segunda-feira, 27 de abril de 2009

A SEDUÇÃO SEGUNDO JEAN BAUDRILLARD

Na obra de Jean Baudrillard o uso da palavra sedução remete diretamente ao seu significado original: seducere, se-ducere, ou seja, afastar da via. Mas no contexto de sua filosofia, tratar-se ia, em termos contemporâneos, de um desvio do valor saimbólico, da identidade e representação das coisas no jogo das trocas simbólicas definidoras do cânone cultural racionalista.
A sedução é essencialmente deslocamento, desconstrução da relação sujeito/objeto, causa/afeito e a reversibilidade morfologica de nossas fontes e formas de sentido e auto representações. A sedução é um desafio ao carcomido modelo de racionalidade que definiu a modernidade e o mundo da produção.
Desse modo:

“ O crime original é a sedução. E nossas tentativas de positivar o mundo, dar-lhe um sentido unilateral, bem como toda a imensa organização da produção, têm, sem dúvida, a finalidade de eliminar, de abolir esse terreno indiscutivelmente perigoso, maléfico, da sedução.
Pois esse mundo das formas- sedução, desafio, reversibilidade- é o mais poderoso. O outro, o mundo da produção, tem o poder, mas a potência está do lado da sedução. Eu acho que ela não é a primeira em termos de causa e efeito, em termos de sucessão; porém, a um prazo mais ou menos longo, é mais poderosa que todos os sistemas de produção- de riquezas, de sentido, de deleites... E todos os tipos de produção lhe estão, talvez, subordinados”

(Jean Baudrillard. Senhas./ tradução de Maria Helena Kuhner. RJ: Difel, 2001, p. 26-27)

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