo de séculos através do processo civilizatório.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

DECLARAÇÃO DE QUASE AMOR

Foi quando já não me cabia nada além de uma porta fechada que você me abriu os braços,   lançando meus eus  aos abismos de seu corpo.
Foi quando nada mais me interessava , que cai definitivamente na doce ilusão de que precisava do seu rosto  para mirar a mim mesmo no espelho da vida.
Que outra coisa, além disso, podemos denominar amor?
Sabemos todos, afinal, o quanto amar é  apenas uma conveniente ilusão que alguns necessitam cultivar para sobreviver as suas próprias fraquezas e limites.

A BOEMIA DE UMA RUA QUALQUER

Perdido no labirinto
Da rua aberta
Em embriagada noite
Escrevi meus  nomes
Nas tortas paredes
De um bar antigo,
Escrevi o grito dos meus silêncios
Em absurda e absoluta
Festa dos sentidos.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

NIETSZCHE : A VONTADE COMO DESARTICULAÇÃO DA VERDADE


“Do papel da consciência. E essencial não nos equivocarmos quanto ao papel da consciência: foi a nossa relação com o mundo exterior que a desenvolveu. A direção, pelo contrário, — quero dizer a guarda e a previdência, em relação ao jogo uniforme das funções corporais — não nos penetra na consciência; tampouco como o armazenamento intelectual que haja para isso uma instância superior, não se pode pôr em dúvida: uma espécie de junta diretora, onde os diferentes apetites principais fazem valer seus votos seu poder. “Prazer”, “desprazer”, são indicações vindas dessa esfera: também oato da vontade, também as idéias. Em resumo: o que se torna consciente encontra-se nas relações de causalidade que nos são inteiramente ocultas. A sucessão de pensamentos, de sentimentos, de idéias na consciência não deixa compreender que essa seqüência é causal: mas é assim na aparência e no grau mais elevado. E sobre essa aparência que fundimos toda nossa representação de espírito, de razão, de lógica, etc. (— tudo isso não existe: são sínteses e unidades simuladas), para projetar em seguida esta representação nas coisas, atrás das coisas!Geralmente se considera a consciência um conjunto sensorial e instância superior no entanto é somente um meio comunicação; ela se desenvolveu nas relações, em consideração aos interesses de relação...“Relação” está entendida aqui igualmente pela influência do mundo exterior e reações que esta influência necessita de nossa parte; de igual maneira para o efeito que fora exercemos. Não é uma condução, mas um órgão condutor .
F Nietzsche. A VONTADE DE POTÊNCIA
A vontade de potência, a desesperada afirmação da vida proposta por Nietszche contra a  modernidade  e toda tradição cultural do Ocidente, talvez seja o ponto mais contemporâneo e controvertido  de sua reflexão filosófica.
Interpretações e polêmicas a parte, sobre o significado de potência em sua obra, é possível dizer, de um modo genérico, que a afirmação da vida é para ele idêntica a afirmação da imanência, levada as ultimas consequências, em uma codificação do real totalmente despida de qualquer fantasia do SER.
A vontade de potência pressupõe assim a desarticulação da verdade como meta do pensamento e da vida, sua substituição pela criatividade compulsiva em um mundo que se desfaz e refaz  no contra movimento da transfiguração de todos os valores, nas codificações imanentes e provisórias do real.
Nietzsche desfere assim um radical ataque contra o “superego/ self cultural ” enquanto instância de articulação do mundo como representação racional  e ordenamento coletivo. Ele Investe contra os “ideais” e “bons valores”  que percebemos equivocadamente como exteriores a experiência de nossa auto consciência, como um dado objetivo .
 Nietzsche, com uma ousadia precoce para um autor oitocentista, elabora assim a primeira grande critica a um “Mundo Verdade” reabilitando os impulsos instintivos, o fisiológico,  como premissa da própria condição filosófica e  humana . O pensamento torna-se assim carne, osso e vontade...


POSTERIDADE

Da negra dor
Saberá o futuro
Quando no vento
Eu me for
Em silêncio...
Passarei
Então
 a existir
Passivo
Em qualquer lágrima
Cuspida pela lembrança
Dos meus pensamentos
Em caleidoscópios vazios...


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

NOTA SOBRE A BREVIDADE DA EXISTÊNCIA HUMANA

Por incontáveis séculos eu não existi....
Por mais alguns incontáveis séculos não existirei...
Entre um e outro momento
simplesmente aconteço
Como um absurdo  acidente do acaso.