domingo, 4 de outubro de 2015

A VIDA QUE LEVAMOS...

Desde  que passei a ser responsável pelo meu próprio sustento nunca vivi a experiência de um lar, de ter um canto meu para guardar minhas coisas e receber pessoas. Vivia como um errante e tudo que me importava era ter um teto para me cobrir no final do dia e descansar o esqueleto entre quatro paredes que me protegiam do mundo.

Mas eu não tinha um lugar meu neste mundo, não pertencia a ninguém e nem habitava qualquer canto da cidade. Não era do tipo que vivia de identidades e lugares comuns.  Ter quatro paredes como referência era uma questão pragmática. Durante muito tempo dormir em quartos de hotéis baratos.

Eu existia apenas no anonimato das ruas dividido entre os vazios do meu existir banal e as vontades partidas do meu coração. Não era uma boa vida. Mas era a que eu tinha. Através dela podia avaliar a vida dos outros de um ponto de vista privilegiado. Não vivia como a maioria e me dava conta do quanto as convenções do dia a dia eram fúteis. Ninguém era realmente feliz com a vida que levava. Mas isso não era coisa fácil de se admitir.

De minha parte existia  como um nômade existencial a deriva em meio as indeterminações e não lugares da minha condição humana. Estava a margem da sociedade e do cotidiano. De alguma forma muito estranha, não pertencer a coisa alguma, nem mesmo ter uma casa, me colocava em uma posição privilegiada em relação aos meus semelhantes.
 

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