O impasse entre o eu e o mundo, o
dissolver-se na persona social, ou a desconstrução do próprio eu, é tudo aquilo
que ainda pode nos revelar como indivíduos ...
Vivemos de auto ilusões, de
consensuais mentiras cotidianas e
funcionais.
“... quando nesse momento alguma coisa, atirada de leve, voou bem ao
seu lado e rolou diante dele. Era uma maça; a segunda passou voando logo em
seguida por cima dele. Gregor ficou paralisado de susto; continuar correndo era
inútil, pois o pai tinha decidido bombardeá-lo. Da fruteira em cima do bufê,
ele havia enchido os bolsos de maçãs e, por enquanto, sem mirar direito, as
atirava uma a uma. As pequenas maçãs vermelhas rolavam como que eletrizadas
pelo chão e batiam umas nas outras. Uma maçã atirada sem força raspou as costas
de Gregor, mas escorregou sem causar danos. Uma que logo se seguiu, pelo
contrário, literalmente penetrou nas costas dele. Gregor quis continuar se
arrastando, como se a dor, surpreendente e inacreditável, pudesse passar com a
mudança de lugar; mas ele se sentia como se estivesse pregado no chão e esticou
o corpo numa total confusão de todos os sentidos...”
KAFKA in A METAMORFOSE
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