sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

METACONSCIÊNCIA E VERTIGEM RACIONAL

A consciência que define para mim quem eu sou e me diz o que o mundo é , não passa de uma engenhosa fantasia de nossa condição de animais perdidos entre a natureza e a cultura. Tudo aquilo que para nós existe não passa um ato de linguagem, um artifício. Nossa condição humana é produto de artifícios e, talvez, um dia, considerando o avanço tecnológico, possa finalmente ser ultrapassada por eles.

Não estou certo sobre coisa alguma. Chego a a pensar que não existo se quer em mim mesmo, que há algo de assustadoramente artificial em minha própria fala, gestos e sentimentos. A própria ideia de realidade é para mim um jogo complexo de significantes e significados que não encontram qualquer correspondência exterior a nossa codificação do mundo e, por mais sofisticadas que sejam nossas abstrações, permanecem presa ao crivo de nossa experiência sensível das coisas.
Considero, apesar de seu caráter absurdo, a fantasia do inteiramente outro de nós mesmos, a vertigem do pensamento, como um desafio instigante e revelador sobre a fragilidade de tudo aquilo que nos parece dado e “natural”.


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