Não sei mais o que ainda pode ser
dito de “positivo” sobre esta estranha coisa chamada vida. Ela nunca teve o
menor sentido, nunca nos ofereceu
qualquer certeza quanto ao que somos e nunca soubemos direito o que fazer com
ela. Apenas nos tornamos mais complexos na arte da sobrevivência e vivemos em
sociedade. Não que isso seja uma solução.
A sombra dos meus desejos, me
desfaço no deserto dos meus degredos. Não sou bicho, não sou humano. Ainda não
vivi meu segredo, o melhor de minha consciência de mundo. Não passo de um
esboço, sempre provisório e perecível de mim mesmo.
Aos que tem respostas, aos que
dançam diante do espelho, desejo boa sorte até o abraço desconstrucionista da
morte.
Já não espero companhias. Estou
farto de ter companhias e ver o mundo através dos olhos dos outros. Não serei
ofuscado pelas certezas alheiras.
Deixem-me provar o vento, o
relâmpago e a tempestade contra o conforto de todas as ordens.
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