quarta-feira, 22 de julho de 2015

QUASE UM CASAL

Todo fim de semana a gente se encontrava naquele motel barato. Era sempre o mesmo ritual. Eu fechava as janelas e as cortinas, apagava todas as luzes, enquanto ela se despia mecanicamente. Depois nos deitávamos no escuro sem trocar uma só palavra.  Não nos enxergávamos, nos despíamos de nossa própria humanidade.
Trepavamos... Ou nossos corpos se realizavam através um do outro na mais franca e despudorada putaria. Era uma foda louca. Mas parecia que não estávamos ali fodendo. Eramos sem rosto um para o outro. Sexo era essencialmente um modo de prostituição, de despersonalização. Não importa o quanto nos sentíssemos cúmplices e comprometidos naquela cama. Não éramos nós. Não éramos pessoas. Apenas dois corpos em alucinada  febre.
Mas na hora isso pouco importava. Não conseguia pensar em merda nenhuma enquanto sua buceta,  untada de desejo, apertava meu pau como nenhuma outra e me fazia gozar antes do tempo passando para minha a língua a responsabilidade de leva-la o orgasmo.
Depois do sexo também não falávamos nada. Nem nos olhávamos. Nos despedíamos friamente e íamos embora. Era assim todo fim de semana.
Aquilo não era exatamente um relacionamento. Mas também não era um encontro casual. Estávamos além de qualquer definição do que pode acontecer de mais intimo entre um homem e uma mulher.
Durante a semana também não nos falávamos. Nada sabíamos da vida um do outro. Tudo que importava era que todos os sábados nos encontrávamos religiosamente no mesmo horário naquele quarto modesto de motel. Era o suficiente. Aquilo era melhor que a rotina idiota de uma vida a dois. Se fossemos um casal não sei se ainda estaríamos juntos.
Se eu gostava dela? Bom.... Não levava em consideração essa porra de gostar. Ninguém gosta para sempre e quando mais se conhece uma pessoa menos interessante ela no parece. O que importa é que estávamos juntos. Trepando exclusivamente um com o outro ao longo de cinco tesudos anos.
Puta que pariu! Quantos casais sabem o que é isso? Eles sabem demais, querem demais, sonham de mais.  Nós não pensávamos em porra nenhuma. Só queríamos trepar e esquecer a merda da vida por algumas horas de prazer vulgar.
Ela gostava de ficar sempre por cima. Costumava me morder, me arranhar e eu tinha sempre que segurar a mão dela em algum momento para evitar uma dedada no cu. Nenhuma mulher  que eu já tive podia ser comparada a ela. Gostava do seu jeito selvagem. Ela sabia colocar um homem em seu devido lugar. Eu fazia quase tudo por aquele corpo.
Mas não. Ela não era bonita. Era até um pouco gordinha. Mas eu  detesto aquela beleza idiota de capas da Play Boy. Gosto de mulheres  cujo corpo foge aos padrões. Sei que elas não são  uma caricatura de Venus. Que não se rendem a vaidade imbecil das mulheres de plástico que adoram elogios, presentes e mais atenção do que aquela que realmente merecem. Não sou deste tipo de homem que se ilude com os falsos atrativos de uma bela bunda. Toda bunda caga. Mulheres bonitas também vão ao banheiro. Mas quem pensa nisso?!!!!!
Não seu imbecil! Eu não sou doido. Você é que não passa de um retardado e um medíocre de merda. Não sabe nada sobre mulheres! Pelo menos não sobre as poucas que realmente valem a pena. Você é como  a maioria e acha que a  bela porcaria do teu pau é o centro do mundo.

Quer saber?! Essa merda desta conversa acaba por aqui! Vai pra puta que te pariu!!!!

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