quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

PALAVRAS E SIMULACRO

As palavras não esclarecem coisa alguma. Apenas nos tornam mais obscuros simulacros desta grande incerteza que somos.

Pobres daqueles que buscam a verdade em qualquer enunciado, que sucumbem aos encantos de saberes e retóricas. Eles se quer fazem ideia que toda sua sede de verdade apenas conduz ao conforto de simulacros.

ESTAGNAÇÃO



Existem vazios e silêncios
Decorando os corpos expostos
A sol aberto.

Existem desesperos presos
As delírios de verdade que servem a vontades,
A vaidades e ilusões.

A imaginação perdeu-se dos fatos.
Já não há novidades.




O TRÁGICO ACONTECER DA VIDA

A vida embriagada de soluções
Adivinhava futuros,
Afirmava certezas
E vivia de disciplinas.
Tudo parecia funcionar,
Estabelecer o tédio de algumas rotinas.
Mas o mundo era mais vasto do que o imediato das soluções.
A vida tropeçou em suas próprias certezas
E caiu de cabeça em uma pedra de caos.
Morreu de traumatismo intelectual.

A FILOSOFIA DA CEGUEIRA

Ainda ontem eu esquecia o céu e o sol,
Explorava noites e abraçava a escuridão.
Aprendia a andar no escuro,
A pensar corujas,
Indo além do jogo de luz e trevas
Como estratégia tola de consciência das coisas.
Adivinhava renascimentos na gramática das sombras.
Adivinhava a cegueira como um conceito filosófico,
Como uma nova forma de ver.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

COMO VIVEMOS?

Estamos sempre reproduzindo e, as vezes, produzindo um uso das coisas materiais e imateriais em nossas cotidianas práticas de existência, de invenção social da vida, em nome da mera e cotidiana sobrevivência. Isso envolve afetos e representações coletivas que extrapolam racionalidades e pragmatismos. Fazemos, mas pouco sabemos sobre o que fazemos, sobre aquilo que demasiadamente somos, no campo das representações e idealizações de nós mesmos. A ação humana tem algo de mistério, de labirinto. Nunca somos aquele que aparece no espelho no reflexo de nossos atos.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

TEMPOS PÓS FILOSOFICOS


Atualmente todos vivemos em estado de mimica. Nosso comportamento nunca foi tão previsível, nossos pensamentos nunca foram tão vazios de novidades. Todo mundo aprendeu a viver de fotografias postadas nas redes sociais. Mas carecemos de acontecimentos. Sandwiches decoram o café da manhã. Tudo que sabemos são toneladas de informações de duvidoso uso diário. Desinventou-se a filosofia.


A INCERTEZA DE NOSSAS PALAVRAS



Minhas certezas seguem a deriva,
Frequentam o caminho do nada ao nada
Onde as palavras apenas distraem os olhos.

Agora, nada é mais digno de ser dito e repetido
Do que o espanto do grito que nos releva o silêncio.
A dúvida é uma divida com o corpo,
Decorrente da antiga ditadura do espirito.

As palavras não desenham respostas,
Nem encantam verdades,
Apenas repetem ao vazio
Um único imperativo.
Não acredite naquilo que foi escrito.
Tudo é sempre outra coisa.
As palavras  guardam sua própria realidade
E ela não cabe no fato e no ato de nossa existência.


MAU HUMOR


Enervar-se é inspirar-se contra o mundo.
Afinal não há quem de bom senso
Que não seja contrariado pelos fatos,
Pelo Estado, pelo mercado
Ou pela opiniões publica.

O mundo é uma fábrica de revoltados,
Atormentados e estressados.

A existência é serenamente violenta
E todo dia guarda algo de repugnante.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

POEMA NIILISTA

O absurdo do abismo esclarece simulacros,
Nos permite fugir a tentação da verdade,
As racionalização vazias e a retórica dos especialistas.


Nos abrigamos no espanto,
Digerimos o indizível,
Adivinhando a existência como um pesadelo que nos transborda a consciência.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

ROSTO HUMANO


Nada é mais abstrato e enigmático do que um rosto humano,
Esta paisagem de  carne,
Inconstante e fluida,
Que diz mais do que qualquer palavra.

O rosto é o horror,
Um substantivo de irracionalidade viva!




quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

A EXISTÊNCIA COMO DELÍRIO


Sigo afogado na superfície dos fatos,
Aprofundando impasses,
Mergulhado em silêncios afetivos
E emoções transbordantes.

Meu existir é impreciso,
Precário em interrogações constantes
E delírios de consciência.

Tudo é estranhamento,
Uma implosão de vontades desconcertantes.


sábado, 17 de fevereiro de 2018

AS MARGENS DO ABISMO

Gosto da irreverência dadaísta que nos afasta da solenidade das ideias e das letras,
que nos lança ao paradoxo, ao absurdo e ao niilismo que n os faz crianças do caos saudável.
Gosto de caminhar livre  sobre as ruínas da tradição, da cultura e dos avanços da civilização.

Quero reinventar a noite deste dia, a vida danificada e as angustias da imaginação, sem o constrangimentos de qualquer norma ou razão.

De todas as formas, quero dançar  a liberdade e a barbárie as margens do abismo que nos condena  ao futuro.

Não há mais humanidade em nossas estratégias de subjetivação....

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

O JOGO DA EXISTÊNCIA

Seus olhos me dizem quem eu sou.
Mas minha voz revela um outro
Onde existe apenas um vazio humano,
Um vazio que seus olhos
Preenchem de sentido,
Onde os meus olhos também inventam você e o mundo,
No espaço e no tempo de nossa ilusão comum.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

REALIDADE


EU-ESBOÇO



Os dias em que o mundo era simples andam longe.
Esgotei todas as minhas infâncias.
Mas ainda cultivo equívocos e ilusões.
Ainda vivo sem soluções
E guardo as indecisões dos meus jovens anos.
Não levei minha existência a qualquer consequência.
Permaneci um esboço, vivendo do que poderia ser.


OS LIMITES DO EU


O eu precário e incerto que me define é mais efêmero do que o meu corpo. Sou sempre um outro no dizer de mim mesmo, no acontecer dos significados e imaginações. 

Desarticulado e sem rumo, um discurso encontra minha fala quando tudo parece já ter sido dito. Os animais sabem a vida fora da linguagem, são essencialmente idênticos ao próprio corpo, não se inventam signo.