quinta-feira, 26 de julho de 2018

OS LIMITES DA CIVILIZAÇÃO



Estranhamentos desde sempre me definem e posso dizer que cultivo algumas animalidades para permanecer sadio. Não é isso, afinal, o que estabelece nossa condição humana? Um afastamento ou recusa de nossa situação natural através dos jogos simbólicos das codificações culturais?

Somos nas instituições de nossa vida coletiva, através de nosso trabalho de produção e reprodução de mundo, de civilização, ao longo das descondinuidades das épocas históricas e sociedades. Viver é para nós um inconclusivo vir a ser. Nada mais natural que isso produza estranhamentos, vertigens. Nunca estamos inteiramente á vontade diante dos artifícios culturais e seus dispositivos de subjetivação.

Tendemos a conceber o mundo e a realidade como uma multiplicidade orgânica, normatizada e inteligível, mas a o que de fato acontece é um fluxo interminável de experiências nos quais estamos contidos e através dos quais pouco somos. É este deslocamento de nossa auto representação como sujeitos que me parece cada vez mais ameaçado diante do simples e imanente acontecer da existência. É nossa fragilidade que nos define, não as ilusões de nossas realizações civilizatórias. Toda História humana não passa de um grande desastre, de um amontoado de ruinas e sofrimentos. Não passamos de animais mutilados.


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