quinta-feira, 28 de abril de 2011

CONTRA AS LUZES DA FÉ E DA RAZÃO

Não deve o homem
buscar a si mesmo
mas penetrar radicalmente
em sua própria sombra.

Pois é nela
que ele profundamente
existe
longe da ofuscação
e da cegueira de toda luz...

Admiro  profundamente
aqueles
que habitam sua própria
e mais intima esscuridão.

ELOGIO À REBELDIA

O devir de uma biografia humana é norteado pelos impasses que a definem em cada momento de reafirmação da vida. São, portanto, nossos limites que sempre impelem a novidade dos cenários e atos de novas rotinas e rostos contra as inércias do acontecer espontâneo do mundo vivido.  
Não se deve por isso subestimar a importância das mais elementares insatisfações e revoltas do espírito, pois é em grande parte da força da rebeldia que dependem nossas possibilidades de futuro.

terça-feira, 26 de abril de 2011

TEMPO PERDIDO...

 Segui no caminho
De um vento sem dó
Somando pedaços
De dias e noites perdidas
Em difuso sentimento de mundo...
Importava-me apenas
O desconhecido e o inóspito
Que dorme no fundo do tempo perdido...

DESPIDA DESPEDIDA

Aperto contra o peito
Esmagado
O tolo acaso
Dos fatos dilacerados
No mínimo infinito
De alguns cacos perdidos de horas...

Enterro neste ato
Quimeras
De mundo vivido
Como táctil e muda realidade...

Pois sei que já neste instante
Não estou mais
Aqui...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

DO EU E DO MUNDO


Tenho vivido
Do discurso dos outros,
Do mecânico dizer cotidiano,
Das descartáveis frases
Perdidas em diálogos frouxos...

Tenho vivido invisível
Acontecendo precário
No social da vida
Como se não me soubesse
Como indivíduo
Além de toda certeza do mundo...

domingo, 24 de abril de 2011

SOBRE O DETERMINISMO

O fim do caminho é a REALIDADE  do próprio caminho que não se sustenta além do corpo de uma certeza que nos ilude a existência...
Nenhum passo possível, em qualquer rumo nos levará onde queremos no destino que nos impõe o irracional da mera soma de circunstâncias diárias...

sábado, 23 de abril de 2011

MORTE E EXISTÊNCIA


Sei que amanhã
Ou depois
Serei apenas um silêncio
Em qualquer pragmatismo
De morte;

Sei que nada mais importará
Ao meu grito de existência
Além do determinismo absoluto
Deste silêncio...

Sei o quanto é pouco
O dizer do agora
Perante essa meta realidade
de mera palavra...

segunda-feira, 18 de abril de 2011

FÉ, CERTEZA E MISÉRIA COGNITIVA



É fato que vivemos  todos do medíocre cultivo de nossas “razões” pessoais, da ilusão de que estamos sempre certos.  Pouco nos importamos com a incontestável evidência de que as razões variam de indivíduo para indivíduo e que a absoluta concórida e harmonia é uma utopia no mínimo idiota.
Afinal,  existem  tantas razões quanto indivíduos e a certeza de cada um pode se transformar na discórdia de todos quando não percebemos os limites de nossas tolas convicções, o quanto o absurdo do mundo começa justamente através do  demônio da fé...

sexta-feira, 15 de abril de 2011

ELOGIO AO ATO DE COMER COM AS MÃOS


Ao integrar a classe dos bípedes o homem é um animal privilegiado, pois não utiliza apenas a boca para sua nutrição, mas depende em grande parte para realizar o ato da pericia  de suas preciosas mãos.
Tal peculiaridade lhe confere uma disposição mais intensa para saboreá-los das quais só tomamos conhecimento quando em inusitadas circunstâncias nos permitimos à dispensa dos talheres e nos rendemos ao uso de nossas mãos para levar a comida cozida ou crua a boca com a mais espontânea e prazerosa rudeza que nos permitem nossos bons e velhos instintos...
Comer com a mão é um prazer hoje quase perdido no ocidente, orgulhoso de sua etiqueta e polidez a mesa, já que alimentar-se coletivamente tornou-se  entre os ocidentais muito mais uma convenção e um rito vazio de sociabilidade do que propriamente a satisfação de uma necessidade elementar.
De minha parte, comer com as mãos  é um hábito mais do que subversivo, é uma redescoberta da alimentação como expressão desnuda do desejo em sua mais perfeita arbitrariedade...
      

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Nota sobre Gaston Bachelard e o devaneio



“é no seu próprio devaneio que a criança encontra as suas fábulas, fábulas que ela não conta a ninguém. Então, a fábula é a própria vida”

Estas aparentemente cândida passagem de A POETICA DO DEVASNEIO de Gaston Bachelard nos lembram que a existência humana é uma invenção diária de significados, de evasões mal feitas que criam o imediato de nossa realidade. Somos todos prisioneiros de nossas, ilusões e sonhos, na exata medida em que nada mais existe além delas...  

segunda-feira, 11 de abril de 2011

CONTRA TODA MATEMATICA DO MUNDO

Todos os meus cálculos
São falhos, meta inexatos,
No que diz respeito
Aos pragmáticos atos
De vida diária.

Francamente,
Prefiro viver do sensual abstrato
Do frágil e impreciso
Cotidiano acontecer
Sem rumo das coisas
Em banal riso
De pueril e breve
Momento vestido
De  irracional alegria...

BREVE NOTA SOBRE INSEGURANÇA

A busca por qualquer sentimento de certeza e segurança parece-nos cada vez mais distante do cotidiano contemporâneo.  Neste, somos cada vez mais desafiados a lidar com a surpresa, com o inesperado e a instabilidade de toda e qualquer  rotina ou vinculo afetivo...
Somos todos os dias desafiados a escrever serenidades com as tintas do caos em nossas ilusória certeza dos outros no sem foco da multidão anônima...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

GOLPE DE ACASO


Em uma esquina qualquer
De mundo,
Vejo a vida passar
Sem sentido ou sentimentos
No movimento de um anônimo riso
Que desaba sobre mim a paisagem em volta
Em um sarcástico e rasgado sorriso
De destilado e franco niilismo
Ou sentimento de mero absurdo...

quarta-feira, 6 de abril de 2011

citando texto sobre blackmetal


Fonte do texto : http://edfranca.blogspot.com/2009/01/black-metal-entenda-o-lado-mais-extremo.html
"Um vórtice sinistro oculto ao homem vulgar, e inevitavelmente próximo ao iniciado." – assim define Magnaninus Sapientis a sua REX INFERNUS, que repudia absolutamente o "rótulo" Black Metal.

Muitos gêneros musicais apresentam uma sutil ligação com o ocultismo. Desde os compositores eruditos, como Paganini, passando pela era moderna, com Raul Seixas e Zé Ramalho (os exemplos a citar são muitos, bastam esses por enquanto). Mas nenhum apresenta uma ligação tão acentuada como o Rock (Led Zepellin, Black Sabbath, Marilyn Manson), a citar sua variação mais extrema: o metal.

Este artigo se propõe a analisar o subgênero do metal mais contraditório e apreciado por boa parte dos apreciadores/as: o Black Metal.

Percorrendo rapidamente uma parte de sua complexa e um tanto confusa origem (entre as décadas de 70 a 80), excetuando-se sua ligação com o lançamento do álbum BLACK METAL do VENOM, naquela época a insatisfação dos apreciadores/as do metal extremo com a produção musical levou a muitos questionamentos quanto a sua identidade. O rock em sua essência tem como objetivo evocar a rebeldia, o abalo em estruturas morais e sociais, o protesto em geral. E sua profundidade está no metal. Para isso, o metal extremo vale-se da arte sinistra e belicosa para expressar-se, e quase todas as produções musicais trabalham sob este parâmetro. Se for preciso, corromper símbolos comumente aceitos.

É exatamente neste "gancho" – corromper símbolos comumente aceitos – que entra o ocultismo.

Os questionamentos quanto à identidade do metal extremo levaram algumas bandas a comporem músicas mais obscuras e agressivas, e a adoção de novos ideais, passando bem longe dos da que a cena "underground" da época praticava.

E o que é o ocultismo, senão a volta do ser para o seu lado obscuro, aquela área do subconsciente onde residem forças ainda não despertas, por medo ou bloqueio impostos pela criação? Tudo se dá em meio a questionamentos, que, que geram novas atitudes. O ato de contestar valores comumente aceitos passa pelos sistemas mais dominadores existentes. E um é bem conhecido: a religião.

Interessante mencionar o
"Divino Marquês" Sade, que tratou em sua obra de exaltar os instintos mais naturais do homem: a libido e a violência, numa época de grande domínio da religião. Também é necessário mencionar Helena Petrovna Blavatsky, uma pioneira na divulgação do ocultismo pelo mundo com a Teosofia, que dispôs conhecimentos até então inacessíveis às pessoas, chocando a base religiosa monoteísta.

As primeiras manifestações do que viria a ser conhecido como Black Metal se deu com os trabalhos musicais de
Venom, Mercyfull Fate e Bathory, que tomaram como base o grande inimigo das religiões monoteístas: Satan. O que poderia ser mais chocante do que exaltar as características deste arquétipo/entidade em detrimento de um sistema dominador baseado nas limitações? Em detrimento de uma doutrina que repreende a elevação do ser humano por seu próprio esforço, "em nome de Deus"?

O Black Metal é, em sua essência, satânico. Não necessariamente ligado à Filosofia proposta pela Church of Satan, fundada por Anton Szandor LaVey, mas especificamente por duas características:

1) A "metáfora" do Lobo;
2) Oposição aos estilos com influências judaico/cristãos

No que diz respeito à "metáfora do lobo", é sua contraposição diante da "mentalidade de rebanho". A violência e crueza de sua sonoridade é um "convite" para uma mudança radical de comportamento – de "servo" para "senhor". "Senhor" de seus problemas, paixões, convicções e opiniões, de inserir-se na realidade compreendida pelo "Self", e não por ditames ordenados por outros (os guiados como rebanho).

Sua oposição aos estilos com noções cristãs (hippies, por exemplo) se deve ao fato destes evocarem conceitos de igualitarismo, justiça, bondade e maldade. O Black Metal, por outro lado, já evoca o individualismo – desafia a pessoa a provar o quão convicto é de tudo o que acredita para si mesma; é o desnudar-se de suas "máscaras" (auto enganação); submeter os inimigos e exterminar as "almas de espírito pobre e assistencialista". E de cuidar de seus interesses, acima do interesse coletivo – claro, não desrespeitando as leis e constituição de seu País.

Boa parte destas características estão presentes na Filosofia do Satanismo Moderno, mas o Black Metal, por possuir um ímpeto infinito de expressão, não se limitaria a uma base específica, pois assim não seria "música", mas sim "hino de louvor". Por isso, possui em sua abordagem o paganismo (seja nórdico, sul-americano, grego, etc.), a crítica (oposição ao sistema religioso, moral e social), menção de fatos históricos, filosóficos, e até mesmo elementos ritualísticos e de ambiente (ambient black metal e atmospheric black metal).

Em outras palavras, o Black Metal, quando coerentemente apreciado, leva ao "despertar" de uma condição de subserviência, se valendo do metal mais cru e pesado. Então, se ele possui essa característica, parece um tanto incoerente dizer que possua uma "Filosofia de Vida". Se apontar de forma direta todas as formas de auto-ilusão, de moral estúpida, então cada um que toma contato com este, despertando o gosto e apreço, produz uma ação independentemente em cada pessoa. Então, não há uma ideologia em comum, mas sim o individualismo.

Conclui-se então que o Black Metal possui uma definição indecifrável pelo individualismo. Satânico, opositor, saudosista dos cultos antigos pagãos, guerreiro, abre um leque de sensações e horror, amado por uns e detestado por outros. Mas sempre de forma crua e profunda.

Longa vida ao Black Metal – Sangue, Honra e Orgulho!