Uma das características mais
marcantes da poesia Beat foi o resgate da palavra falada e cantada, a
valorização do encontro entre o poeta e a plateia através de espetáculos
grupais que traduziam a necessidade de tal poesia transcender a forma livro, a palavra
prisioneira da folha de papel. Livre do livro, os poemas se tornam uma coisa
viva, uma entidade que transcende a própria palavra na mobilização humana em
torno do espetáculo da poesia.
Allen Ginsberg é certamente a
estrela maior de tal fórmula poética. Seu poema
O UIVO ( Howl) é o equivalente da prosa de Kerouac em On the Road. E foi
também ele o responsável pela construção de uma ponte entre a literatura beat dos anos 50 e a contra
cultura dos anos 60 tantos nos Estados Unidos quanto na Europa Ocidental. Ele
esteve presente em marchas de protesto, festivais de musica, etc.
Sua poesia, entretanto, automática
e apocalíptica, guarda em seu ritmo o sabor da improvisação do jazz, os ritmos
da respiração e do próprio corpo em movimento, mais do que a influência dadaísta
e surrealista.
Essencialmente oral a poesia beat
busca resgatar a função social do poeta, sua capacidade de compartilhar
experiências e, em fins dos anos 50 e 60, nos Estados Unidos e Europa, isso
significava mudança e febre juvenil. Representava a generosa aposta na
reinvenção cotidiana da vida no além dos lugares comuns da sociedade
estabelecida e dos comportamentos pré moldados pela tradição e pelo poder.
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