sexta-feira, 30 de agosto de 2019

PRIMITIVISMO

Inventaram o progresso para matar a vida. Agora me acusam de primitivismo por minha aversão  ao industrialismo. Mas tudo que produzem é  veneno e muito do que criam é destruição.
Não  esperem que eu acredite nos avanços  da humanidade ou na VIRTUDE de suas técnicas, não esperem que respeite o imperativo moral de sua dantesca ordem mundial. 

DESAFIO

Estranho o cotidiano.
Amo o sonho.


A vida extrapola todas as necessidades,
As agonias que animam a cidade.

Nada  me define.
Sou um grito
No centro do mundo,
O pior inimigo da humanidade.


Ouso exigir contra os fatos
Um gole de felicidade

contra a realidade
que nos é imposta.

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

O QUE QUASE NÃO É



Me interessa o mínimo do mínimo,
O quase imperceptível,
Que quase escapa ao tempo,
Ao fenômeno e a extensão.

Aquilo que é quase silêncio.
Mas mesmo assim é intenso
Como efeito que sabe a pele.

Me interessam as coisas
Que seguem sem nome,
Que não cabem em conceitos,
Mas a gente sabe acontecendo
Feito uma musica dentro da gente.



sexta-feira, 23 de agosto de 2019

A FRAGILIDADE DA CULTURA HUMANA


Recuso a busca metafisica pelo atemporal tanto quanto o positivismo dos fatos históricos. Ambas não passam de precárias invenções da imaginação humana. Artifícios de poder consagrados a debil afirmação de um sentido para nossa existência. Como se a existência necessitasse de qualquer justificativa que transcendesse seu mero e superficial imediatismo.Viver se reduz ao exercício convulso de existir, de ser na finitude criador e criatura de seu próprio mundo de percepções e linguagem.

Não há qualquer proposito nisso que seja diferente da finalidade do cair de uma folha do galho de uma árvore. Qualquer resposta diferente disso é afirmação da arrogância, da prepotência, que nos caracteriza como espécie dotada de um excesso de auto percepção.  Todo o sutuoso edifício das civilizações não passam de aratacas no corpo mudo da diversidade das coisas da natureza.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

O CÉU

O céu sobre o mundo
É vasto e abstrato,
Mas sustenta meus pés no chão.
O céu está em todas as partes,
Sempre inatingível e distante.
O céu é como um grande abismo
Pairando acima de nós.

terça-feira, 20 de agosto de 2019

DIETA ABSURDA


O absurdo é o recheio do cotidiano.
Mas nos acostumamos ao gosto azedo da rotina,
Ao cheiro acre dos fatos clandestinos
Que definem a imundice diária.

A normalidade é tão podre
Que a loucura tornou-se a dieta dos sábios.
A realidade e a ordem inspiram náuseas.
Nos deixa famintos de vida
Oferecendo a morte como o prato do dia.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

SAÚDE E NUDEZ



Gosto de ficar exposto,
Sentir a paisagem no vento
Atravessando meu corpo
desprotegido.

Gosto de ser livre
No estático movimento
Da simples existência
entre as coisas.

A saúde da pele é a nudez.
Nada de roupas!

Amo a natureza!
Gosto de ficar exposto...
ser livre até de mim mesmo,
no saber da superfície das coisas.



A PÓS NATUREZA DO INFORME



Do inorgânico ao vegetal,
Passando pelo animal,
Sigo além  em busca do informe,
Do não vivente que á em mim
nas dobras da existência.
.

O informe é uma presença
Entre matéria e anti matéria.
É o universo que apaga a terra,
Nos reduzindo a movimento
Intra molecular e impreciso.

Há um ponto da existência
Onde não há vida
E tudo é virtual multiverso
Em movimento incerto de sub partículas.

VAZIO EXISTENCIAL



Preenchidos por muitos vazios,
Aprendemos a intuição do infinito,
Embora cada um de nós
Não seja mais do que um instante.

Afinal, há mais realidade em um delírio
Do que no cotidiano
De nossa absurda verdade.

Somos construtores de vazios.
Tudo em nós é aberto e abstrato
Na concretude do corpo.

terça-feira, 13 de agosto de 2019

O TEMPO DO SEM TEMPO

Era um dia perdido,
Uma tarde vazia,
E uma noite triste.

Era o tempo quebrado
No quase nada da vida.
Era um grito,
Um suicídio,
Uma revolta contra a História.

Era a hora de Dionísio,
Da nau dos loucos
E da fúria dos mendigos.
Era o tempo do sem tempo,
Do absurdo  absoluto.

segunda-feira, 12 de agosto de 2019

DIANTE DA NATUREZA




Agora, diante da natureza,
Tudo que é humano
Tornou-se para mim estranho,
Duvidoso e absurdo.

O homem é um animal
Que recusa sua própria pele
E nega o meio que o torna possível.

Ele busca outro mundo,
outra existência,
que seja imagem e semelhança
do desejo que o embriaga.

Não percebe que tudo que há
é natureza,
imanência.



domingo, 11 de agosto de 2019

O DESAFIO DA EXISTÊNCIA

O cotidiano é uma fina camada de ilusão.
Não  é  nele que a existência é  plena.
Ela frequenta subterrâneos,
Imanências obscuras.
A existência é aquilo que escapa a ordem das coisas,
As leis da física,  a justiça e a gramática.
Nossa vida é uma morte.
Fomos educados para negar a existência.
Aprendemos a sobreviver e a desaparecer.
Existir é um ato que permanece futuro.
Não basta nascer para ser.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

A MISÉRIA DO NOSSO PROGRESSO



O deserto cresce onde a razão  amanhece,
Onde vinga o artificio humano

sob a ofuscação pós iluminista.

O planeta sofre o peso do nosso progresso.
O câncer  industrial  apodrece a paisagem
Maculando toda forma de vida.

As cidades ferem a terra e sujam o céu. 
Fedem a esgoto;
Há  lixo em todas as partes. 


Maldita seja a ciência técnica  
E toda a História da humanidade!

Este  deserto que cresce somos todos nós,
Senhores e escravos da razão  e da morte.

O homem é inimigo da vida.
O pior tipo de parasita.

terça-feira, 6 de agosto de 2019

O PENSAMENTO EM VERTIGENS

Expressar o ilegível exige palavras inventadas, falas de vertigem que preencham vazios.

É  quando os conceitos falham e a experiência acorda.

O ilegível é o limite do sentido, é a morte nua dentro do pensamento, que nos obriga a deslocar o limite do compreensível.. aventurar-se pelo domínio do indomesticável  é desafiar convenções, um exercício de experimentação onde o dizer não basta e o fazer é tudo.

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

A IMPORTÂNCIA DA IGNORÂNCIA

A ignorância é  a mãe  da sabedoria, pois nos obriga a um estranhamento permanente de tudo aquilo que aprendemos, que se apresenta como familiar e seguro. 


A ignorância nos liberta da prisão do conhecimento. Ela nos conduz, por simples curiosidade, a descoberta e redescoberta constante da novidade.

Ela nos  permite criar, nos faz sempre buscar um outro modo de saber e pensar contra o comodismo de toda certeza.

Cultivar a ignorância é  não  se contentar com qualquer resposta.

A ignorância nos faz  partir da premissa das impermanências.

sábado, 3 de agosto de 2019

SER EM MOVIMENTO

Nenhuma essência  define a existência.
Conceito algum me obriga a definições.
Sou apenas
Onde existe a liberdade
De vir a ser qualquer outra coisa
Que ainda não  cabe no meu acontecer.

Estou sempre em movimento
Explorando ausências.

Vivo uma busca sem objetos,
Perdido entre percepções e angústias.

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

DESTRUAM A REALIDADE

A realidade não  passa de uma  insanidade discreta contra a qual a loucura se insurge. A normalidade que nos é socialmente exigida todos os dias adoece a vida.

Só  nos resta o grito e o riso contra a ordem estabelecida.
Queimem a verdade em praça  pública.
Rasguem a realidade sob o sol do meio dia.

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

O SENTIDO DO INUMANO

O advento do inumano no homem não é o desastre ou a queda da civilização,  mas sua consequência direta.

A civilização  é o próprio desastre. Ela é  o domínio dos artifícios, da invenção  de uma contra natureza. A civilização  nos aliena de nossa condição  animal. O inumano é  o resultado disso. Ele é  um apelo aberrante a natureza.

DEPOIS DA CHUVA




Depois da chuva
O mundo parece semi novo.
Tudo ganha novos ares,
Revelando urgente qualquer recomeço
Constantemente adiado
Enquanto reinava o sol.

É sempre depois da chuva
Que a natureza parece tentar lavar
Da pele da Terra
A sujeira de nossa civilização.

PÓS CIVILIZAÇÃO



Tenho necessidade de permanecer a margem da vida comum, longe do fluxo semiótico que formata nossas praticas e representações coletivas na invenção do mundo vivido. Resgato, assim, a experimentação crua do existir imediato em hiper sensualismo cego. É como se o mundo se apresenta-se para mim pela primeira vez.

A pedagogia do estranhamento ensina a viver de modo pré humano, já que a infância é uma construção social. O que esta realmente em jogo em minhas estratégias de evasão é a recusa do humano, uma aproximação do caos que sob todas as camadas de sentido ainda define nossa vivência do exterior.

Tudo é muito diferente sob a ótica do estranhamento cognitivo. Mesmo que só nos seja possível simula-lo. Mas é assim que a pós civilização se insinua como vivência imediata, como uma cultura do superficial.