segunda-feira, 21 de setembro de 2015

LÚCIFER COMO HERÓI TRÁGICO


“O inferno — tão exato como um atestado.
O purgatório — falso como toda alusão ao Céu.
O paraíso — mostruário de ficções e de insipidezes...
A trilogia de Dante constitui a mais alta reabilitação do diabo empreendida por
um cristão.”
EMIL CIORAN in SILOGISMOS DA AMARGURA

A mitologia judaico/cristã tem como sua principal premissa não a centralidade do humano no mito da criação, mas sua  redução a apêndice de uma estranha racionalidade megalomaníaca divina.
Afinal, desde  o principio encontra-se o humano  condenado por hereditariedade ( se assim se pode dizer) .  E toda a história da salvação se resume a reaproximação entre a humanidade decaída e a divindade, da qual se distanciou no momento em que lhe foi revelado o conhecimento dos opostos ( bem e mal) e passou a pensar por contra própria. Há neste mito um claro elogio a ignorância  e a servidão que nos faz pensar Lúcifer como um herói trágico e a criação como um grande delírio de uma divindade esquizofrênico.  



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