Poderia definir minha existência
como um desencontro entre meus vários momentos de existência. A criança
que fui
é estranha ao adolescente que me tornei e o adulto que sou lamenta por
ambas. O futuro contrariou todas as expectativas. Não que em algum momento
tivesse sido acometido pela ilusão do sucesso material ou glorias sociais como
uma meta de vida. Simplesmente me desencontrei de mim mesmo, não realizei em
profundidade qualquer objetivo que me possibilitasse me reconhecer em minha
própria existência, seja no plano social ou individual. Acabei me acomodando a
sombra de mim mesmo contemplando as ruínas de meu rosto. O que me define é uma
espécie de silêncio ontológico, de vazio existencial definido por uma persona
social precária.
Não estabeleci grandes vínculos,
não conquistei estabilidade financeira e muito menos me tornei parte de
qualquer lugar de mundo. Não realizei nada de significativo, que proporcionasse
alguma satisfação pessoal. De muitas maneiras, fiquei a meio caminho de todas
as minhas possibilidades.
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