quarta-feira, 8 de abril de 2015

SOPHIA E O AMOR A MASTURBAÇÃO

Era apenas mais um dia como qualquer outro para a jovem Sophia. Penteava naquela manhã diante do espelho do quarto seus cabelos louros e encaracolados , diga-se de passagem,  demasiadamente longos, admirando a delicadeza do teu rosto e a mansidão de seus olhos verdes. Julgava sua beleza seu único trunfo diante do mundo, sua única qualidade. Julgava não ter outra coisa boa além da aparência. Ao mesmo tempo, entretanto, não queria ser julgada por sua beleza, pelo superficial de sua forma esbelta e curvas sensuais. Era terrível saber que suas amigas lhe invejavam e os homens suspiravam apenas por sensualidade de sua bunda . Por isso, quanto mais atenção lhe davam, mais se sentia invisível.
Sophia era apenas uma mulher de trinta anos como tantas outras por ai. Queria casar, ter um bom emprego e não viver mais as custas da mãe que a criara sozinha e com muita dificuldade. Queria, como se diz, “ser alguém na vida”. Nutria apenas os mais fúteis e banais sonhos de ser no mundo.
Mas também possuía certa inquietude e desconforto com as rotinas e limites do mero dia a dia. Era senhora de uma imaginação prodigiosa que escondia dos outros em sua radical timidez. Passava a maior parte do tempo sozinha em seu quarto quando não estava na universidade cursando a faculdade de História e tentando entender como funcionava o mundo e o coração humano ao longo da grande aventura do tempo e espaço.
Na mínima morada do seu quarto ela não era aquela beldade invejada e desejada que os outros  conheciam. Era uma quase criança cheia de sonhos estranhos e desejos incomunicáveis. Estava sempre se masturbando e brincando com seu próprio corpo.
Nada lhe definia melhor a vida do que aquela compulsiva busca do gozo, do que o vicio de sentir-se plena em seu próprio corpo no desregramento dos sentidos e vertigens do pensamento.
Sua buceta ficava molhada com facilidade na maestria das carícias dos seus delicados dedos de fada. Ela sabia se impor prazer com uma  habilidade que só pode ser definida como poesia. Uma poesia  que  nenhum pau ou língua seria capaz de imitar.
Em seus múltiplos orgasmos ela se reinventava como uma sibila. Adivinhava todas as razões do universo, todos os significados da condição humana que lhe pareciam opacas nas aulas de História. Sim. Era como se fosse outra pessoa quando solitariamente atingia o gozo entre as quatro paredes do seu quarto.
Mas durava tão pouco a delicia do seu gozo... Isso a fazia pensar  sobre o limite de todas as coisas humanas. Nenhuma outra experiência lhe parecia mais importante do que o delicioso  delírio erótico e solitário que seu prazer egoísta inventava.
Para Sophia a masturbação preenchia de cores um mundo em preto e branco e sem real sentido. As pessoas para ela não significavam  grande coisa e não ofereciam boas trocas subjetivas. Depois de algumas decepções amorosas, aprendeu que não valia a pena esperar nada dos outros. Nem das amizades. A vida social era feita de fotos em aparelhos de celular para serem compartilhadas na internet. Todo mundo queria vender felicidade, Uma felicidade que não era mais do que uma fantasia para suportar suas frustrações  e angustias mais intimas.
As pessoas eram hipócritas e vaidosas. Não lhe serviam de companhia. O mundo não passava da algazarra de múltiplos silêncios compartilhados no dia a dia em cada palavra e jesto dos artificialismos do cotidiano trato social.
Por isso Sophia estava convencida de que , através da masturbação, havia descoberto a mais profunda verdade da condição humana. Somos todos masturbadores do próprio ego, um bando de coitados querendo que o mundo se dobre as suas vontades e caprichos. Viver era criar o tempo todo estratégias de lasciva sobrevivência na sedução  e instrumentalização dos outros.
Pensava, as vezes em suas  aulas de história. Nas lições sobre o contratualismo e o mito de um pacto social contra um suposto estado de natureza que se encontrava na raiz do caos da modernidade burguesa. Essa ideia ridícula lhe irritava. Para ela era evidente que a sociedade sempre foi apenas um pacto de egoísmos organizados e regulado pela hipocrisia de tradições fudadas no tosco das boas intenções e humanismos. Para ela, o que melhor definia o estado de sociedade era a invenção do crime para garantir a convivência comum.
O mundo era apenas uma merda que ela suportava se embriagando com seu gozo solitário e pleno no absoluto domínio do próprio corpo. Não lhe importava, no mais profundo de si, ser feliz entre os outros. O que a definia  de verdade era a embriagues dos sentidos de sua livre e feliz  boceta molhada. Também gostava de explorar as possibilidades do cu. Não tinha regras no explorar do seu próprio corpo.

Não importava a Sophia a vontade, os sonhos e o desejo dos outros.  Era a plenitude de sua própria vontade ( verdade) que lhe importava acima de qualquer coisa. O sexo deveria ser considerado, segundo ela, a definição perfeita de religião. Pois não existe outro deus além do prazer erótico, do êxtase perfeito da carne em sua contracultural solidão...

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