sexta-feira, 29 de setembro de 2017

BOCA

Teremos  de deixar de acreditar nas palavras?
Desde quando é que as palavras exprimem o contrário daquilo que o órgão que as emite pensa w quer?
O grande segredo é este:
O pensamento faz-se na boca.”

Tritan Tzara


A BOCA

A boca fala a carne,
As vezes grita,
Vomita
E engole o rosto.

A boca pensa o apetite,
Inventa a fome
E fuma significações.

A boca não tem controle.
É convulsa e livre.

Viva a boca,
A vontade de beijar
E o abismo!
Afinal,
A boca não é minha.




quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O ANIMAL

O animal ali,
O animal em mim,
O animal que falta
Ou que ainda
Não é.

O animal que consome
Sua própria substância
Para afirmar o humano
Enquanto lhe escapa
A própria humanidade.

É neste animal incerto,
Quase imperceptível,

Que eu existo. 

terça-feira, 19 de setembro de 2017

ENUNCIADOS

Enunciados não esclarecem a vida.
Apenas inventam fatos abstratos,
Além disso, nos castram
Quando transmutados em normas.
O corpo pensa, inventa o homem.
Não existe maior pensador do que o corpo.
Mas mesmo assim

Ainda vivemos às custas de enunciados.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017


O CAOS E OS LIMITES DO HUMANAO


O acesso à informação nos leva ao sentimento do caos que define a soma de tudo que existe. Afinal, saber tudo seria uma espécie de transe, de infração. A consciência das coisas e sua significação só se torna possível na medida em que também é falsificação. Isso aponta para a impossibilidade de qualquer saber absoluto, pois tal saber, não poderia ser racional, compreensível, mas tão somente devir violento de representações e coisas. Não seria possível sentido e significado. Pois tais categorias são fantasias pragmáticas da cognição humana.


Inventamos a ordem do mundo porque não somos capazes de lidar com o seu absurdo.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017


PERPLEXO

Posso não realizar através dos meus atos
O mais exato daquilo que podia ser.
Não sou perfeito.
Sou perplexo,
Complexo e absurdo.
Viver para mim
Não passa de um grande susto,
Um erro sem correção,
Um problema sem solução.
De tanto pensar quase não existo.