segunda-feira, 23 de novembro de 2015

A METAMORFOSE DE KAFKA E A IMPLOSÃO DA INDIVIDUALIDADE


O impasse entre o eu e o mundo, o dissolver-se na persona social, ou a desconstrução do próprio eu, é tudo aquilo que ainda pode nos revelar como indivíduos ...
Vivemos de auto ilusões, de consensuais mentiras  cotidianas e funcionais.

“... quando nesse momento alguma coisa, atirada de leve, voou bem ao seu lado e rolou diante dele. Era uma maça; a segunda passou voando logo em seguida por cima dele. Gregor ficou paralisado de susto; continuar correndo era inútil, pois o pai tinha decidido bombardeá-lo. Da fruteira em cima do bufê, ele havia enchido os bolsos de maçãs e, por enquanto, sem mirar direito, as atirava uma a uma. As pequenas maçãs vermelhas rolavam como que eletrizadas pelo chão e batiam umas nas outras. Uma maçã atirada sem força raspou as costas de Gregor, mas escorregou sem causar danos. Uma que logo se seguiu, pelo contrário, literalmente penetrou nas costas dele. Gregor quis continuar se arrastando, como se a dor, surpreendente e inacreditável, pudesse passar com a mudança de lugar; mas ele se sentia como se estivesse pregado no chão e esticou o corpo numa total confusão de todos os sentidos...”


KAFKA in A METAMORFOSE

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