segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

A VIRTUDE DE NADA DIZER


Não esperem sobre o fundo branco desta página qualquer leitura útil. Nem mesmo agradável ou capaz de fazer fugir do tédio, do cansaço ou da incerteza sempre constante de informação e conhecimento.

Não esperem nada destas letras. Se delas pode ser deduzido qualquer objetivo é o de meramente servir contra o tempo. Para os dedos tolos e cegos que digitaram estes breves parágrafos sem brilho, não há nestas linhas ralas outro proposito do que o vazio de um dizer perplexo, efêmero.

Aqui a palavra se lança contra o conhecimento, contra o próprio ato de dizer. Contra a possibilidade de parecer útil ou inteligente.  Ela se reduz a sombra de uma experiência. Uma experiência nua, crua. A experiência de estar aqui e agora entretido com este exercício tolo de tentar comunicar qualquer coisa, de lutar contra a própria necessidade de comunicar, de dizer, de corresponder a expectativas.

No fundo há um silencio oculto nestas palavras, um protesto. E é exatamente aquilo que vale a leitura: a ausência de respostas, de questões e até mesmo de discurso.  

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