segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

BAUDELAIRE: O ESTRANGEIRO

Originalmente publicados em 1868 em Paris os Poemas em Prosa de Charles Baudelaire nos oferece um poeta mais maduro e profundo do que a do seu grande e insuperável clássico As Flores do Mal. Trata-se de um verdadeiro mergulho na natureza humana através de uma poética profundamente universal que traduz o  desenraizamento vivido pelo autor em um mundo em que todo o lirismo já não tem mais sentido...
Segue uma pequena amostra:


O ESTRANGEIRO
“A quem mais amas, responde, homem enigmático: a teu pai, tua mãe, tua irmã ou teu irmão?
-Não tenho pai, nem mãe, nem irmã, nem irmão.
-Teus amigos?
-Eis uma palavra cujo sentido, para mim, até hoje permanbece obscuro.
-Tua pátria?
-Ignoro em que latitude está situada.
-A beleza?
-Gostaria de amá-la, deusa imortal.
-O ouro?
-Detesto-o como detestais a Deus.
-Então! A que é que tu amas, excêntrico estrangeiro?
- Amo as nuvens... as nuvens que passam...longe...lá muito longe...as maravilhosas nuvens!”

In Charles Baudelaire. Pequenos poemas em prosa/ tradução de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. 4° ed.rev. RJ: Nova Fronteira, 1980, p. 19

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