sexta-feira, 28 de setembro de 2018

A MISÉRIA DO HUMANISMO


LAVAGEM CEREBRAL



O dia esta perfeito!
Tudo segue em normalidades.
Há ordem e prosperidades,
Diversão e trabalho.
Apenas os insanos e os delinquentes
Não sabem o quanto.
Eles preferem os vazios,
Os sensualismos das escuridões
Contra o brilho da sociedade.
Mas o dia esta perfeito!
Mesmo que digam o contrário!


QUASE KAFKA



O labirinto das formas perfeitas,
Das normas e certezas,
Aprisionam meus atos,
Prendem meus pensamentos.
Não importa o quanto a loucura me abrace,
O abismo da razão me rouba sempre os pés.
Sou sempre acusado, afastado.
Meu destino é a falha e o erro.
Jamais serei o que esperam de mim.




quinta-feira, 27 de setembro de 2018

A ESSÊNCIA DA MALDADE

Se a maldade realmente existe ela é movida por convicções firmes.
A maldade deve ter algo de absoluto para ser má. Ela não é o oposto do relacional. É isso  que alimenta sua destrutividade, seu poder corrosivo. Toda maldade é um modo de coação.A maldade é antes de tudo um ato radicalmente racional.

A MENTE HUMANA

A mente humana é algo que não existe. Ela acontece através de um corpo e de um cérebro que não lhe percebem se quer como processo químico e físico.

A própria consciência lhe ignora, pois é consciência das coisas e inventora de fatos cognitivos materializados através da linguagem. 

A mente é apenas um efeito etéreo do corpo que nos provoca a ilusão do pensamento.

MOVIMENTO E MUDANÇA


O movimento inventa mudanças e constâncias
E as transformações acontecem através das inercias.
Não controlamos o  mudar das coisas.
Ele nos escapa como ato.

As  mudanças nos acontecem.
Mas é impossível determina-las como um ponto no tempo,
Pois elas dizem  processos múltiplos e diversos.

A mudança é como uma presença que atravessa a realidade.
Ela acontece. Mas não existe.


terça-feira, 25 de setembro de 2018

VONTADES CEGAS



Todos os dias do ano,
Todas as horas de vida,
Nunca serão suficientes...

Tenho urgências impossíveis,
Vontades sem objeto,
Fantasias que queimam
No núcleo dos pensamentos.

Não me reconheço em mim mesmo.
Há outros que me habitam
Como fantasmas de outros tempos
E  senhores de estranhas vontades.

Quem eu sou não cabe no tempo.

domingo, 23 de setembro de 2018

SONHOS


Os sonhos guardam a marca de uma realidade impossível, porém desejada e necessária. Eles expressam contradições e conflitos que nos escapam. Mas é sua imaterialidade, sua falta de bom senso racional, que mais lhe aproximam de uma reflexão espontânea e portadora de outros mundos impossíveis e tão necessários. 

Os sonhos são expressão viva da fantasia que no fundo de nós se agitam contra toda contingência do real.

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

DES SIGNIFICAÇÃO



Existe um ponto incerto onde não mais me reconheço em minha identidade cotidiana, onde a consciência se torna experiência impessoal de mundo mediante um estranhamento do eu, de toda pratica discursiva.

Neste ponto não há mais qualquer identidade entre significante e significado ou entre a singularidade do individuo e senso de pessoalidade. Há apenas um desconforto, uma nadificação, que produz saciedade e melancolia.  Não há mais a vivência de um significado. Tudo me parece vão, improdutivo e sem importância. Não há mais desejo envolvido no ato de dizer, de sofrer o discurso. Tudo parece, então, uma questão de "quase ser"...




BANALIDADE INFORMACIONAL


Tudo se reduz hoje em dia a informação banal,
A circulação massiva de palavras rasas e previsíveis.

Sei que não há ouvidos que não sejam surdos
Para o pouco sentido dos meus ditos,
Para meus afetos e gritos de existência danificada,
De busca impertinente por qualquer coisa louca
Que me arranque do pouco da realidade.

Busco aberrâncias e desvios contra os vazios que me inventam.
Mas mesmo meus ditos mais loucos não passam de informação.
Não há como fugir do banal que converte todo discurso em ruido.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

A ILUSÃO DE NOSSAS CONVICÇÕES

Nossas certezas fundamentam ilusões.
São elas que inventam falsos consensos,
Que produzem a realidade,
Este artifício coletivo através do qual nos enganamos.
A vida e suas multiplicidades,
Em seus fluxos, caos e paradoxos,
Não cabe em nossa precária racionalidade.
Mas vivemos de teleologias,
De discursos e imaginações.
Quase não percebemos a vida.