Considero o
conhecimento como uma forma de afeto. Afinal, somos seduzidos por determinados
enunciados em detrimento de outros. E isso varia enormemente de pessoa para
pessoa. Acontece independente de nossa vontade. Não escolhemos no que acreditar.
Não vejo, portanto, qualquer relação direta entre conhecimento e verdade. Pelo menos
não em relação a uma verdade objetiva e inconteste que se apresenta como o
privilégio de poucos iluminados frente às hordas de ignorantes. Ou como algo
sujeito a um convencimento argumentativo e lógico. Considero a verdade um
estado de espírito despertado por um afeto (pensamento) que nos frequenta e
seduz através de um dado discurso. Cada um deve refletir a partir daquele
conhecimento que melhor lhe inspira. O que realmente importa é dizer a
realidade de um modo novo, de uma maneira pela qual ela não nos foi dito até
agora. O que é equivalente a superar o próprio discurso que nos serve de ponto
de partida. É assim que o afeto se
desdobra, torna-se fecundo.
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