sábado, 10 de outubro de 2015

A HUMANIDADE CONTRA O SAGRADO

“Há pouco perscrutei teus olhos, ó vida! Vi reluzir ouro em teus olhos noturnos e essa voluptuosidade paralisou-me o coração.”
F. NIETZSCHE in ASSIM FALAVA ZARATUSTRA

No mito judaico cristão, é a “vontade de saber” quem constitui o pecado original. No relato de Gêneses, o grande crime é provar do “fruto proibido” do conhecimento do bem e do mal, do jogo das oposições.  Através da serpente Lúcifer compartilha com a humanidade sua queda, também motivada pela  vontade de saber acima de deus.

Clemente de Alexandria e, posteriormente,  Santo Agustinho, são os responsáveis pela interpretação sexualizada do mito. Mas em sua essência  o pecado original  é uma transgressão fundada na vontade de saber.

Nada mais essencial a nossa condição humana do que o conhecimento que nos é recusado nesta formula mitológica através da incondicional lealdade ao sagrado como um metafísico principio de escravidão.

Em poucas palavras, deus só existe onde nossa própria humanidade é questionada. Naturalmente, como Nietzsche, destino minhas palavras apenas aos espíritos livres.


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