Um discurso
portador de algum valor de verdade não necessariamente possui pretensão ao
verdadeiro. Pode muito bem tomar-se como
ficção, como construção de uma perspectiva sobre determinado assunto sem
qualquer pretensão de esgota-lo ou de esclarecer sua “natureza”.
Desta forma, há
algum valor de verdade na ficção. Mas este não se identifica com uma valoração
do verdadeiro no sentido racional ou objetal. O que era evidente a qualquer sofistas
e tão corriqueiro no exercício da arte retórica. Mas o que importa a ficção não
é a astucia do convencimento, é sempre a criação de algo novo, de um dizer
desassossegado, que nos arranca do cotidiano das palavras. A mudança é sempre uma possibilidade de
expressão, uma transgressão da norma, dos comodismos gramaticais.
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