Por mais tempo que se viva nunca
se alcança uma consciência complexa de todas as dinâmicas e implicações
concretas da própria existência. Pelo contrário, a longevidade apenas nos traz
o progressivo declínio de nossas capacidades de entendimento e ação.
É em função do corpo e não do eu
que nossas gramáticas de existência se
definem. A experiência, enquanto
conjunto de nossa diversificada percepção da realidade e auto representações,
não se esgota nas imagens de pensamento
e enunciados simbólicos de significação das coisas e fenômenos.
Sendo a experiência restrita a
uma realidade espacialmente percebida e vivida, o que é o mesmo que dizer, limitada,
nunca vamos muito além das fronteiras
daquele pequeno lugar de mundo que habitamos existencialmente.
Somos criaturas extremamente tacanhas.
Uma consciência complexa da existência
não é para nós, enquanto espécie, um objetivo.
A humanidade não evolui em um sentido filosófico ou cultural, apenas nos
adaptamos cada vez mais a nós mesmos modificando a natureza e negando através
dos artifícios da cultura, o animal bizarro que somos. No fundo apenas
perseguimos o fantasma de um ideal humano inalcançável.
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