Já não busco o brilho da boa literatura. Prefiro escrever
como quem sangra e grita contra todo o significado possível das coisas. Minha
matéria prima é a desordem que se esconde no fundo do coração humano.
Escreverei sobre o desespero daqueles que se perderam do
futuro e questionam se de fato existe alguma beleza nas flores, algo que nos
faça de fato achar viável o próprio cotidiano humano.
O mundo é apenas um cemitério de significados. Cabe a
literatura revirar a sucata e reinventar seus antigos usos. Brincar com todas
aquelas boas certezas que a vida parecia
ostentar.
O ato é que não quero escrever para dialogar com o mundo,
mas para escutar seus silêncios em minha existência feita de madrugadas.
Não terá minha pena um pingo de humanismo nem de boas
intenções. Como o Divino Marques de Sade, quero uma letra que se confunda com o
crime e desdiga toda virtude.
Serei daqueles que falam do desespero e dos limites dos seus
semelhantes.
Escreverei com quem contempla uma janela em um leito de
morte....
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